terça-feira, 26 de agosto de 2014

Marina não era responsável pelo jatinho. Mas passou a ser, agora, cúmplice do “ah, o papel sumiu”

26 de agosto de 2014 | 12:56 Autor: Fernando Brito
marinaxale
Hoje, mestre Janio de Freitas diz, em seu artigo na Folha, que Marina não teve, ao que tudo indica,  responsabilidade pessoal no arranjo que deu a Eduardo Campos dois aviões ilegalmente mantidos pela Bandeirantes Companhia de Pneus: “a composição que a comprometeu com a campanha foi muito posterior à inclusão do jato nas atividades de Eduardo Campos e do PSB”.
Janio, além das informações que sustentam essa sua afirmação, tem razão. E, correto como é, aponta a desfaçatez de Aécio Neves em cobrar explicações, quando ele próprio as retardou e deu, de forma, insustentável, ao aeroporto que mandou fazer com dinheiro público para uso privado.
Ontem, este blog disse com todas as letras, ao comentar a declaração de Marina Silva de que precisava do “tempo necessário” para dar “explicações com a devida base legal“:
“há uma resposta simples, que não precisa de tempo algum: “eu não sabia de quem era o avião, Eduardo não me disse” ou “Eduardo me disse que pertencia a fulano”.Pronto, assunto encerrado: a senhora poderia não saber ou ter apenas a informação que o cabeça de chapa lhe deu sobre o avião. Ninguém esperaria que Marina  fosse pedir a nota fiscal a ele antes de embarcar.”
À medida em que não deu respostas simples assim e, pior, não as exigiu dos dirigentes da, agora, sua própria candidatura, passou a uma atitude de cumplicidade com o que há de imoral, além de ilegal, nesta história.
Porque ela, Marina Silva, é beneficiária política de uma tragédia e ela própria uma das artífices da entronização de Eduardo Campos como “mártir” da nova e moralizadora política.
O novo tesoureiro de sua campanha, Márcio França, acaba de debochar do país ao dizer que pode não haver documentos a provar de quem era o jatinho, porque “os papéis estavam no avião”.
França deveria ter amanhecido fora do cargo de homem de confiança do dinheiro de campanha, no mínimo.
Mas  se lê em O Globo  que, de fato, é com isso que se trabalha para dar “a devida base legal” ao que é ilegal:
“Dirigentes do partido dizem que há duas possibilidades para o comitê não ter prestado contas do avião na primeira parcial entregue à Justiça Eleitoral no dia 2: ou Campos teria feito um “acordo de boca” com os empresários que puseram a aeronave à sua disposição ou o contrato com os termos de uso estava dentro do avião no momento do acidente.” 
E encerraram o CNPJ do comitê financeiro, para que mais não haja, como se isso resolvesse a questão moral e, mesmo, a legal.
Ora, à parte a inequívoca responsabilidade solidária  legal – na lei eleitoral e  nas leis financeiras e tributárias – como vice de Eduardo Campos, poder-se-ia alegar, de fato, que politicamente Marina  estava fora do caso do avião.
Mas já não está, porque age – ao menos, até agora – com omissão e cumplicidade com o que já sabe ser a busca de artifícios – e sabe-se lá de que falsificações de documentos – para justificar uma ilegalidade e uma imoralidade.
E o faz em benefício próprio,  para obter vantagem.
E isso, infelizmente, acaba sendo a descrição mais eloquente de caráter de uma pessoa que busca amealhar o voto dos brasileiros apresentando-se como a personificação da ética e apta a dirigir um país de 203 milhões de habitantes.
Ética é para os outros, quando convém. Para si, basta um ar humilde e compungido?

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