Miro: os crimes de FHC
que o PiG (*) abafou
FHC já pediu para esquecer o que ele
escreveu. Mas não dá para esquecer as denúncias de corrupção que
mancharam o seu triste reinado.
O
Conversa Afiada reproduz post de Miro Borges sobre a folha corrida de FHC (e Zezinho 30):
Por Altamiro Borges
No
grande circo armado pela mídia para o “julgamento do século” do chamado
“mensalão do PT”, até o ex-presidente FHC foi ressuscitado. Ontem (6),
na abertura da 32ª Convenção do Atacadista Distribuidor, no Riocentro,
ele reforçou o linchamento midiático exigindo a imediata punição dos
réus. Na maior caradura, ele esbravejou: “Depois que eu ouvi do
procurador-geral da República, houve crime. Crime tem que ser punido…
Tenho confiança de que eles [STF] julgarão com serenidade, mas também
com Justiça”.
FHC já pediu para esquecer o que ele
escreveu. Mas não dá para esquecer as denúncias de corrupção que
mancharam o seu triste reinado. O ex-presidente não tem moral para
exigir punição de qualquer suspeito de irregularidades. Desde que foi
desalojado do Palácio do Planalto, o rejeitado ex-presidente tenta se
travestir de paladino da ética com objetivos meramente políticos e
eleitoreiros. Ela agora explora oportunisticamente o julgamento no STF
para impulsionar e animar as campanhas dos demotucanos às eleições de
outubro.
A lista dos crimes tucanos
Se um dia houver, de
fato, Justiça no país, FHC é que será julgado e punido por seus crimes.
Listo abaixo alguns que merecem rigoroso julgamento da história:
*****
Denúncias
abafadas: Já no início do seu primeiro mandato, em 19 de janeiro de
1995, FHC fincou o marco que mostraria a sua conivência com a corrupção.
Ele extinguiu, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, criada
por Itamar Franco e formada por representantes da sociedade civil, que
visava combater o desvio de recursos públicos. Em 2001, fustigado pela
ameaça de uma CPI da Corrupção, ele criou a Controladoria-Geral da
União, mas este órgão se notabilizou exatamente por abafar denúncias.
Caso
Sivam. Também no início do seu primeiro mandato, surgiram denúncias de
tráfico de influência e corrupção no contrato de execução do Sistema de
Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam). O escândalo derrubou o
brigadeiro Mauro Gandra e serviu para FHC “punir” o embaixador Júlio
César dos Santos com uma promoção. Ele foi nomeado embaixador junto à
FAO, em Roma, “um exílio dourado”. A empresa ESCA, encarregada de
incorporar a tecnologia da estadunidense Raytheon, foi extinta por
fraude comprovada contra a Previdência. Não houve CPI sobre o assunto.
FHC bloqueou.
Pasta Rosa. Em fevereiro de 1996, a
Procuradoria-Geral da República resolveu arquivar definitivamente os
processos da pasta rosa. Era uma alusão à pasta com documentos citando
doações ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da
base de sustentação do governo. Naquele tempo, o procurador-geral,
Geraldo Brindeiro, ficou conhecido pela alcunha de “engavetador-geral da
República”.
Compra de votos. A reeleição de FHC custou caro ao
país. Para mudar a Constituição, houve um pesado esquema para a compra
de voto, conforme inúmeras denúncias feitas à época. Gravações revelaram
que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam
R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Eles foram expulsos do
partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de
vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram
absolvidos pelo plenário da Câmara. Como sempre, FHC resolveu o problema
abafando-o e impedido a constituição de uma CPI.
Vale do Rio
Doce. Apesar da mobilização da sociedade em defesa da CVRD, a empresa
foi vendida num leilão por apenas R$ 3,3 bilhões, enquanto especialistas
estimavam seu preço em ao menos R$ 30 bilhões. Foi um crime de
lesa-pátria, pois a empresa era lucrativa e estratégica para os
interesses nacionais. Ela detinha, além de enormes jazidas, uma
gigantesca infra-estrutura acumulada ao longo de mais de 50 anos, com
navios, portos e ferrovias. Um ano depois da privatização, seus novos
donos anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão. O preço pago pela empresa
equivale hoje ao lucro trimestral da CVRD.
Privatização da
Telebras. O jogo de cartas marcadas da privatização do sistema de
telecomunicações envolveu diretamente o nome de FHC, citado em inúmeras
gravações divulgadas pela imprensa. Vários “grampos” comprovaram o
envolvimento de lobistas com autoridades tucanas. As fitas mostraram que
informações privilegiadas foram repassadas aos “queridinhos” de FHC. O
mais grave foi o preço que as empresas privadas pagaram pelo sistema
Telebrás, cerca de R$ 22 bilhões. O detalhe é que nos dois anos e meio
anteriores à “venda”, o governo investiu na infra-estrutura do setor
mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda, o BNDES ainda financiou metade dos R$
8 bilhões dados como entrada neste meganegócio. Uma verdadeira
rapinagem contra o Brasil e que o governo FHC impediu que fosse
investigada.
Ex-caixa de FHC. A privatização do sistema Telebrás
foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa das
campanhas de FHC e do senador José Serra e ex-diretor do Banco do
Brasil, foi acusado de cobrar R$ 90 milhões para ajudar na montagem do
consórcio Telemar. Grampos do BNDES também flagraram conversas de Luiz
Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara
Resende, então presidente do banco, articulando o apoio da Previ para
beneficiar o consórcio do Opportunity, que tinha como um dos donos o
economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende.
Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para
pressionar o fundo de pensão. Além de “vender” o patrimônio público, o
BNDES destinou cerca de 10 bilhões de reais para socorrer empresas que
assumiram o controle das estatais privatizadas. Em uma das diversas
operações, ele injetou 686,8 milhões de reais na Telemar, assumindo 25%
do controle acionário da empresa.
Juiz Lalau. A escandalosa
construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo levou para o
ralo R$ 169 milhões. O caso surgiu em 1998, mas os nomes dos envolvidos
só apareceram em 2000. A CPI do Judiciário contribuiu para levar à
cadeia o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do TRT, e para
cassar o mandato do senador Luiz Estevão, dois dos principais envolvidos
no caso. Num dos maiores escândalos da era FHC, vários nomes ligados ao
governo surgiram no emaranhado das denúncias. O pior é que FHC, ao ser
questionado por que liberara as verbas para uma obra que o Tribunal de
Contas já alertara que tinha irregularidades, respondeu de forma
irresponsável: “assinei sem ver”.
Farra do Proer. O Programa de
Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer)
demonstrou, já em sua gênese, no final de 1995, como seriam as relações
do governo FHC com o sistema financeiro. Para ele, o custo do programa
ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC,
Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas para economistas
da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões,
incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos
bancos estaduais. Vale lembrar que um dos socorridos foi o Banco
Nacional, da família Magalhães Pinto, a qual tinha como agregado um dos
filhos de FHC.
Desvalorização do real. De forma eleitoreira, FHC
segurou a paridade entre o real e o dólar apenas para assegurar a sua
reeleição em 1998, mesmo às custas da queima de bilhões de dólares das
reservas do país. Comprovou-se o vazamento de informações do Banco
Central. O PT divulgou uma lista com o nome de 24 bancos que lucraram
com a mudança e de outros quatro que registraram movimentação
especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas. Há indícios da
existência de um esquema dentro do BC para a venda de informações
privilegiadas sobre câmbio e juros a determinados bancos ligados à turma
de FHC. No bojo da desvalorização cambial, surgiu o escandaloso caso
dos bancos Marka e FonteCindam, “graciosamente” socorridos pelo Banco
Central com 1,6 bilhão de reais. Houve favorecimento descarado, com
empréstimos em dólar a preços mais baixos do que os praticados pelo
mercado.
Sudam e Sudene. De 1994 a 1999, houve uma orgia de
fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam),
ultrapassando R$ 2 bilhões. Ao invés de desbaratar a corrupção e pôr os
culpados na cadeia, FHC extinguiu o órgão. Já na Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a farra também foi grande, com a
apuração de desvios de R$ 1,4 bilhão. A prática consistia na emissão de
notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos do Fundo de
Investimentos do Nordeste foram aplicados. Como fez com a Sudam, FHC
extinguiu a Sudene, em vez de colocar os culpados na cadeia.
(*) Em nenhuma democracia séria do
mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até
sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que
têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
FONTE PHA