Sob Lula e Dilma, indústria naval brasileira renasce
Setor estava sucateado até o início do século,
quando empregava duas mil pessoas e há 14 anos não entregava navios ao
Sistema Petrobras. No governo Lula, porém, o cenário mudou: a indústria
ressurgiu e tornou o Brasil o terceiro maior do mundo em encomendas de
petroleiros. "Este setor, que estava sucateado, é hoje um dos mais
dinâmicos da economia brasileira", disse o presidente da Transpetro,
Sergio Machado, ao 247. Presidente Dilma participa hoje de cerimônia que
marca a primeira viagem do Zumbi dos Palmares, em Pernambuco, quinta
embarcação do Promef (PAC) entregue ao braço logístico da Petrobras
20 de Maio de 2013 às 10:32
247 – "Hoje estamos aqui provando que os
brasileiros sabem fazer navios". Foi com esta declaração que a
presidente Dilma Rousseff entregou, em novembro de 2011, o navio Celso
Furtado no estaleiro de Mauá, em Niterói (Rio de Janeiro). Não é para
menos. Até o início do século 21, lembrou a presidente, a indústria
naval brasileira vivia um "momento terrível", era um setor "sucateado",
que empregava à época apenas duas mil pessoas.
O cenário, porém, mudou completamente desde o início do governo do
ex-presidente Lula, quando foi criado o Promef (Programa de Modernização
e Expansão da Frota), em 2004, com o objetivo de reativar a indústria
naval brasileira com a adoção de um índice de conteúdo local (65%) e
promover a renovação da frota nacional de petroleiros.
Apenas de empregos diretos e indiretos, são hoje 54 mil, de acordo
com dados da Transpetro, braço logístico da Petrobras para a área de
transportes. As 49 encomendas feitas pelo programa permitiram a abertura
de novos estaleiros e a modernização dos existentes, tornando o Brasil o
terceiro maior em número de encomendas de petroleiros do mundo.
Para se ter uma ideia, antes da iniciativa, que faz parte do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), a indústria naval brasileira ficou
14 anos sem entregar navios ao Sistema Petrobras. "Este setor, que
estava sucateado, é hoje um dos mais dinâmicos da economia brasileira",
disse Sergio Machado, presidente da Transpetro, ao
247.
"Graças à decisão da Transpetro, os estaleiros renasceram, milhares de
trabalhadores foram treinados e o Brasil tem hoje um dos maiores
mercados de navios do mundo", afirmou Machado.
Nesta segunda-feira 20, começa a operar a quinta embarcação do Promef
entregue à Transpetro em um período de 18 meses, o navio petroleiro
Zumbi dos Palmares. A cerimônia, que acontecerá no Estaleiro Atlântico
Sul (EAS), no Porto de Suape, em Ipojuca (Pernambuco), contará novamente
com a presença da presidente Dilma, do governador de Pernambuco,
Eduardo Campos, da presidente da Petrobras, Graça Foster, e do
presidente da Transpetro.
Com 274 metros de comprimento – maior que dois campos oficiais de
futebol –, 51 metros de altura – mais alto que o Cristo Redentor –, e 48
de largura – o equivalente à Avenida Paulista, em São Paulo – o navio
do tipo suezmax (com calado para navegar no Canal de Suez) vai operar no
transporte de petróleo bruto e tem capacidade para 1 milhão de barris,
metade da produção diária brasileira. Foram utilizados, na construção,
mais de 21 toneladas de aço, 860 toneladas de acessórios para o casco,
500 mil litros de tinta e mais de 110 mil metros de cabos elétricos.
Promef
Além das encomendas de 49 embarcações aos estaleiros nacionais, o
programa, que representa um investimento de R$ 10,8 bilhões,
possibilitou ainda a abertura de novos, a modernização dos já existentes
e a viabilização de um novo polo naval, que está sendo erguido em
Pernambuco. Além dos contratos com o Estaleiro Atlântico Sul, o Promef
encomendou oito navios gaseiros ao estaleiro Promar, também no Porto de
Suape.
Com o cumprimento das duas premissas elaboradas na criação do
programa – construir os navios no Brasil e ter um índice de conteúdo
nacional mínimo de 65% - o Promef já vem contribuindo para retirar a
indústria naval da inércia e foca agora no cumprimento da terceira:
atingir competitividade internacional após a curva de aprendizado. Para
isso, a Transpetro criou o Setor de Acompanhamento da Produção (SAP),
cuja função é avaliar os processos produtivos dos estaleiros e sugerir
alternativas para melhorar a produtividade.
Com as encomendas do programa, foram viabilizados três novos
estaleiros no Brasil: EAS e Promar, em Pernambuco, e o Estaleiro Rio
Tietê, em São Paulo. Este último está produzindo comboios hidroviários
para o transporte de etanol pela Hidrovia Tietê-Paraná. A encomenda é
parte do Promef Hidrovia, que tem investimentos de R$ 432 milhões e
prevê a construção de 100 embarcações para transportar 7,6 milhões de
litros de etanol, segundo a Transpetro.
Além do Zumbi dos Palmares e do navio de produtos Celso Furtado, em
2011, a Transpetro já recebeu no âmbito do Promef o João Cândido, um
suesmax construído pelo EAS; o Sérgio Buarque de Holanda, construído
pelo Estaleiro Mauá; e o Rômulo Almeida, com capacidade para transportar
56 milhões de litros de derivados de petróleo. A Transpetro tem uma
frota de 60 navios, além de operar uma rede de mais de 14 mil
quilômetros de dutos e 48 terminais.