segunda-feira, 31 de março de 2014

Alckmin entrega saúde, cultura, esporte e meio ambiente a Organizações Sociais, ampliando privatização do Estado

publicado em 31 de março de 2014 às 17:20

Adriano Diogo,  Carlos Neder e João Paulo Rillo (PT): O projeto das OS do governador Alckmin (PSDB) ampliará a privatização do Estado e das políticas públicas em São Paulo
por Conceição Lemes
O deputado estadual Adriano Diogo (PT), líder da minoria na Assembleia Legislativa paulista, adverte: “Se o PLC 62/2013 for aprovado, vai transformar o Estado de São Paulo numa grande OS”.
PLC 62/2013 é o projeto de lei complementar nº 62, de 2013, que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) enviou à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), em 19 de dezembro, quando a Casa já estava em recesso. Ele altera a lei nº 846, de 4 de junho de 1998, das Organizações Sociais.
“Com o PLC 62/2013, o governo paulista busca salvar o essencial para o projeto político do PSDB, que é a lei 846/2008, das Organizações Sociais, atacada que foi na Justiça”, atenta o deputado estadual Carlos Neder (PT). “De quebra, aproveitar a atual correlação de forças para ampliar a privatização do Estado e das políticas públicas em São Paulo, com os dividendos já sabidos.”
O PL das OS, como está sendo chamado, permite entregar a organizações sociais a Fundação Casa, o Investe São Paulo e as unidades de conservação ambiental, além dos serviços das secretarias estaduais de Saúde, Portador de Necessidades Especiais, Cultura e Esporte, já geridos por OS.
Tanto que, o presidente da Alesp, deputado estadual Samuel Moreira (PSDB), escolheu a colega Maria Lúcia Amary, para relatar o projeto.
Uma escolha a dedo. A tucana Amary é mesma deputada estadual, que, em 2009, apresentou o projeto da Dupla Porta, que autorizava hospitais públicos do Estado a destinar até 25% dos seus serviços para usuários de planos de saúde e particulares, diminuindo a disponibilidade para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). É o fura-fila do SUS.
Na época, a forte reação dos defensores da reforma sanitária e do SUS obrigou Amary a recuar.
A situação atual é diferente. O PLC 62/2013 tramitou a toda a pressa, podendo ser votado a qualquer momento no plenário da Assembleia.
“Esse projeto amplia a privatização das áreas de saúde, cultura, esporte, atendimento ou promoção dos direitos das pessoas com deficiência, de crianças e adolescentes, conservação do meio ambiente”, denuncia Adriano Diogo. “Alckmin vai entregar todas essas atividades do Estado a organizações sociais, sem o menor critério.”
“A tramitação na Assembleia foi açodada, sem sequer uma audiência pública”, acrescenta. “Como um projeto tão amplo, que envolve cinco secretarias de Estado, foi a plenário sem audiências públicas com essas secretarias?”
TRAMITAÇÃO A TOQUE DE CAIXA, COM ARTIMANHAS NO CAMINHO
Alckmin enviou o PLC 62/203 em regime de urgência constitucional.
A medida é regular.
Está prevista no artigo 26, parágrafo único da Constituição Estadual e no artigo 141, inciso IV, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Ela reduz o prazo de tramitação do projeto para obrigatoriamente 45 dias. Dessa forma, ele vai a plenário mesmo que as comissões não se pronunciem a respeito.
Diminui também para apenas 48 horas o tempo de relatoria em cada comissão. Caso contrário, automaticamente o presidente da Alesp indica relator especial na comissão.
No caso do PLC 62/2013, os prazos para manifestação dos relatores foram exíguos — de apenas 48 horas! — e rigorosamente cumpridos. Recorreu-se ao expediente regimental de indicar relator especial — da base governista, claro — sempre que o relator designado não se manifestou no prazo. Assim, a Constituição Estadual e o Regimento Interno da Assembleia foram respeitados. Confira o andamento.

“Entretanto, nos chamou atenção a tramitação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça e na Comissão de Saúde”, nota o deputado Carlos Neder.
A primeira analisa a constitucionalidade e a legalidade do PLC. Estranhamente não há menção à designação de relator. Houve a opção por relatoria especial, no caso a deputada Maria Lúcia Amary.
Na Comissão de Saúde, a artimanha foi outra.
“O projeto foi encaminhado ao relator numa sexta-feira para que ele não tivesse a mínima condição de analisá-lo e propor a realização de audiência pública, o que seria recomendável dada a complexidade do mesmo e os interesses envolvidos no PLC 62/2013”, observa Neder.
Por que essas artimanhas nas comissões de Constituição e Justiça e Saúde?
Por que a determinação de Alckmin de votá-lo o mais rapidamente possível, sem audiências públicas.
Seriam os gestores das OS possíveis financiadores da campanha de Alckmin e do tucanato?
O fato é o que, ao entregar esses serviços públicos do Estado para terceiros, o PLC 62/2013 garantirá a tucanos e amigos, mesmo que percam as eleições em outubro, continuar indiretamente no controle de fatias do governo paulista.
Para piorar, em 13 de fevereiro, Alckmin enviou à Assembleia Legislativa um aditivo que é um libera geral para as OS.
Para que sejam habilitadas, as OS não precisam ter conselho de administração e diretoria.  Também exclui a participação de membros da comunidade nos conselhos da entidade, o que diminui ainda mais o já precário controle social das OS.
O aditivo de Alckmin é curto e grosso (o negrito abaixo é do próprio governador):
- Inclua-se como artigo 2º o seguinte dispositivo, renumerando-se os demais:
Artigo 2º - Fica acrescido à Lei Complementar nº 846, de 4 de junho de 1998, o artigo 23-A com a seguinte redação:
“Artigo 23-A – Às entidades criadas por lei pelo Estado não se aplica o disposto nas alíneas “c” e “d” do inciso I do artigo 2º desta lei complementar.”
O artigo 2 da lei das OS trata  dos “requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se à qualificação como organização social”.
O inciso 1 do artigo 2 dispõe sobre o que é necessário para comprovar o registro das OS.
Alckmin quer limar estas duas alíneas:
c) previsão expressa de ter a entidade, como órgãos de deliberação superior e de direção, um Conselho de Administração e uma Diretoria, definidos nos termos do Estatuto, assegurado àquele composição e atribuições normativas e de controle básicos previstos nesta lei complementar;
d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral;
Em português claro: deixa livre os “galinheiros” para as raposas agirem à vontade.
Justamente devido aos interesses envolvidos e à complexidade do PLC 62/2013, a bancada do PT na Assembleia Legislativa, encabeçados pelos deputados Adriano Diogo, Carlos Neder e João Paulo Rillo, atual líder do PT na Casa, protocolou na presidência da Casa, solicitação de audiência pública antes da votação.


O requerimento, dirigido ao deputado Samuel Moreira, foi protocolado em 26 de março e publicado no Diário Oficial do Poder Legislativo do dia 28.
O Viomundo perguntou a ele se iria atender a demanda. O presidente da Alesp, via assessoria de imprensa, disse apenas que o requerimento vai ser analisado.
O deputado Carlos Neder é um dos signatários. Médico, ex-secretário da Saúde da cidade de São Paulo na gestão Luiza Erundina e crítico das Organizações Sociais de Saúde (OSs), que são uma verdadeira caixa-preta.
Considerando que um dos focos do PLC 62/2013 é justamente a área de saúde, conversamos um pouco mais com Neder.  
Viomundo – O que o PLC 62/2013 representa para a sociedade?
Carlos Neder – Antes de abordá-lo, é fundamental voltarmos um pouco no tempo para entender melhor o que está em jogo.
Em 2010, para convencer a opinião pública sobre a Dupla Porta o governo do Estado  usou o argumento de que a sua adoção atenderia ao interesse da sociedade na medida em que permitiria ingresso de recursos do setor privado que viabilizariam financeiramente o SUS, em benefício da população carente. Nada mais falacioso!
Na época, mostramos que as OSs têm acesso privilegiado aos fundos públicos e utilizam os recursos do SUS sem a necessidade de realizar licitações e sem a realização de concursos ou processos seletivos para a contratação de pessoal.
É tudo tão cercado de mistério que nem mesmo as próprias Organizações Sociais são escolhidas mediante seleção pública, observando critérios objetivos de escolha. O controle sobre elas é sabidamente frágil ou inexistente.
Mostramos que o projeto da Dupla Porta interessava, sobretudo, ao mercado dos planos privados de saúde que expandiram as suas carteiras de clientes com a melhora da situação econômica do país, sem que houvesse uma expansão correspondente de sua capacidade instalada para tal atendimento.
Daí, porque seria interessante para a saúde suplementar [planos de saúde] poder usar a capacidade instalada na rede hospitalar pública, pretensamente ociosa.
Quatro anos depois, as Organizações Sociais de Saúde continuam vivendo essencialmente à custa dos recursos públicos do SUS, estão fora de controle, seus custos são cada vez mais proibitivos e muito acima do praticado pela rede própria de Secretaria de Estado da Saúde e com menor produtividade, como bem demonstrou estudo do Tribunal de Contas do Estado.
Não bastasse isso, não há transparência em seus gastos. Quanto ganha a direção de cada um dos hospitais entregue às OSs? Existe um padrão de remuneração de dirigentes, de taxas de administração praticadas em cada contrato de gestão e na remuneração do pessoal quando se comparam essas OSs entre si? Por que assumem responsabilidades crescentes na atenção básica, secundária e terciária em governos sob comando de diferentes partidos políticos, especialmente do PSDB?
Viomundo – Diante desse quadro, o que acontecerá à saúde se o PLC 62 for aprovado?
Carlos Neder – Em 2010, o projeto da Dupla Porta foi aprovado na Assembleia Legislativa. Porém, o promotor Arthur Pinto Filho, do Ministério Público Estadual,  ingressou com Ação Civil Pública contra a medida, a pedido de entidades e movimentos da área de saúde. Em 2012, o Judiciário nos deu ganho de causa e Alckmin teve de recuar momentaneamente em relação à proposta de privatização dos leitos do SUS.
Porém, preocupado com a possibilidade de resultados eleitorais desfavoráveis em 2014, o governo Alckmin tenta aproveitar a maioria governista que hoje o apoia na Assembleia Legislativa para ampliar as Organizações Sociais na área de saúde e estender a lei à Fundação Casa, às Unidades de Conservação Ambientais e ao Investe São Paulo.
Amplia-se o acesso privilegiado do setor privado aos fundos públicos e criam-se novas oportunidades de negócios não competitivos, ao invés de estimular o surgimento de ambientes democráticos de negócios, que favoreçam a participação de maior número de empresas na relação com o setor público, com ênfase em pequenas e médias empresas.
A concentração dos negócios nas mãos de poucos e sem concorrência faz todo sentido segundo modo de governar tucano, ainda mais em um cenário de disputa eleitoral sem que tenha ocorrido a tão desejada reforma política.
Busca-se com o PLC n.º 62/2013 salvar o essencial para o projeto político do PSDB – que é a Lei n.º 846/2008, das Organizações Sociais, atacada que foi na Justiça - e, de quebra, aproveitar a atual correlação de forças para ampliar a privatização do Estado e das políticas públicas em São Paulo, com os dividendos já sabidos.
Viomundo – Encabeçados pelo deputado Adriano Diogo, o senhor, o deputado João Paulo Rillo, atual líder do PT na Assembleia, e demais membros da bancada protocolaram requerimento dirigido à presidência da Casa, pedindo que o projeto seja discutido em audiência pública. Se isso não acontecer, o que pode ser feito?
Carlos Neder – Nós somos minoria no parlamento estadual. Portanto, a probabilidade de revertemos a situação praticamente não existe. Porém, a imprensa e as redes sociais podem cumprir papel determinante na busca de novas alternativas.
Viomundo – De que forma?
Carlos Neder – Ao alertar os cidadãos sobre os interesses envolvidos neste projeto e exercer uma pressão legítima – de fora para dentro -, podem, ao menos, inibir esse tipo de ofensiva no apagar das luzes do Governo Alckmin.
Assim foi com a tentativa do governo estadual de promover a fusão e consequente extinção de fundações públicas estaduais, como a Fundap, Cepam e Seade, hoje defendidas por intelectuais de renome, lideranças de trabalhadores e deputados que hoje constituem a Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa e das Fundações Públicas do estado de São Paulo.
[Gostou desta denúncia? O Viomundo só é capaz de fazê-la porque sobrevive da contribuição de assinantes. Torne-se um!]
Compare o projeto atual das OS com as leis anteriores. Em vermelho, as principais alterações

Leia também:

Publicado em 31/03/2014

Quem vendeu a Petrobrax ?
FHC e Eros Grau

Eros cavalgou sobre a Constituição e um artigo do Comparato.
Na pág. A11, do Valor, o PiG (*) cheiroso, o Farol de Alexandria concede a 989ª entrevista deste mês de março.

Como se sabe, FHC não existe mais.

Num processo de metamorfose que Kafka e Borges explicam, passou a ser um espécime de zoologia fantástica.

Ele só existe no PiG.

Na entrevista, trata de trivialidades sobre o Golpe de 1964 com a profundidade de um pires de café.

Mas, faz observações tão superficiais quanto reveladoras.

Por exemplo, ele atribui a “crise” da Petrobras à histórica decisão do Presidente Lula, da Dilma, do Haroldo Lima e do Sergio Gabrielli de devolver a Petrobras ao povo.

Foi quando se descobriu o pré-sal e ficou estabelecido o regime de partilha – e, não, o de concessão, que vigorou no Governo sombrio do Príncipe da Privataria.

Segundo ele, a Petrobras, coitadinha, não tem dinheiro para explorar 30% do pré-sal.

Tinha que conceder à Chevron, como sugeriu seu parceiro e aliado de todas as horas, o Padim Pade Cerra, no WikiLeaks.

Adiante, ele entrega a rapadura:

“Quando fizemos a Lei do Petróleo (em 1997, ou seja, quando quebrou o monopólio estatal – PHA) começamos a mexer mais na Petrobras…”

E vai numa lengalenga para demonstrar que “não houve conchavo político para nomear diretores da Petrobras”.

Quá, quá, quá !

E ele manteve lá, na presidência, o representante do PFL, o Joel Rennó…

Foi Fernando Henrique quem quebrou o monopólio estatal.

Não sem antes tomar todas as providências para enfraquecê-la, esvaziá-la de poder e de músculos, para fatiá-la e vender na bacia das almas, como fez com a Vale.

Clique aqui para ler sobre como o Príncipe da Privataria esquartejou a Petrobras.

Porém, não agiu sozinho.

O amigo navegante deve lembrar-se do Ministro Eros Grau, aquele que relatou a vergonhosa decisão do Supremo de anistiar a Lei da Anistia.

Terá sido essa a decisão que inscreveu Grau no Muro da Vergonha que separa o Supremo do cidadão brasileiro ?

Não apenas essa.

O Governador do Paraná, Roberto Requião, a Federação Única dos Petroleiros, a FUP, e o Sindipetro do Paraná entraram no Supremo contra a quebra do monopólio estatal da Petrobras.

Esteve nas mãos de Eros Grau impedir que o crime de FHC se consumasse.

Porém, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.273-9 – Distrito Federal, em 16 de março de 2005, Eros Grau cometeu o segundo erro fatal.

Clique aqui para ler os documentos

(O amigo navegante poderá contemplar – desde que contenha ímpetos imprevisíveis – o voto integral no fim deste post.)

O Conversa Afiada preferiu compartilhar com o amigo navegante a análise impiedosa de quem acompanha os passos de entreguistas como o Farol e o Grau:

1) O voto do Eros foi o voto que consagrou a opinião da maioria, decidindo que a lei do petróleo do FHC era constitucional. O Carlos Ayres era o relator, se manifestou, corretamente, pela inconstitucionalidade. O Marco Aurélio pediu vistas e também fez um voto pela inconstitucionalidade da lei do FHC. O Eros, então, pediu vistas e fez um voto pela constitucionalidade da lei e os demais ministros seguiram o seu voto, decidindo a maioria, equivocadamente, pela constitucionalidade da lei do petróleo de FHC. Por isso, mesmo não sendo o relator da ação, o Eros foi designado relator para o acórdão, por representar a opinião majoritária.

2) Na verdade, o Eros usa um artigo do Comparato sobre monopólio, mas não tinha nada a ver com a questão do petróleo. O Comparato tinha escrito um artigo na Folha defendendo a inconstitucionalidade da lei do FHC e o Ayres Britto citou esse artigo. O Eros, então, usou um artigo do Comparato para dar a entender que o Comparato teria sido incoerente, o que não era verdade. Tanto não era verdade que o próprio Comparato soltou outro artigo na Folha, chamado “resposta a um magistrado”, logo depois do voto do Eros ter sido lido, detonando o que o Eros havia feito e nos dois nunca mais se falaram.

Em tempo: Fábio Konder Comparato, Professor Emérito da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, trabalhou no Supremo, no gabinete de Evandro Lins e Silva.

Com a deputada Luiza Erundina, preparou um projeto de lei para rasgar a Lei da Anistia que envergonha o Supremo – e o Brasil.

E está no Supremo com uma Ação para punir o Congresso por Omissão, porque não regulamenta os artigos da Constituição que tratam da Comunicação.

É preciso dizer mais, amigo navegante, sobre Comparato, Grau e FHC  ?


Paulo Henrique Amorim

domingo, 30 de março de 2014

Guerra emocional de quarta geração: Os mísseis da mídia que criam insegurança, na Venezuela e no Brasil

publicado em 29 de março de 2014 às 11:37

Atrizes cansadas no Brasil e, abaixo, a miss cansada na Venezuela: indignação seletiva mas altamente midiática; as imagens mexem com a emoção e criam associação negativa com os eventos a que se referem.

20 pistas para entender a guerra psicológica contra a Venezuela
No Correo del Orinoco | 21/10/2013 09:02 |
Texto de: Vanessa Davies
Tradução: Jair de Souza
Os psicólogos Olivia Suárez e Fernando Giuliani advertem que estão queredo plantar a incerteza e a angústia e pintar um país que supostamente está caindo aos pedaços, a fim de que as pessoas estejam dispostas a qualquer coisa para recuperar “a ordem”.
Você considera que o país está caindo a pedaços? Acredita que a culpa de todos os males se concentra no chavismo e, especialmente, no governo nacional? Quando você ouve a música que identifica as transmissões conjuntas de rádio e televisão tem vontade de matar alguém? Você está convencido de que todo mundo anda de mau humor porque não aguenta mais “a crise”? Provavelmente, você é vítima da guerra psicológica.
Sobre a guerra psicológica os psicólogos bolivarianos vêm falando. Assim como o presidente Nicolás Maduro, o qual advertiu que o que está por trás disto é a intenção de derrotar o governo constitucional e livrar-se da revolução.
Os psicólogos Ovilia Suárez e Fernando Giuliani, integrantes do coletivo Psicólogos pelo Socialismo, advertem que isto não começou este ano, mas que se agudizou a partir do desaparecimento físico do comandante Hugo Chávez. O alvo do presente, alertam, é o povo bolivariano para criar nele desânimo e desalento, mas sem deixar de lado a população que não acompanha o processo socialista. O “Correo del Orinoco” oferece 20 pistas para entender o que está acontecendo.
1) O que é a guerra psicológica?
“Uma guerra psicológica não é o mesmo que uma guerra militar. Porém, quando dizemos guerra é porque existe um objetivo de ataque a um alvo. É preciso diferenciar isto, de uma vez, do que seria uma confrontação política de alta intensidade”, explica Giuliani. “A guerra tem como elemento exclusivo atacar um alvo, o que, neste caso, são muitas coisas”.
Outro elemento que lhe é característico é que está planificada; ou seja, “são estratégias que têm um objetivo e estão planificadas”; há gente por tras que está desenvolvendo “todo um conjunto de recursos, estudando a situação, mobilizando um conjunto de recursos” no rumo desse objetivo.
O psicólogo acrescenta que esta forma de guerra visa a mente: “O cenário é a mente. E por mente devemos entender muitas coisas: é a mente individual, mas também poderíamos mencionar a mente coletiva, as representações sociais, as atitudes, as relações sociais em todos seus imaginários, as emoções e os pensamentos”.
O analista afirma que há evidências muito claras de guerra psicológica na Venezuela; por exemplo, é evidente que há um manejo planificado do rumor, planificado. “É evidente que há um manejo planificado de um tipo de informação claramente apontando a objetivos muito concretos”
Os meios de comunicação “são instrumentos evidentes disto”, e basta uma revisão das manchetes de jornais e de programas televisivos para constatar “que começam a aparecer padrões”. Todos dizem o mesmo, com um objetivo fundamental: “gerar insegurança psíquica; gerar incerteza, gerar estados de alerta que não correspondem à realidade”. O psicólogo coloca o exemplo da influenza AH1N1: “houve, pelo menos, três semanas nas quais as manchetes dos grandes jornais tratavam permanentemente disso. As rádios falavam disso e a televisão falava disso. O desabastecimento: todos os dias começam a falar do desabastecimento”.
2) Em que se diferencia um fato real da guerra psicológica?
Há características muito concretas, diz Giuliani. Aqueles que pintam um país em ruínas “nunca terminam de decidir, de demonstrar convincentemente o que estão dizendo”. Retoma o exemplo da influenza AH1N1, porque foi apresentada ao país como se tivesse sido uma epidemia terrível, mas pouco se informou sobre as ações do governo para combatê-la.
A mídia enfatiza e destaca o negativo, o pior que possa ocorrer. A dúvida é sempre dirigida ao pior. “E sempre tratam de gerar a sensação de que não se está fazendo nada a respeito e que a coisa ainda vai piorar”. São “meias verdades”, que estão baseadas em coisas “que efetivamente ocorrem”, como a corrupção e a insegurança.

[No Brasil: Rumor na internet: a casa da fazenda do filho do Lula era uma universidade pública!]
3) Qual é o papel do rumor nesta estratégia?
Ovilia Suárez acrescenta que o instrumento perfeito para a difusão destas supostas informações é o rumor. “E o rumor sempre parte de uma ação, de um conto, de uma referência que é real. É real entre aspas; ou seja, parte de uma referência que permite que a gente acredite que é real, seja porque você a vivenciou, ou porque sua vizinha acabou de ver, ou porque seu cunhado estava ali quando aconteceu. Sempre vão contá-la como se algo de sua realidade estivesse presente. Quer dizer, não é que me foi contada por qualquer um; é que ali estava meu amigo, meu tio, meu sobrinho, etc.”
Ao parecer “crível”, qualquer um o retransmite, porque “você parte da boa fé, parte de que algo está acontecendo. O que ocorre com o rumor atualmente? Ocorre que agora estão todos os meios e redes sociais que o retransmitem de forma massiva e imediata”.
Ou seja, “já não se trata de um rumor que o Fernando me disse, senão que através do Twitter foi passado a 2 milhões de pessoas simultaneamente”.
4) O que os meios de comunicação fazem?
Os meios, ressalta Suárez, “são os novos exércitos de sua nova guerra. Ou seja, já não são homens que vão combater corpo a corpo, homem com homem, mulher com mulher; não vão utilizar nem aviões, nem tanques, nem metralhadoras”.
Utilizam os meios de comunicação, as telecomunicações, as redes sociais, como parte de uma planificação. “São grupos que lançam rumores e grupos que criam situações, que reforçam a possibilidade de que seja veraz”, adiciona. “Você sempre vai ver, portanto, em um supermercado, em um banco, no metrô, numa barraquinha, gente que começa a contar-lhe uma história que pode estar fora de contexto, especialmente sobre algo emocional”.
Ambos psicólogos creem que não é fortuito que haja grupos que, em diversas regiões do país, estejam falando sobre os mesmos temas. “Chama a atenção a semelhança dos contos em diferentes cenários”, assim também “como se argumenta, como se começa por uma coisa e se termina no ponto alvo do momento; no caso dos supermercados, ao não encontrar alguma coisa”, assinala Giuliani. Há outros setores que, sem se darem conta, se convertem em cúmplices disso. “E sempre há alguém gravando o que acontece ali, que depois sai no You Tube ou na internet; ou seja, são situações que vão reforçar principalmente a emocionalidade que está sendo disseminada dentro da guerra psicológica”.
O modelo comunicacional com o qual se trabalha é o da incerteza, Suárez afirma. “Quer dizer, lançam uma notícia, e não importa se é verdade ou mentira. Assim como não importa quem a lançou, porque o importante é que nos gere dúvida, e a dúvida está associada ao fato de que você não sabe o que vai acontecer”.
5) O que se procura?
Essa incerteza que eles geram “destampa outras emoções como a angústia, o medo, o pânico, a raiva”, Suárez enumera. São sentimentos negativos “que, por um lado, são mais difíceis de eliminar, de combater, e que, por outro, são de muito maior força que os positivos. Então, ao criar sentimentos negativos de tal intensidade, as pessoas ficam em um momento a ponto de desespero, ou desesperadas”.
Ao levar a população a esse estado, “as pessoas estão dispostas a buscar qualquer coisa que lhes permita sair da situação”, o que as leva à confrontação e a empreender qualquer ação – inclusive violenta – para sair desse “grande caos”.
A psicóloga acrescenta que esse caos tem algo de certo a nível individual, porque “emocionalmente você está desestruturado”, mas na vida social essa desestruturação não é certa.
6) A guerra se acentuou com a morte do comandante Hugo Chávez?
“Totalmente”, responde Giuliani. Não obstante, o especialista se refere à campanha contra o comandante Hugo Chávez, que começou muito antes de que assumisse a primeira magistratura. Uma prova disso é o áudio truncado difundido em 1988, no qual, supostamente, o comandante ameaçava fritar as cabeças dos adecos, que posteriormente se descobriu que era uma montagem.
[Nota do Viomundo: "Adecos" de militantes da AD, o partido que já foi o principal da Venezuela]
O psicólogo identifica a persistência dos grupos de poder em manter “essa desinformação permanente”, e estima que isso “fez o seu trabalho”. Além do mais, alimentou “o temor ancestral que se teve aqui em relação à esquerda toda a vida, aqui e em toda a América Latina”. Os sentimentos que são atiçados “não nos predispõem ao encontro e nem ao diálogo”.
O psicólogo esclarece que é saudável sentir medo, mas alerta que, quando o manipulam de maneira prolongada, há um grande perigo. “Por que são perigosos? Porque são sentimentos e pensamentos que têm um alto conteúdo irracional. Não é porque seja produto de um louco; o que ocorre é que nós temos medos, e os medos não são tão fáceis de identificar. Temos medo de coisas difusas, perante o que o raciciocínio sereno, equilibrado, precisa atuar durante muito tempo para poder se contrapor”, refletiu.
Um dos problemas que ele identifica é que boa parte da população não crê que isto exista, e muito menos que haja gente organizada para preparar essas condições.
7) Quais são os alvos da guerra?
O alvo primordial, neste momento, é o chavismo, alerta Giuliani. “A morte do comandante Chávez abriu para a vanguarda dessa oposição direitista, e também para todos seus grupos aliados, a oportunidade de dividir o chavismo”. O que a guerra psicológica faz contra o chavismo? “Gera insegurança. Insegurança, com relação a quê? Da intencionalidade dos diferentes líderes, sobretudo o presidente Maduro; o sentido da união que tem o projeto chavista, o temor de que, morto Chávez, isto se acabou, porque foi esse o discurso que os opositores sempre faziam”.
Para isso, “estão se apoiando em uma coisa que é verdadeira, que é o forte impacto psicológico e afetivo que ocasionou a morte do comandante” e o luto posterior. A pergunta lógica de como dar continuidade à revolução “abre em você uma vulnerabilidade que faz você pensar em coisas que seguramente não havia pensado antes”.
– Por exemplo?
– A guerra psicológica faz você pensar que isto pode terminar, faz com que você questione se o Maduro poderá dar conta da presidência da República. Por exemplo, pode levar você a se perguntar: “Ele saberá governar como governava meu presidente Chávez? Ele saberá lidar com os problemas que o país tem?”

[No Brasil: Poucos se dão conta de que os escândalos de véspera de eleição são 'produzidos' para aquele momento e alimentam pesquisas que demonstram a influência dos escândalos 'produzidos' no eleitorado]
8) O objetivo é somente o povo chavista?
“O chavismo é o alvo fundamental, mas não é o único. E o que eles querem gerar aí? É a divisão a partir do temor, a partir da insegurança desde um ponto de vista mental. Mas o resto da gente que não apoia o projeto bolivariano continua sendo um alvo importante”, pontualiza Giuliani.
Quanto ao setor que não compartilha da revolução, a estratégia se dirige a tentar juntar as pessoas em torno do mesmo: Fazer-lhes crer que o chavismo “é o que de pior já conteceu no país, que é o mais corrupto, que são ineptos, que é uma gente inescrupulosa e capaz de fazer absolutamente qualquer coisa”.
Tal como ressalta Giuliani, “estão realmente e lamentavelmente convencidos de que efetivamente isto não serve absolutamente para nada”; estes rumores e o discurso persistente sempre apontam “o quão inepto o chavismo é; o inescrupuloso que o chavismo é; o corrupto que o chavismo é. E quando digo chavismo, esta guerra psicológica coloca a questão de tal maneira para que não haja exceções”.
Eles fecham para esses setores a possibilidade de pensar que há gente honesta e capaz no chavismo, e que o governo esteja fazendo algo de bom, expressa o psicólogo. “E como conseguem? Primeiro, pela persistência, porque vêm mantendo esse discurso por 14 anos; e segundo, pelo bombardeio permanente que não lhes dá oportunidade de refletir”.
9) Quais são os setores mais vulneráveis?
Nestes momentos, “os ataques se dirigem a todas as populações, com diferentes tipos de munições e mensagens”, expressa Suárez.
Em relação aos jovens, insistem em que eles não têm futuro, que devem ir embora do país. “Há uma matriz sistemática, que é a da fuga de cérebros para que a juventude sinta que, estude o que estudar, não tem esperança nem futuro na Venezuela”, comenta. Isso não afeta apenas aos jovens, mas também as famílias, porque entram em jogo o desenraizamento e os vínculos emocionais, assim como o temor “de que esses vínculos se rompam”.
Quanto às mulheres, pretendem difundir a ideia de que não podem garantir a alimentação de seu lar, que não são livres para comprar o que querem. “Isso tem a ver com o papel das donas de casa que não conseguem, que não podem se sustentar; que não podem ter a liberdade de fazer o que realmente querem fazer”.
Com os idosos, a estratégia é criar o pânico de que podem morrer, por exemplo, porque não vão ter seus remédios a tempo nos próximos meses.
“Estão manipulando os temores mais importantes de cada um dos setores”, manifesta. “Nos idosos, é o risco de morrer; nos jovens, o risco do futuro; na dona de casa, o de não ter o controle nem a possibilidade de dar, de compartilhar, de pertencer, de agrupar, de ter o que é preciso ter”. A fratura da convivência familiar, em consequência, afeta as crianças.
10) A história sobre a certidão de nascimento do presidente Maduro faz parte disto?
A história sobre a certidão de nascimento do chefe de Estado é um bom exemplo, assinala Giuliani. “Dizem que o presidente é colombiano, mas não têm como demonstrá-lo. O que eles querem gerar com isso? Eles querem gerar a dúvida na população em geral. Se a gente analisar friamente, isso não resiste à menor análise, porque quando o presidente foi inscrever sua candidatura no Conselho Nacional Eleitoral ele teve de levar sua certidão de nascimento. Porém, não há tempo para refletir sobre isso, porque as pessoas recebem essa informação, e o cérebro e os dispositivos sociais têm uma particularidade: tendem a completar a informação que não está completa. Todos fazemos isto”.
O analista recorre ao conto do telefone para exemplificar o que acontece: como, a partir do conto de uma vizinha que supostamente chegou tarde a seu apartamento, chega-se à história da vizinha que estava com outro homem e teve um problema na entrada de sua moradia.
“Como pessoa, eu começo a completar, mas sempre completo na via onde teve sua origem; se o rumor vem com algo negativo, eu o torno cada vez mais negativo. E, logo, acrescenta-se, à natureza do cérebro, uma peculiaridade que os circuitos sociais têm, a qual chamamos ‘pressão à inferência’; você está numa fila e talvez não está com vontade de falar, mas se as pessoas começam a falar, então você fala e também acrescenta; depois, você vai a um batizado e todo mundo começa a falar e dizer que há um problema com o abastecimento e que duas mulheres brigaram por um pacote de farinha de milho”.
O rumor, ele relata, “começa a ter vida própria”, embora careça de fundamentos. Em 14 de abril, ao término das eleições presidenciais, o candidato opositor Henrique Capriles disse que tinha outros números [da apuração], relembra Giuliani. “Mas, nunca mais voltou-se a falar disso, mas o dizer algo assim teve um grande poder, porque foi falado a um povo furioso que, além disso, vinha com a ideia de que o CNE [o TSE venezuelano] não servia”. Pouco importa se Capriles tinha ou não como provar o que disse; ele deixou a ideia correr e nunca a desmentiu.

[No Brasil: O "mas" é uma presença constante nas boas notícias econômicas]
11) Os rumores são submetidos à prova da realidade?
Não. “Nunca esta mídia, estes porta-vozes e esses rumores são submetidos à prova da realidade”, que é a contrastação entre o que se diz e o que ocorre de fato, lamenta Giuliani. Esclarece também que não é apenas uma guerra “muito bem planificada”, senão que “uma franca manipulação e uma mentira gritante”.
“Assim que, é muito fácil se eu disser: ‘eu tenho outros resultados’, como o Capriles fez, sendo que eu realmente não os tenho. No final, ninguém vai me pedir contas disso, e eu já o disse”.
O caldo de cultura vai sendo preparado desde meses e anos antes. “Se você o plantar hoje e começar hoje, ninguém vai acreditar, mas, depois de um ano de preparação sistemática do terreno, as pessoas vão acreditar em qualquer coisa”, afirma Suárez.
12) O que estão tentando criar contra o mandatário nacional?
Os responsáveis pela guerra psicológica “não apenas têm que dividir, ou fazer com que creiam que há divisões internas no chavismo, mas também rebaixar a credibilidade na liderança da revolução” e no próprio processo, analisa Suárez. Por isso, eles tentam apresentar o presidente Maduro como “mentiroso”, para que o povo não acredite no que ele apregoa. “Tudo aquilo que aponta ao que o presidente diz é mentira, eles vão trabalhar isto psicologicamente”. Há estratégias para isso, agrega: por exemplo, talvez não se diga nada sobre a insegurança, mas se o chefe de Estado falar hoje sobre o tema, amanhã “os meios de comunicação resenharão os atos mais violentos, mais horrendos e mais espantosos que a gente possa imaginar”.
Uma coisa é a realidade e outra é a percepção da realidade, argumentam.
– Qual é a percepção neste momento, neste contexto?
– Quando você vai no rumo da percepção da realidade é para criar, justamente, a ilusão do caos; a certeza de que há um caos.
– Qual é a percepção do país neste momento? Caótica?
– Caótica. Ou seja, aqui, agora mesmo – segundo essa percepção – há desabastecimento, há ineficiência, há descontrole. E eles vão estimular tudo aquilo que nos gere o descontrole.
– Há uma destruição planificada da imagem do presidente?
– Claro.
Ela existiu abertamente contra Chávez, descrevem os psicólogos. O líder bolivariano foi submetido à morte moral e usaram sua imagem para todo tipo de manipulação; prova disso é a gravação que circulou há algumas semanas com uma falsificação de sua voz.
Agora, os que estão por trás da guerra psicológica tomam o que o mandatário diz para desqualificá-lo imediatamente. Por exemplo, “se ele cria a Corpomiranda para poder amenizar todos os problemas de Miranda, no dia seguinte haverá uma manchete: ‘Isso vai ser a mesma ineficiência, a mesma burocracia, um meio de corrupção’. É uma reação imediata para que as pessoas assumam que tudo o que o presidente fizer será sempre um fracasso”.
Essa difamação permanente do líder pretende, também, que o povo chavista não se aglutine em torno de sua liderança; é por isso que lhe atribuem tudo de mal.
13) Que papel cumpre o uso de símbolos chavistas por parte do antichavismo?
Um dos objetivos é aumentar a confusão, enfatizam os psicólogos. Querem fazer crer que, perante a suposta incerteza do chavismo, existe a certeza de que a oposição tem algo melhor a oferecer.
Também, com o roubo de alguns símbolos, como o gorro tricolor, “estão querendo roubar, ou querendo apropriar-se de concepções” que uniram as grandes maiorias, como a pátria, a independência, os valores, a cultura. “Quando esses setores começam a apropriar-se ou querem apropriar-se de algumas coisas, voltam a desunir”. Os que dirigem a guerra “jogam muito com o marketing que aponta ao descrédito, à desqualificação dos líderes bolivarianos, e por, outro lado, ao posicionamento das lideranças do antichavismo”.
De acordo com Giuliani, “eles vêm jogando com a apropriação de alguns conceitos do bolivarianismo, do chavismo, do socialismo, da esquerda, para ir apressando e confundindo alguns setores”.
– Setores dentro do chavismo, não?
– Setores dentro do chavismo, setores que são indecisos.
14) Em que se evidencia o caos que tentam incutir na mente das pessoas?
“No tipo de conversa que as pessoas mantêm; nas conversas cotidianas entre as pessoas”, revela Giuliani. “As conversas estão repletas deste tipo de problemas que vão junto com interpretações. Ou seja, as pessoas não apenas dizem: ‘temos problemas de desabastecimento’, e sim ‘temos problemas de desabastecimento porque tal e tal e tal’. Aí se vê isto evidentemente”.
O psicólogo explica que, adicionalmente, isto vai acompanhado de verbalizações irracionais, sem uma análise certeira do que as pessoas realmente vivem. Outro exemplo: “Você vai todos os dias a qualquer lugar e é atendido com carinho, porém, um dia você foi mal atendido por uma pessoa em um desses espaços e a coisa se converte em que ‘todo mundo está angustiado, todo mundo está com raiva’, embora não seja certo”.
Fundamenta-se também na “visão muito parcial que por muito tempo a classe média teve, que vem negando-se sistematicamente a reconhecer que há outros espaços do país e sente que o mundo pode estar muito circunscrito” a seu entorno; nesse entorno não cabem as pessoas que pensam diferente.
Em sua análise, o psicólogo não deixa de lado os preconceitos. “Se você é uma pessoa que sempre pensou que os pobres são indolentes, que os pobres são indisciplinados, que os pobres devem ser arreiados, que os pobres se encantam com qualquer um porque não têm cabeça”, e a matriz de opinião contra a revolução sustenta que Chávez é “um encantador de serpentes”, seguramente você vai acreditar. “Em sua cabeça, em consequência, não cabe o conceito de um povo organizado”.
15) Quais são as armas que a guerra psicológica utiliza?
Giuliani cita um modelo em psicologia social “que tem a ver com a influência social” e que determina “o que você deve fazer para influenciar quando você tem uma opção que não é majoritária”. Ele cita vários elementos: “Você tem que ser insistente e persistente; tem que estar o tempo todo dizendo a mesma coisa; tem que ser conssitente com o que diz e tem que ser resistente frente à prova da realidade; quer dizer, se lhe exigirem que dê provas disso, descaradamente mude de assunto e continue falando. Isso se chama resistência psicológica, ou o que em termos coloquiais alguém definiria como ‘um tipo muito descarado’”.
Qual é o efeito que causa? “Essas três coisas combinadas abrem em você uma brecha de dúvidas” pela qual pode penetrar todo o resto, alerta.
Este modelo não é mau per se. O psicólogo assinala que pode ser usado para mudar a visão da população sobre transplantes de órgãos, por exemplo, a fim de aumentar a doação e ajudar a salvar vidas.

[No Brasil: O mercado é confundido com a opinião pública. "Especialistas" espalham rumores como o do racionamento de energia elétrica sem compromisso com a verdade factual. É a guerra das expectativas!]
16) Em que momento a guerra psicológica se converte em uma guerra física?
R. A vanguarda do antichavismo pretende que seja assim, adverte Fernando Giuliani, que cita o que ocorreu em 11 de abril de 2002 em Ponte Llaguno, com um massacre montado para tentar justificar o golpe de Estado contra o camandante Hugo Chávez, e soma a isso a marcha convocada pelo antichavismo para 17 de abril deste ano ao Conselho Nacional Eleitoral. Essa mobilização, proibida pelo mandatário nacional, podia ter concluído em um enfrentamento de povo contra povo: “O que se procurava aí é que se produzisse uma confrontação”, porém, felizmente, o chefe de Estado impediu que o protesto se efetuasse.
“Basta que haja uma confrontação aqui” para promover a ocupação do país por parte de forças externas, argumenta. Ele recorda o ocorrido no Chile em 1973, quando a direção das Forças Armadas decidiu dar um golpe de Estado contra o governo constitucional para pôr fim ao suposto caos criado pela direita. “No Chile geraram uma necessidade de mudança” que querem repetir na Venezuela, afirmou.
17) Qual é o objetivo final da guerra psicológica?
Difundir na população a “necessidade de mudança”, e que a maioria das pessoas pense que qualquer coisa é melhor do que “a desordem” em que elas supostamente vivem. Daí à derrota do governo nacional seria um passo, segundo creem seus promotores.
Espera-se “voltar a uma normalidade que não é real: é a normalidade dos valores da burguesia, é a normalidade dos valores e a naturalidade do sistema capitalista, ou do imperialismo”, acusa Suárez.
18) A guerra psicológica é infalível?
Não, responde Giuliani. Há muita gente, especialmente no chavismo, que “pouco a pouco vai recuperando uma capacidade de leitura crítica, e isso não deve ser subestimado”, porque a guerra psicológica “não é infalível”.
O psicólogo relembra que entre 2001 e 2002 o povo foi submetido a uma grande pressão por parte destes setores, que incluiu a ressurreição da operação Peter Pan (o ‘regime’ se apropriaria de filhas e filhos e as famílias deveriam levá-los para o exterior). Suárez aponta que em algumas zonas de Caracas chegou-se ao ponto – entre os anos 2002 e 2005 – de guardar óleo fervendo para lançar contra “os chavistas”, assim como gelo pronto no congelador para o mesmo fim. “A crise foi muito forte desde o ponto de vista emocional e o povo resistiu com uma leitura crítica e, claro, tendo muito claro para onde deveria ir”.
Por isso, “se há um povo que deu exemplo ao mundo de resistência frente à guerra psicológica e à mídia é o venezuelano”, reivindica Giuliani, porque quando Chávez nasceu como candidato não teve mídia a seu favor: “Foi submetido à campanha mais louca e feroz que já houve na história de nossas eleições, e ganhou”.

[No Brasil: A direita dissemina mentiras óbvias, como a relação do PT, um partido social democrata, com o 'comunismo', como forma de despertar ódio social]
19) Qual é o antídoto contra a guerra psicológica?
A consciência política do povo creceu muito, asseveram os especialistas. “Houve uma história muito recente e muito próxima, com uns critérios de identificação plena com um líder” que permite pôr em dúvida o que os meios de comunicação e a campanha da direita sustentam.
Entretanto, afirmou Suárez, a vulnerabilidade aumenta quando a população não tem , se é que cabe o termo, as “antenas” preparadas para captar que há algo irregular, como ocorre nas histórias das telenovelas.
“Na novela, eles não vão manejar notícias diretas, senão que símbolos imaginários. Ou seja, se, em todas as novelas ou em todas as séries que nós vemos, o medo começa a ser manejado, a incerteza começa a ser manejada, o desespero, a injustiça, a gente fica com essa emoção” que você sente quando vai a um supermercado e falta leite, descreve.
20) Como as pessoas podem proteger-se da guerra psicológica?
“A ferramenta primordial para as pessoas se protegerem é a organização”, respondem ao uníssono. Isto implica, entre outras ações, “a criação das brigadas antirrumores, que nos permitam constatar a veracidade da informação”, propõem.
O Estado deve garantir informação veraz de maneira sistemática, destacam, porque, do contrário, as mentiras se impõem. Neste sentido, também consideram importante punir aqueles que tenham gerado caos com as supostas “informações”.
Para Giuliani e Suárez, é fundamental que haja “uma altíssima coesão dentro de todo o povo chavista organizado, porque esse é o alvo primordial ao qual estão apontando”. Ambos insistem em que cada um pode continuar com seu pensamento e ideologia, se assim o estimar pertinente, mas remarcam que não por ser de oposição deve-se perder o sentido crítico ante a realidade.
PS do Viomundo: É a guerra de quarta geração, que o Pentágono tem desenvolvido com tanta eficiência. A direita, que controla os meios, tem aplicado isso com destreza. Nos Estados Unidos, Obama era muçulmano e não nasceu nos Estados Unidos — uma falsa polêmica na qual a Fox News mergulhou de cabeça com o objetivo de disseminar os rumores. No Brasil, Lula e Dilma vivem “brigando” na mídia e o filho do ex-presidente é um milionário dono de uma imensa fazenda — identificada posteriormente como a sede da escola de agronomia de Piracicaba. Em 2006, quando eu era repórter da Globo em São Paulo, uma jornalista especializada em economia dizia que o dólar ia disparar para 4 reais. Ela apenas repetia as baboseiras que ouvia no “mercado”. É a guerra das falsas expectativas. O dólar nunca chegou perto dos 4 reais e ela foi promovida a correspondente internacional!
fonte: VIOMUNDO

sábado, 29 de março de 2014



Petrobrás, chegou a hora de usar o blog!
Enviado por Miguel do Rosário on 29/03/2014 – 7:25 pm 2 comentários

O Cafezinho obteve mais documentos inéditos que ajudam a explicar um pouco essa confusão sobre Pasadena.

Antes, um breve comentário político. Permaneço bastante crítico à maneira como a Petrobrás, através de sua presidenta, Graça Foster, vem conduzindo a “crise”. Estendo a culpa à própria presidenta da República. Ambas escolheram a estratégia de sair cortando cabeças à torto e direito, e não estão fazendo nenhuma defesa política da estatal, nem da refinaria de Pasadena. A oposição está fazendo a festa.

A última da Foster foi demitir outro alto executivo da empresa, José Orlando Azevedo, sem oferecer nenhuma explicação. Com isso, a mídia domina a narrativa. Para cúmulo da trapalhada política, o sujeito é primo de Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás.

Ou seja, tá parecendo que a Foster está se aproveitando da crise para fazer um ajuste de contas interno. O blog da Petrobrás continua inerte. Não há informação, então a gente não tem para onde correr senão para a mídia tradicional, que iniciou mais uma campanha de manipulação.

Tenho a impressão que tanto Dilma quanto Foster estão sendo vítimas de seu próprio “tecnicismo”. É tiro no pé em cima de tiro no pé.

A refinaria de Pasadena tem de ser defendida. É coisa nossa. Esse é meu recado como blogueiro político.

Já como blogueiro investigativo, minha função é levantar dados para que as pessoas entendam melhor a conjuntura.

A primeira coisa para entender o imbróglio é partir do início. O que era a refinaria de Pasadena antes de ser comprada pela Astra? Era uma sucata? Estava desativada? Dava lucro? Tinha dívidas?

Como eu ia dizendo, O Cafezinho teve acesso a dois documentos inéditos que nos ajudarão a responder a essas perguntas.

O documento mais recente, de agosto de 2000, é um informe da Golnoy Barge Company, empresa que detinha 14% das ações da refinaria de Pasadena, aos outros sócios minoritários.

O documento fala da preocupação dos sócios pequenos com a gestão de Henry Rosenberg, e seus dois filhos, à frente da refinaria. Eles estavam preocupados com uma operação financeira que Rosenberg tinha iniciado para ampliar sua participação acionária da refinaria e aumentar seu controle sobre ela.

O final da década de 90 tinha sido bem difícil para o negócio de refinaria. Em 1998, a Crown Central (nome antigo da refinaria de Pasadena) havia registrado fortes prejuízos, e ainda enfrentava inúmeros processos trabalhistas.

O segundo documento obtido por Cafezinho é um artigo publicado no Oil Daily, onde se lê que o mercado desconfiava que Henry Rosenberg estava se preparando para vender a companhia. Até aí nada demais, a empresa era dele e ele podia vender quando quisesse. Acontece que ninguém confiava em Rosenberg, nem os sócios pequenos, muito menos os sindicatos.

A matéria informa que a Crown registrou prejuízo de 829,4 milhões de dólares em 1998. Segundo a matéria, parte desse prejuízo se devia ao boicote que os sindicatos vinham fazendo à empresa. Era uma campanha popular. Ninguém queria comprar a gasolina vendida nos postos da Crown. A empresa, por sua vez, atribuía o prejuízo a situação do mercado, e lembrava que todas as empresas estavam amargando prejuízo aquele ano, o que era verdade.

O caso de Pasadena, contudo, era mais grave porque Rosenberg, dono da empresa, enfrentava um grave problema de crédito na praça. E não estava conseguindo renegociá-lo junto aos bancos.

No documento de agosto de 2000, da Golnoy Barge Company, contudo, somos informados que o mercado de refinaria se recuperou vigorosamente a partir do início da nova década. O faturamento líquido (EBITDALL) da Crown nos primeiros seis meses de 2000 totaliza US$ 66,6 milhões. O lucro líquido no primeiro semestre de 2000 atingiu US$ 5,6 milhões, comparado ao prejuízo de US$ 22 milhões no mesmo período de 1999.

Entretanto, os sócios pequenos da refinaria dão duas informações que serão fundamentais para a gente entender o preço pago pela Astra em 2005.

A Crown tinha promissórias junto a seus acionistas pelas quais “qualquer um que quisesse adquirir a Crown Central deveria estar preparado para refinanciar o débito de US$ 125 milhões”.

Isso em 2000! Em 2005, esse débito teria subido para US$ 200 milhões, como eu disse em outro post. A diferença é que essa fonte agora é mais oficial ainda. É um documento dos próprios sócios da Crown.

A outra informação importante é sobre os estoques da Crown. A mídia vem repetindo que a Astra comprou a refinaria por US$ 42,5 milhões. Mentira. A Astra começou a trabalhar junto à Crown em 2004. Pagou suas dívidas, comprou seus estoques, e só então adquiriu as ações da refinaria por US$ 42,5 milhões.

O documento da Golnoy nos dá uma ideia do valor dos estoques da Crown no ano 2000. Os sócios achavam que esses podiam ser US$ 83 milhões maiores do que o informado oficialmente pela empresa. Portanto, o valor dos estoques, no ano 2000, eram um valor X mais US$ 83 milhões. Quanto valiam? US$ 100, 300, 500 milhões? A refinaria tinha capacidade para estocar mais de 6 milhões de barris, portanto o valor desses estoques poderia até ultrapassar US$ 1 bilhão.

Por que Pasadena tinha uma capacidade tão grande de estoque? A resposta é fácil. A volatilidade alucinante das cotações do petróleo e seus derivados, fazem com que seja estratégico, para uma refinaria, ter uma boa capacidade de estoque, para ordenar a oferta e evitar vender em momento inadequado.

Na sexta-feira, o Valor confirmou uma informação que eu já detectei em vários documentos, inclusive no relatório da Astra.

“Conforme o acordo de acionistas, ao qual o Valor teve acesso, o prêmio de 20% valeria tanto para os 50% restantes do ativo refinaria, avaliado em março de 2006 por US$ 378 milhões, como para a trading, que tinha preço de referência inicial de US$ 300 milhões, que era o “capital comprometido” pela Astra no negócio até a assinatura do acordo.“

A Petrobrás não adquiriu somente a refinaria de Pasadena. Ela comprou também a Astra Trading, que era o braço comercial da refinaria montado pela Astra quando a assumiu. Essa trading tinha recebido US$ 300 milhões da Astra. Não está claro se esse valor já embute os estoques. E não se sabe exatamente a dívida herdada pela Astra quando assumiu o controle da refinaria. O que se tem certeza é que havia uma dívida de US$ 125 milhões em 2000 e, segundo a Jefferies, US$ 200 milhões em 2003. Como os americanos nunca pagam uma dívida de uma vez, pois os juros lá são muito baixos e todos apenas rolam seus débitos, indefinidamente, é certo que estes deveriam continuar na casa dos oito dígitos quando houve a compra pela Astra.

Portanto, a Astra quando adquiriu Pasadena, investiu US$ 42,5 milhões pelo controle acionário, assumiu uma dívida milionária, mobilizou US$ 300 milhões, comprou estoques, e ainda fez investimentos de quase US$ 100 milhões para modernizar a refinaria. Os documentos da Astra deixam bem claro que a venda decorreu de um “processo”, cujos detalhes jamais foram revelados.

Não sei se houve, como dizem os paulistas, alguma treta em algum momento do negócio. Talvez. Mas pode haver treta na Abreu Lima, no porto de Suape, no Comperj, em qualquer negócio da Petrobrás em qualquer lugar do mundo. O ser humano, infelizmente, é corrompível por natureza.

O importante a saber aqui é que essa disparidade absurda de valores com que a mídia tenta impressionar o cidadão comum não existe. A refinaria de Pasadena sempre valeu um bocado de dinheiro, sempre esteve operante, e possivelmente se revele com o tempo uma excelente aquisição para a Petrobrás.

Outra coisa que é preciso deixar claro é que as cláusulas Put Option e, sobretudo, a Marlim, existiram porque a Petrobrás também tinha suas prerrogativas. Também haviam cláusulas a favor da Petrobrás: a estatal podia “forçar investimentos”, ou seja, podia fazer o que quisesse dentro da refinaria.

Lembro-me que o ex-presidente Lula, certa vez, ensinou que um bom negócio é o chamado “ganha-ganha”. Um ganha e o outro pensa que ganha. Acho que foi exatamente o que aconteceu aqui. A Astra pensou que fez um bom negócio, mas quem agora possui uma refinaria no coração dos EUA é a Petrobrás!

Esta CPI da Petrobrás pode ser uma oportunidade do governo e da estatal aprimorarem suas estratégias de comunicação. Aliás, o que vemos hoje é resultado do fiasco comunicativo da Petrobrás. Os brasileiros não têm ideia do aumento das reservas brasileiras de Petróleo, e do montante que a estatal tem investido no país.

Na propaganda eleitoral, Eduardo Campos fala em “meia Petrobrás”. Todos falam no declínio do valor de mercado da empresa. Mas o que tem efeito na economia brasileira não é o valor especulativo da Petrobrás nas bolsas, e sim a quantidade real de dinheiro que a empresa tem investido no país, o número de empregos gerados a partir desses valores, sem falar nos impostos. Além disso, a Petrobrás continua dando lucro.

Na última vez que a mídia fez uma campanha contra a Petrobrás, a estatal inovou e criou um blog que fez história, rendeu até mesmo teses de mestrado. Foi um sucesso. E agora o blog está lá, às moscas, sem participar do debate político. Neste sábado, após manchete bombástica do Globo, o blog informa que a “Petrobrás patrocinou o Festival de Curitiba”. Legal que o tenha feito, mas alguém entrará no blog da Petrobrás para saber isso?

Por que a Petrobrás não faz um belo infográfico com dados atualizados sobre seu lucro e faturamento?

Ao invés de ocupar o noticiário com demissões talvez desnecessárias, numa lamentável demonstração de medo, porque não aproveita a visibilidade e expõe suas estratégias, aqui, no Golfo do México, em Pasadena?

Enquanto demonstrar medo, a Petrobrás vai apanhar. Ela só vai virar o jogo quando exibir os dentes. Por que não mostra, por exemplo, que paga seus impostos em dia?

Por que não mostra o Darf?
fonte: ocafezinho
247 - O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli afirmou neste sábado (29) que há um exagero das informações sobre a aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), motivado por questões eleitorais. "Não há dúvida que essa exacerbação das informações é campanha eleitoral. É claramente uma ação da oposição contra a presidente Dilma. Não tenho dúvida que é uma questão política", disse.
Gabrielli defendeu ainda a compra da refinaria de Pasadena como um bom negócio no contesto da época da aquisição, em setembro de 2006. Ele afirmou que atualmente a refinaria tem produção de 100 mil barris por dia, gerando um faturamento de R$ 3,6 bilhões para a petroleira brasileira. "A refinaria dá lucro para a Petrobras", afirmou. Gabrielli classificou como falsa a informação de que a refinaria norte-americana teria custado R$ 1,1 bilhão à Petrobras. "A refinaria saiu, em termos de ativo da refinaria, por 486 milhões de dólares, que correspondem a 4,86 mil dólares por barril. Eu desafio qualquer analista a dizer que este preço está acima do mercado", afirmou.

fonte brasil 247

quinta-feira, 27 de março de 2014

Por dados do Ibope, Dilma não perdeu popularidade. Pesquisa de hoje é mais antiga que a dos 43%. Aliás, estava pronta quando esta foi publicada

27 de março de 2014 | 18:53 Autor: Fernando Brito
ibopeduas
Primeiro, semana passada, o boato de que a pesquisa Ibope traria uma queda – que não houve – da intenção de voto em Dilma Rousseff.
Seis dias depois, uma “outra” pesquisa do Ibope, estranhamente, capta uma súbita mudança de estado de espírito da população e Dilma (que tinha 43% das intenções de voto na tal pesquisa eleitoral) e registra uma perda de sete pontos percentuais em sua aprovação: curiosamente dos mesmos 43% para 37%…
Puxa, como foi rápida a queda, em apenas seis dias, quase um por cento por dia…
É, meus amigos e amigas, é mais suspeito do que isso.
A pesquisa de intenção de voto, divulgada na sexta-feira, foi registrada no TSE no 14 de março, sob o protocolo BR-00031/2014 , com realização das entrevistas entre os dia 13 e 20/03/14.
Já a de popularidade recebeu o protocolo BR-00053, no dia 21 passado, mas quando já se encontrava concluída, com entrevistas entre os dias 14 e 17.
Reparou?
Quinta feira à tarde, dia 20, uma intensa boataria toma conta do mercado de capitais, dizendo que Dilma perderia pontos numa pesquisa Ibope a ser divulgada no Jornal Nacional.
O estranho é que ninguém tinha contratado, isto é , ninguém pagou por essa pesquisa. Em tese, é claro.
A pesquisa é divulgada sem nenhuma novidade.
Mas, naquele momento, o Ibope já tinha outra (outra, mesmo?) pesquisa, terminada três dias antes e certamente já tabulada.
Vamos acreditar que o Ibope fez duas pesquisas diferentes, com a mesma base amostral e 2002 entrevistas exatamente cada uma…
O boato, portanto, não saiu do nada.
No mínimo veio de dentro do Ibope, que tinha nas mãos duas pesquisas totalmente contraditórias.
Uma, “sem dono”, que dizia que Dilma continuava nadando de braçada.
Outra, encomendada pela CNI de Clésio Andrade, um dos senadores signatários da CPI da Petrobras, apontando uma queda de sete pontos em sua popularidade.
Mas a gente acredita em institutos de pesquisas, não é?
O Ibope teve nas mãos duas pesquisas com a mesma base, realizadas praticamente nos mesmos dias, com resultados totalmente diferentes entre si?
Se o PT não fosse um poço de covardia estaria exigindo, como está na lei, os questionários das “duas” pesquisas.
Aliás, nem devia ser ele, mas o Ministério Público Eleitoral, quem deveria exigir explicações públicas do Ibope, diante destes indícios gravíssimos de – vou ser muito suave, para evitar um processo  - inconsistência estatística.
Ainda mais porque muito dinheiro mudou de mãos na quinta-feira e hoje, com a especulação na Bolsa.
Mas não vão fazer: esta é uma nação acoelhada diante das estruturas suspeitíssimas dos institutos de pesquisa.

CNI/Ibope gera desconfianças, mas alerta para o método buscado pelo PIG

A pesquisa CNI/Ibope divulgou hoje pesquisa dizendo que a popularidade da presidenta Dilma Rousseff caiu. Nada assustador, mas também não deve ser negligenciada, porque a pesquisa segue uma metodologia muito sob medida para avaliar a eficiência do bombardeio do PIG (Partido da Imprensa Golpista).


Os números geram muitas desconfianças, e cito só um tópico onde se vê que ou tem erro grosseiro ou maracutaia.

É onde diz que "O descontentamento aumentou mais notadamente com relação às políticas econômicas, refletindo a maior preocupação com relação à inflação e ao desemprego".


Não dá para levar muito a sério falar que aumentou em 10% a desaprovação com o combate ao desemprego, quando a geração de empregos bate recordes. Mesmo que a divulgação da notícia de 261 mil empregos em fevereiro tenha saído praticamente após o fechamento da pesquisa, no mínimo tem algum erro de metodologia na pesquisa.

Mas não se deve desconsiderar que tal pesquisa registrasse uma oscilação para baixo da popularidade geral, pela data em que foi feita.

Os questionários foram aplicados entre os dias 14 (sexta-feira) e 17 (segunda-feira). O noticiário naqueles dias e nos que antecederam era um terrorismo só sobre a conta de luz, dizendo que estava tudo errado e que haveria um grande aumento das tarifas em decorrência do uso maior das termoelétricas. Isso pode ter afetado um pouco.

O noticiário mentia em boa parte da história. Se falasse a verdade, enfatizaria que Dilma havia resolvido essa situação de estiagem anormal com uma solução que merece aplausos, pois planejou tudo com a engenhosidade de fazer um ciclo de fluxo de caixa de dois anos, para não sacrificar o povo. Os custos maiores de agora serão compensados com os custos menores da energia no próximo ano, quando as hidrelétricas antigas, com custos já amortizados, que estão com a concessão vencendo, serão renovadas com o custo do Megawatt mais baixo, compensando em parte o impacto do maior uso das térmicas. As autoridades do Ministério das Minas e Energia explicaram isso, mas o noticiário bombardeou com informações ao contrário.

Na semana também houve a troca de ministros e turbulências com o PMDB da Câmara, liderado pelo deputado Eduardo Cunha. Parte dos cidadãos que não acompanham o noticiário político pode ter pensado que alguma coisa não estaria indo bem.

É curioso analisar as notícias mais lembradas, como são quase todas ligadas à agenda negativa.

O noticiário estava bombando com manifestação na Ucrânia e Venezuela. E "manifestações pelo Brasil" foi um dos assuntos mais lembrados.

Chama atenção que a pesquisa foi na semana do início da campanha de vacinação contra o HPV em meninas de 11 a 13 anos, e só foi lembrado por 3% dos pesquisados, mesmo percentual da notícia "Financiamento para construção do Porto Mariel, em Cuba". Ou a pesquisa foi feita só com leitores da Veja, ou isso mostra o quanto o PIG consegue impor uma agenda negativa absurda e a SECOM tem dificuldades de passar até a agenda positiva de serviço público.

O "Mais Médicos" nem aparece citado, e a pesquisa ainda diz que a avaliação de Dilma piorou mais nos pequenos municípios, pois nos médios e grandes a popularidade continuou estável. Dá para entender?

Outra coisa é a parte "Aprovação do governo por área de atuação". Educação, saúde e até segurança pública aparecem com aumento da desaprovação no governo federal, quando grande parte são problemas municipais e estaduais. Não dá para saber se é erro da pesquisa ou se a percepção da população está sendo errada mesmo, sob influência do noticiário. O que se conclui é que se não tomar cuidado, até a falta de água da SABESP vão dizer que a presidenta é a culpada.

A guerra pela pauta no noticiário, seja econômico, seja político, vem desde o governo Lula. Sabemos que a falta de democratização da mídia é a grande causa de uma visão deturpada da realidade. Mas também não dá para ficar só esperando o que a base governista conservadora não aprova no Congresso.

Ano de eleição é ano de debate o tempo todo (ano que não tem eleição também deveria ser). Todo mundo, todo o governo, todo o PT, todo o PCdoB, e mesmos os conservadores de boa vontade da base governista precisam disputar a agenda positiva do noticiário, desde os pequenos municípios até palmo a palmo no plenário da Câmara e do Senado, como faz a senadora Gleisi Hoffamann (PT-PR).

É preciso que, desde vereadores e militantes mostrem para a população o dinheiro que tem para creche e o prefeito está atrasado na construção, os médicos chegando, as verbas que vem para o município, cobrar do governador a segurança pública, o controle de frequência dos médicos brasileiros que batem o ponto e não cumprem a jornada de trabalho nas unidades de saúde municipais e estaduais, o zelo com a educação e com o dinheiro público no custo das obras, e o impacto positivo no emprego presente e futuro no turismo e na economia do entretenimento causado pela Copa 2014 e Olimpíadas. Foi para isso que estes eventos foram trazidos para o Brasil.

quarta-feira, 26 de março de 2014

247 – A presidente da Petrobras, Graça Foster, assume as rédeas da série de polêmicas envolvendo a estatal e anuncia a abertura de uma comissão de apuração interna. “É muito importante que se saiba que a Petrobras tem um comando. É uma empresa que tem 85 mil funcionários e tem uma presidente. Sou eu. Eu respondo pela Petrobras. E o que precisa ser investigado é investigado. Eu preciso de uma comissão para me sentir respaldada a discutir Pasadena”, disse.
Após um acordo entre parlamentares governistas e de oposição, os requerimentos de convite à presidente da Petrobras e ao ministro de Minas e Energia foram aprovados nesta terça-feira pelas Comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e de Fiscalização e Controle (CMA) e a de Assuntos e Econômicos (CAE); senadores cobram explicações sobre a compra da refinaria do Texas.
Com a liderança do PSB, a oposição no Senado também se articula para aprovar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar suspeitas contra a Petrobras. O caso já é investigado pelo Ministério Público, Policia Federal e Tribunal de Contas da União.
Em entrevista ao Globo, Graça confirmou as declarações da presidente Dilma Rousseff sobre a compra em 2006, de que no resumo executivo não consta a cláusula Marlim, que trata da rentabilidade e garantia o retorno de 6,9% ao ano ao grupo belga Astra, sócio da Petrobras; e não consta o put option, que trata da saída da outra parte da companhia e forçou a estatal a comprar a fatia dos belgas.
Ela também citou o caso do ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso na operação Lava-Jato da PF, como um outro motivador para abertura da comissão. Graça diz que desconhecia a existência de um comitê de proprietários de Pasadena no qual o Paulo Roberto era representante da Petrobras. “Não aceito descobrir que estou falando um número e o número correto é outro (em referência ao valor pago pela Pasadena em 2006). Não aceito que me venha um comitê que eu não sabia. E não fica pedra sobre pedra, não fica”.
fonte: BRASIL 247

terça-feira, 25 de março de 2014

Manipulação do Poder pela Mídia - Paulo Henrique Amorim


Dilma aprova
o Marco Civil da Internet


Blogueiros não serão censurados !


Saiu em O Globo:

Câmara aprova Marco Civil da Internet e projeto segue para o Senado



Para facilitar e agilizar a votação, PMDB retirou todos os destaques apresentados ao texto



BRASÍLIA – Depois de mais de três anos de discussão no Legislativo, a Câmara aprovou na noite desta terça-feira o projeto do Marco Civil da Internet. Por acordo entre os partidos governistas e de oposição, foram mantidos dispositivos que preveem a chamada neutralidade de rede e desobriga as grandes multinacionais da internet de manterem data centers no Brasil. O texto agora segue para o Senado, onde deve ser apreciado com rapidez. O governo deseja apresentar a proposta já aprovada no encontro internacional sobre governança da internet que ocorrerá no fim de abril, em São Paulo.

A Câmara iniciou por volta das 18h50 a sessão e iniciou a discussão sobre o projeto em plenário, com a apresentação pelo relator Alessandro Molon (PT-RJ)dos textos acordados sobre neutralidade e datacenters. Para agilizar a votação, o PMDB anunciou que retiraria todos os destaques apresentados ao texto. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), elogiou o processo até chegar ao ponto em que houvesse acordo para votar.


— Houve um diálogo aberto (do líder do PMDB Eduardo Cunha). Parabéns pelo equilíbrio — disse Henrique Alves. — Essa Casa não é do enfrentamento, que discutiu este tema à exaustão. Provamos que pelo convencimento esta Casa tem o seu melhor desempenho — afirmou.


(…)



O líder Eduardo Cunha queria que o provedor seja responsabilidade a partir da notificação judicial, alegando que este direito já está previsto no Código Civil. Mas após o chamado blocão e a oposição se dividirem, a decisão foi pela manutenção do texto original. O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), disse que apoiava o texto do governo sobre o artigo 20.

Leia a íntegra ao clicar aqui.


Antes, o Conversa Afiada havia publicado o seguinte texto:


OPOSIÇÃO QUER FECHAR OS BLOGS



Criador da internet apoia o projeto Molon


A votação desta terça-feira do Marco Civil da Internet será uma batalha.

Não tem acordo.

A oposição vai propor 1 000 emendas e tudo será decidido voto a voto.

A votação deve varar a madrugada.

A neutralidade deverá ser mantida.

A batalha do PMDB (Eduardo Cunha) e do PSDB (Padim Pade Cerra) agora é derrubar o Artigo 20.

O Artigo 20 isenta o provedor (site ou blog) de responsabilidade pelos comentários feitos na página.

O imaculado banqueiro Daniel Dantas já tentou processar o ansioso blogueiro por isso e, como sempre, levou uma surra de PHA e Klouri .

Hoje, se, por exemplo, o Cerra se sentir ofendido por um comentário publicado no Conversa Afiada, ele tem de entrar na Justiça para que o Conversa Afiada retire o comentário.

A depender do juiz, ele pode ou não responsabilizar a empresa PHA pelo comentário de um navegante.

Vai depender da interpretação que o juiz fizer da responsabilidade civil.

Hoje não tem lei que regule.

O que o Artigo 20 prevê, em sua atual formatação, que o C Af, em hipótese alguma (civil) possa ser responsabilizado.

E ele só tira o comentário se quiser, ou se a Justiça mandar tirar.

Mas, ainda assim, o blog não tem responsabilidade civil.

Cerra não poderia pedir indenização a PHA, por exemplo.

O que eles querem é que o provedor seja responsabilizado.

Isso significa privatizar a censura, fazê-la de forma extrajudicial.

Ou seja, se, por exemplo, o Cerra se sentir ofendido, uma vez que foi citado num comentário, ele pode pedir ao C Af que retire o tal comentário.

Como será acionado na Justiça e responsabilizado pela lei, ainda que o comentário não seja ofensivo, o C Af e os blogs se sentirão constrangidos a retirar o comentário do ar.

Constrangido pelo bolso, para evitar os infinitos processos na Justiça.

Como agora tentam os que ilustram a inesquecível “Galeria de Honra Daniel Dantas“.

Que preferiam que a internet brasileira fosse chinesa.

Clique aqui para ver que o criador da internet gostaria que o Brasil tivesse o Marco Civil proposto por Alexandre Molon.

E aqui para ler a íntegra da carta.

De um amigo navegante


Em tempo: aparentemente, aparentemente caiu a ficha para o PMDB de Eduardo Cunha:

http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/03/pmdb-retira-sugestoes-de-mudanca-no-texto-do-marco-civil-da-internet.html

ELES MUDAM OS NOMES, MAS REPRESENTAM A MESMA COISA


segunda-feira, 24 de março de 2014

Em convenção da Band, Lula destaca avanços do país

Foto: Ricardo Stuckert/instituto Lula
  • Foto: Ricardo Stuckert/instituto Lula
  • Foto: Ricardo Stuckert/instituto Lula
  • Foto: Ricardo Stuckert/instituto Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na noite desta sexta-feira (21), da Convenção do Grupo Bandeirantes. Em seu discurso, Lula lembrou as mudanças profundas pelas quais passou o Brasil na última década. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4.4 vezes, a produção agropecuária aumentou significativamente levando o Brasil à liderança de vários setores, o fluxo de comércio exterior dobrou, o número de passageiros de avião passou de 48 para 113 milhões e o Brasil se tornou uma referência política global. Esse processo beneficiou toda a sociedade brasileira: “Do bancário ao banqueiro, do cortador de cana ao usineiro”.
O ex-presidente ressaltou ainda que o Brasil vive há 11 anos em um ambiente econômico com inflação dentro da meta estabelecida pelas autoridades financeiras. Ele lembrou que quando assumiu o governo, a inflação era mais que o dobro daquela registrada em 2013. Além disso, enquanto milhares de empregos foram destruídos no mundo nos últimos anos, o Brasil criou 11 milhões de empregos. Essas mudanças foram feitas em um ambiente democrático cada vez mais sólido, destacou Lula.
Sobre a Copa do Mundo, Lula lembrou que é importante pensar na simbologia do evento, além das divisas que chegarão ao país. Ele lembrou que muitos choraram quando o país conquistou a Copa e que ela é uma chance de projetar ainda mais o país internacionalmente. E ressaltou: “Grande parte dos gastos que estão sendo feitos se referem a obras de mobilidade, que teriam que ser feitas com ou sem Copa”.
Lula também falou do papel importante da Band na história deste país. Ele citou o pioneirismo da emissora nos debates eleitorais e ressaltou que um meio de comunicação torna-se relevante quando responde aos interesses da população e é capaz de captar as mudanças em curso neste país. O ex-presidente também falou da sua relação com a imprensa durante seu governo: “Ninguém pode me acusar de, durante os oito anos do meu governo, não ter sido republicano com a sociedade e a
imprensa”.

A eleição é a Petrobras.
A Globo erra mais

A defesa da Petrobras tem que ser Política. Não é coisa pra Gerente


A obra mais duradoura dos governos trabalhistas terá sido a reapropriação da Petrobras pelo povo brasileiro.

Como se sabe, o Príncipe da Privataria fez um rombo no casco do monopólio e tratou de desidratar a Petrobras para fatiá-la e vender aos pedaços.

O auge do processo entreguista seria rebatizar a empresa de “Petrobrax” – quanto custou o “estudo” para bolar o nome e que jenio ganhou com ele ?

A eleição de um presidente trabalhista roda, roda, e gira em torno da Petrobras, porque a Petrobras está no meio da Avenida Chile – e no meio do Brasil.

Não por acaso a Globo Overseas praticou outra fraude eleitoral, ao “editar” a entrevista do Gabrielli.

A Big House não admite que o Lula (com a ajuda do Gabrielli, do Haroldo Lima e da Dilma) tenha construído o “modelo de partilha”.

Não admite que eles tenham feito o maior lançamento de ações da História do Capitalismo e entregue ao Governo Dilma a responsabilidade – cumprida com êxito – de realizar o primeiro leilão do pré-sal.

Na partilha.

O regime de partilha equivale a botar fogo na dispensa da Big House.

A Big House não perdoa o Lula de ter reconstruído a indústria naval –  com a Petrobras – e dar 75 mil empregos a brasileiros – e, não, a cidadãos de Cingapura, como pretendiam o Principe Privateiro e o então presidente da Petrobrax, o delfim neolibelês (*), Francisco Gros.

Os trombones da Big House não aceitam que o Brasil venha a ser o maior produtor de plataformas do mundo, porque aqui se instalou, com os trabalhistas herdeiros de Vargas, um “capitalismo de características brasileiras”.

É por isso que Pasadena – leia aqui “os pingos nos ï” ”- se tornou, com a falência do “apagão” e a fracassada elevação do pepino, o ponto de referencia da oposição que se materializa no PiG (**).

É a tentativa de atingir a Dilma, a gerente, o Lula – e, acima de tudo, a Petrobras.

A Big House quer o poder e a Petrobras – não necessariamente nessa ordem !

Porque governar o Brasil significa governar a Petrobras.

E quem governa a Petrobras determina o perfil do futuro do Brasil.

Se será um Brasil para os brasileiros ou um Brasil para os amigos da Big House.

Aqueles a quem o Fernando Henrique oferece os ombros.

É por isso que a defesa da Petrobras – também responsabilidade da Dilma – não pode ser técnica.

Coisa para gerente – clique aqui para ver “não há eleição para Gerente da República”.

A defesa da Petrobras tem que ser travada no ringue da politica, no campo enlameado da eleição.

Tem que sujar as mãos.

De óleo.

E de furia.

(Vargas percebeu isso e se matou antes que o Cerra entregasse a  Petrobras à Chevron)

Vamos supor que a compra de Pasadena tenha sido um erro de gestão.

O que está longe de ser provado – clique aqui para ler a explicação de Gabrielli .

Os ilustres empresários privados do Conselho de Administração  concordaram com a compra de Pasadena e disseram isso, desde que “estourou  a crise.

Seria impensável imaginar que Gerdau, Fabio Barbosa e Claudio Haddad – campeões da livre iniciativa – referendassem um um erro tão grosseiro.

Ou se deixassem tapear por burocratas de segundo escalão de empresa pública.

Os acionistas da Gerdau, da Abril e do Insper ficariam decepcionados !

Mas, para efeito de raciocínio, vamos supor que Pasadena tenha sido um erro.

Vamos admitir – o que está longe de ser verdade – que o “prejuízo” com Pasadena, mesmo nas contas exorbitantes da Urubóloga, tenha provocado um rombo na plataforma P-36 …

O que é, digamos, uma proposição hilariante…

(Por falar em hilariante, clique aqui para ver como a Urubóloga noticia o Globope)

Mas, que empresa não comete erros, amigo navegante ?

A Globo, por exemplo …

A Globo foi à concordata.

E, porque não conseguiu levantar dinheiro no BNDES – nos termos aviltantes propostos ao presidente Carlos Lessa – foi obrigada a ajoelhar-se à banca internacional – como diria aquele dos múltiplos chapéus - teve que ajoelhar-se “à banca”.

A Globo torrou o que se calcula em US$ 100 milhões de dólares na Tele Monte Carlo, porque achou que ia dar uma rasteira no Berlusconi …

A Globo cometeu um erro elementar de gestão, porque, ao contrário de milhares de empresas brasileiras, acreditou no Real do Fernando Henrique e se endividou em dólares.

Aquela lorota de o Real valer o que valia o dólar.

(Como demonstrou o Luiz Nassif , no livro “Cabeças de Planilha”– clique aqui para ler entrevista devastadora – o único que tinha motivos nobres para acreditar na lorota – do R$ 1 = US$ 1 – foi o André Lara Resende, que, há pouco tempo, reapareceu numa suspeita de chantagem de Daniel Dantas contra Fernando Henrique , no livro “sem Gilmar não haveria Dantas”, de Rubens Valente.)

Como diz o Mino Carta, os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – acreditaram na Miriam Leitão e quase quebram.

Para salvar-se, a Globo contratou o mesmo executivo que Fernando Henrique levou para criar a  Petrobrax.

E o jenio saiu a vender ativos da Globo.

O J. Hawilla e o Boni o receberiam para jantar com champagne Cristal, sempre que quisesse.

Mas, os filhos do Roberto Marinho, se pudessem …

Não fossem o Globope e o BV – e o BV é a maior fatia do faturamento de 190 agencias de publicidade do Brasil -, a Globo não teria como pagar o salário dos atores que não estão ar.

Entre outras coisas.

E olha que o BV da Globo é de solar ilegalidade, segundo a decisão do julgamento do mensalão – Fase I, aquela que o Ataulfo Merval de Paiva (***) recebeu como os Dez Mandamentos.

Agora, aqui entre nós, amigo navegante, tivesse você uns trocados … compraria ações da Globo Overseas ou da Petrobras?

Paulo Henrique Amorim