Hoje, em sua coluna em O Globo, a profetisa do caos elétrico, Miriam Leitão reclama assim da “ameaça de apagão”: Ontem mesmo o ONS divulgou que o nível dos reservatórios do
Sudeste caiu para 15,26%, o percentual mais baixo desde 2000 para meses
de novembro. Até mesmo no ano do apagão, 2001, a taxa era maior do que
agora, de 23,04%. É verdade que ainda pode se torcer para chover muito
até o final do mês, mas nem mesmo o Operador Nacional do Sistema
Elétrico acredita que isso vai acontecer. Na semana passada, o ONS
reduziu a estimativa do nível dos reservatórios para 14,9% no final do
mês. No Nordeste, chegará ao fim do mês em 12,6%. No mesmo período do
ano passado, o nível do Sudeste era de 41% e no Nordeste, 22,19%.
O ONS, Míriam, faz sempre cálculos conservadores, como é do seu dever fazer.
Não pode contar com a chuva no…na nuvem.
Mas você poderia consultar os sites do tempo.
E vai ver que a região Sudeste, especialmente aquela onde se localizam as represas, está debaixo de temporais.
Liga para alguém em Belo Horizonte que te informam.
Ou então, se quiser ser mais “científica”, consulte as páginas do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e veja os dados que são
colhidos diariamente das estações meteorológicas.
Você vai ver como está chovendo a cântaros nas cabeceiras do São
Francisco, do Paranaíba, e em trechos do Rio Grande e do Paranapanema,
com registros que vão de 30 a quase 100 milímetros em 24 horas.
Mas isso não é que nem encher banheira, Miriam, que abre a torneira
do céu e a água começa a subir na mesma hora e daí a alguns minutos está
cheia.
Primeiro tem de encharcar o chão, encher os córregos, daí os
ribeirões, os rios e, finalmente, água na represa. Que, no caso de
algumas delas, são maiores que a Baía da Guanabara.
E mesmo aí, muitas vezes, não sobe de imediato, porque tem de soltar
água, às vezes, para ajudar outras represas mais adiante, em situação
difícil.
Nestas coisas, cara agourenta, não se pode fazer afirmações olhando um dia, nem mesmo uma semana.
É devagar, devagarinho.
Tanto que não encho a paciência dos meus raros e caros leitores com
qualquer 0,1% que caia o cantareira, porque sei que o problema não
destes dias, mas de como será a estação seca do ano que vem.
Porque, se a temporada de chuvas de verão ocorrer normalmente, como
todos os meteorologistas concordam, os reservatórios ganharão de 20 a
25% de sua capacidade, no mínimo.
Isso, no caso das represas das hidrelétricas, repete em 2015 o quadro desta época em 2014. Ruim, mas não o desastre.
Muito melhor que no caso de São Paulo, que tem hoje menos 20%, fica com zero.
Sem terrorismo. E sem defender, como se faz na sua coluna, mais
ganhos para as empresas elétricas, sob a alegação de que quem paga é o
consumidor.
Porque é o consumidor que sempre paga.
Circula na Internet um vídeo do final
de 2012 em que a cúpula da Sabesp e mais alguns membros do governo de
São Paulo comemoram os dez anos da empresa na Bolsa de Nova York. Dê uma
olhada:
À luz da falta de água no estado,
as imagens são uma piada de mau gosto — uma schadenfreud com os
paulistas. Num clima triunfal, vê-se um congraçamento bonito em grandes
mesas com brindes generosos de champanhe. “Oh, happy days”, canta o
hino gospel.
A abertura de capital avolumou as
receitas da companhia. De 2002 a 2012, as ações em Nova York registraram
valorização de 601% e seu valor de mercado triplicou, passando de 6
bilhões para 17 bilhões de reais. Atualmente, a companhia vale 13
bilhões.
Hoje, o Sistema Cantareira voltou a
bater um recorde negativo, chegando a 3% de sua capacidade. A segunda
cota do volume morto está sendo utilizada. Como avisamos no DCM, o
prejuízo para a saúde causado pela presença de poluentes ainda é uma
incógnita.
Não é a única incógnita nessa
história. É de amplo conhecimento que a Sabesp e o governo Alckmin não
alertaram os consumidores dos problemas. Até pouco depois das eleições,
Alckmin insistia que não havia “racionamento”, numa negação malufística.
Não foi por falta de dinheiro que
não foram feitas as obras necessárias desde 2004, quando se recomendou
um aumento da oferta hídrica para a região metropolitana de SP. Isso
atenderia o aumento populacional e reduziria a dependência do
Cantareira, segundo um inquérito civil instaurado para acompanhar a
renovação da outorga.
Durante o oba oba nos EUA, a
presidente Dilma Pena já tinha informações de que a situação não era das
melhores. Desde então, ela já foi flagrada dizendo que não orientou a
população a economizar por “orientação superior”, Alckmin foi passar o
chapéu em Brasília, a falta d’água é uma realidade cotidiana — e em 2015
as perspectivas são as piores possíveis.
Mas, naquele dia em Nova York, eles nunca foram tão felizes.
Jennifer e Reece, o bebê de R$ 2,4 milhões - Reprodução/Facebook(Jennifer Huculak)
Grávida de 7 meses, a canadense Jennifer Huculak-Kimmel estava passando férias no Havaí (EUA), em novembro de 2013. Só que a bolsa estourou no segundo dia em solo havaiano, fazendo com que médicos realizassem um parto prematuro.
O
bebê de Jennifer ficou hospitalizado por dois meses. A família havia
tentado uma transferência da pequena Reece para o Canadá, mas a
iniciativa não obteve apoio dos médicos e de uma empresa que transporta
pacientes por via aérea, segundo reportagem do "Daily Mirror".
Resultado: Jennifer está praticamente com falência decretada. A conta do hospital ficou em nada menos que R$ 2,4 milhões!
O
plano de saúde da família - o Blue Cross - está se recusando a pagar a
conta. A empresa alegou que uma "condição pré-existente" a liberar de
arcar com as despesas. A companhia afirmou, ainda, que a cobertura dada a
Jennifer não se estende ao bebê.
Jennifer disse ter falado com o seu médico particular e com a Blue Cross e garante ter recebido aval para viajar.
"A
Blue Cross disse que, por eu ter tido infecção urinária e hemorragia no
quarto mês, ela não cobriria a minha gravidez. Pensamos ter feito tudo
certo e achamos estar cobertos e seguros para viajar", disse a canadense, segundo o "Mirror".
Após longa negociação infrutífera, o casal, morador de Saskatchewan (Canadá), deve apelar à Justiça.
fonte OGLOBO
terça-feira, 18 de novembro de 2014
A cronologia do colapso da USP
Como o
ex-reitor João Grandino Rodas, indicado pelo então governador José
Serra, arruinou as contas da Universidade de São Paulo, que perdeu o
posto de melhor universidade da América Latina e vive às voltas com uma
greve que já dura três meses Por Igor Carvalho Em 2014, a Universidade de São Paulo
(USP) enfrenta aquela que pode ser considerada a maior crise financeira
de sua história. O atual momento decorre de diversos erros cometidos por
gestões anteriores, mas guarda relação íntima com o período em que o
ex-reitor João Grandino Rodas (2010-2013), indicado por José Serra mesmo
tendo sido derrotado no processo de escolha interna, esteve à frente da
universidade. Para tentar conter a crise, a USP
anunciou o congelamento dos salários de professores e funcionários em
maio deste ano. Como resposta, os servidores, docentes e alunos entraram
em uma greve que já dura três meses. Se a USP mantiver o ritmo de
gastos da administração anterior, de acordo com a atual reitoria,
esgotaria sua reserva de caixa – que já foi de R$ 3,5 bilhões antes do
início da gestão Rodas – em um ano e meio. O pagamento de servidores e
professores alcança, hoje, 105% do orçamento da USP.
José Serra foi responsável pela nomeação de João Grandino Rodas (Foto: Governo de São Paulo)
A gênese de uma crise Em seu discurso, quando assumiu a
reitoria da Universidade de São Paulo (USP) no dia 25 de janeiro de
2010, João Grandino Rodas mostrou que conhecia os problemas apontados
pela comunidade universitária. Mencionou à época a participação política
da comunidade universitária e a violência policial entre seus temas
prioritários. “Grandes problemas da universidade,
muitas vezes, considerados tabus, serão colocados em discussão: desde a
questão da abertura do Conselho Universitário para que a representação
seja mais ampla, até o maior diálogo que possibilite sair do círculo
vicioso que, muitas vezes, a universidade se encontra”, afirmou durante
cerimônia luxuosa realizada na Sala São Paulo. Em outro momento, Rodas criticou a
violência policial que marcou a gestão de sua antecessora, Suely Vilela,
de acordo com ele utilizada “de maneira corriqueira”, prometendo que
providências seriam tomadas e o “diálogo aberto” seria frequente na
universidade. Rodas não parecia, desde o princípio, a
pessoa mais indicada para refletir sobre violência policial. Quando era
diretor da Faculdade de Direito requisitou, pela primeira vez na
história, a presença da Polícia Militar no Largo São Francisco em agosto
de 2007, para expulsar manifestantes que integravam a Jornada em Defesa
da Educação. Enquanto discursava, do lado de fora da
Sala São Paulo estudantes gritavam contra sua nomeação. Isso porque a
indicação do ex-diretor da Faculdade de Direito foi tida por muitos como
mais uma ingerência autoritária dos governos tucanos na USP. Em 2009,
Rodas foi o segundo mais votado em uma lista tríplice apresentada ao
então governador José Serra (PSDB). Para surpresa de toda a comunidade
acadêmica, o tucano indicou seu amigo João Grandino Rodas como reitor,
apesar da derrota nas urnas. Somente em 1969, durante a gestão do
governador biônico Paulo Maluf, o reitor escolhido havia perdido o
pleito e sido imposto à universidade. Política salarial Com pouco mais de quatro meses à frente
da USP, João Grandino Rodas já dava o tom do que seria sua gestão, com
medidas autoritárias e tentativa de desmobilizar os trabalhadores. Em
maio, unilateralmente, Rodas decidiu promover a quebra da isonomia
salarial entre professores e funcionários, algo inédito. Docentes
receberam um reajuste salarial de 6%, mas o mesmo não ocorreu com os
demais servidores, que decidiram parar pela primeira vez. Ao perceber a articulação dos
trabalhadores, Rodas mudou de atitude e passou a investir em salários e
contratações. Na greve de 2010, por exemplo, o reitor ofereceu reajuste
de 17,50% no Auxílio Alimentação, superior ao índice do Dieese que era
de 15,85%, referente à cesta-básica em São Paulo. À época, em entrevista
ao Jornal do Campus, da USP, Magno Carvalho, liderança do
Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), não via com bons olhos a
atitude da Reitoria. “O reitor está subestimando o movimento e tentando
comprar a nossa greve”. Ainda hoje, a medida é criticada pela categoria. “O Rodas durante toda sua gestão tentou
sequestrar nossas convicções com aumentos e bonificações que não eram
negociados conosco e, por isso, nunca atingiam nossas expectativas”,
afirma Anibal Cavali, diretor do Sintusp. No final de 2011, ano sem
greve na universidade, Rodas anunciou um prêmio de R$ 3,5 mil para
funcionários e professores. Segundo a Reitoria, a compensação financeira
se referia a um avanço da USP em rankings internacionais. A reação dos sindicatos foi imediata. O
Sintusp soltou uma nota criticando a medida e lembrando que em outros
anos que a universidade cresceu em rankings não houve premiação. Já a
Associação dos Docentes da USP (Adusp) afirmou que a medida vinha em um
momento de desgaste da imagem do reitor. “Será que a grande diferença se
deve à avaliação da Reitoria quanto ao ‘bom comportamento’ de docentes e
funcionários que, no corrente ano, não lançaram mão do direito de
greve?”, questionou a entidade. Dados da Vice-Reitoria Executiva de
Administração mostram que quando Rodas assumiu a Reitoria, em 2010, a
USP gastava 79,3% do seu orçamento com folha de pagamento. Esse índice
cresceu todos os anos da sua gestão. Em 2011, subiu para 82,3%; em 2012,
o maior avanço, um salto para 95,6%; no ano de 2013, chega aos 99,9%.
Em julho de 2014, a USP anunciou que estava gastando 105,02% do seu
orçamento com funcionários e professores. A crise, prevista em janeiro
de 2013 pela própria universidade, se tornou real. Durante os quatro anos em que
administrou a universidade, Rodas contratou aproximadamente três mil
novos funcionários e 400 professores, segundo a USP. Somente em
bonificações, a instituição gastou R$ 40 milhões em 2013. O Sintusp
entende que a leitura da crise, de uma perspectiva do inchaço do
funcionalismo na instituição é “simplista”. “A gestão do Rodas ficou
marcada por um gasto exorbitante em obras que a universidade não
precisava, que não eram prioritárias, enquanto outras, mais urgentes,
como a reforma do prédio da FAU [Faculdade de Arquitetura e Urbanismo]
não foram feitas. Além disso, a universidade se expandiu, temos mais
campus hoje, mas o repasse de verba não aumenta e nem a reitoria cobra o
governo de São Paulo para que ele seja maior”, argumenta Cavali. Segundo o sindicato, a USP possui,
hoje, quase o mesmo número de funcionários que possuía 25 anos atrás. Em
1989, eram 17.735 pessoas trabalhando na universidade, contra 17.451
neste ano. “Ou seja, você expande fisicamente, mas mantém a mesma
estrutura de trabalhadores. O erro não está, portanto, no gasto com a
folha de pagamento.” Em artigo publicado no último dia 18,
o professor de História da USP, Sean Purdy, confirma o crescimento
físico da universidade paulista. “Segundo os dados do Anuário
Estatísticas da USP, entre 1995 e 2012, na graduação, o número de cursos
aumentou em 88.6% e em pós graduação em 34,6%. Nesse mesmo período, o
número de alunos de graduação aumentou em 77,6% enquanto alunos de
pós-graduação cresceram 102,3%. Mas o número de docentes aumentou
somente 15,9% e os funcionários em 11,5%”, afirma o historiador. Segundo Purdy, a USP não pediu aumento
das verbas do Estado e prefere “manipular dados para enfraquecer a
universidade púbica através de cortes drásticos aos funcionários,
docentes e programas de pesquisa e bolsas para alunos”. A mesma medida é
cobrada por Cavali. “O reitor não cobra e não cobrará o governador de
São Paulo publicamente em um ano eleitoral, mas o que a USP precisa é de
mais verbas e não arrocho salarial ou demissões voluntárias”, afirma. Purdy ainda compara a relação de
professores para alunos com outras universidades conceituadas no mundo. A
universidade paulista possui, segundo a reitoria, 15,5 estudantes para 1
docente. “Em 2012/2013, na Oxford, houve 4,92 alunos por funcionário e
4,3 alunos por professor. Na Cambridge, 4,4 alunos por funcionário e 3,9
alunos por professor. No Imperial College, 3,4 alunos por funcionário e
3,8 alunos por professor. Finalmente, no University College de Londres
havia 3,8 alunos por funcionário e 5,5 alunos por professor. Portanto,
todas essas universidades tinham mais funcionários por aluno do que a
USP, e bem menos alunos por professor”, escreveu. O orçamento da USP é abastecido com 5%
da arrecadação do estado de São Paulo, anualmente, com o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em 2014, esse valor será de
R$ 5 bilhões.
(Arte: Felipe Tornieri)
Reitor ou Faraó? Aquisições de equipamentos feitas por
Rodas também são criticadas na comunidade acadêmica. Um navio
oceanógrafo foi comprado por R$ 11 milhões, exigindo um gasto fixo
mensal de R$ 250 mli. Porém, o barco está encostado no porto de Santos,
sem qualquer utilidade. Escritórios da universidade foram montados por
Rodas em março de 2013 nas cidades de Boston, Cingapura e Londres, sem
qualquer consulta aos órgãos internos da universidade. O custo mensal
para manutenção desses espaços é de R$ 400 mil. A universidade, na gestão de Rodas,
comprou imóveis na região central da cidade de São Paulo, dois prédios e
um terreno. Gastou-se na empreitada R$ 35 milhões. A disposição do
ex-reitor em construir e reformar representaram um salto no orçamento de
3%, em 2009, para 8% em 2013, somente com obras, saindo de R$ 370
milhões para R$ 1 bilhão. Entre as mais decantadas e suntuosas
empreitadas estão o Anfiteatro para mil pessoas e a nova sede da
reitoria. Nova reitoria Marco Antonio Zago assumiu a USP no dia
25 de janeiro de 2014. O novo reitor reconheceu o prejuízo e a crise.,
porém, para combatê-la, anunciou o congelamento de salários e um plano
de demissão voluntária de três mil funcionários. A nova direção também
cortou em 30% a verba para pesquisas. A reserva de caixa da USP, que já foi
de R$ 3,5 bilhões no começo da gestão Rodas, agora está em pouco mais de
R$ 1 bilhão. O déficit nos últimos dois anos foi de R$ 1,57 bilhões,
segundo o novo reitor. Professores foram ouvidos por Fórum
para que opinassem sobre a atual crise enfrentada por aquela que já foi
considerada, antes da gestão de João Grandino Rodas, como a melhor
universidade da América Latina. Confira abaixo as avaliações: Henrique Carneiro (História) “Rodas é o grande responsável, embora
não o único. A gestão dele foi absolutamente temerária e eu ficava
bastante surpreso, durante a sua gestão, ao ver o número de obras na
USP. As informações que eu tinha davam conta da abertura de escritórios
da USP em Cingapura, Londres e outros lugares. Olha, ou a USP estava
nadando em dinheiro ou a administração era equivocada. Depois de Rodas,
sem dúvida, o principal responsável é quem o colocou lá. Não fomos nós
da comunidade universitária que empossamos o Rodas, foi o José Serra,
que tinha afinidade política e ideológica com ele.” Jorge Luiz Souto Maior (Direito) “Acho que a crise atual faz parte de um
projeto de sucateamento da universidade pública, na perspectiva da
privatização da universidades, que foi iniciado pelo Rodas, com os
gastos excessivos e os desvios de gastos que geraram essa crise. O
reitor atual usa e usará essa crise como argumento para dar
prosseguimento no projeto de privatização da USP.” Dennis Oliveira (Jornalismo) “Em grande parte, a culpa pela crise é
do Rodas, mas é uma crise da estrutura da universidade, da concepção que
o governo de São Paulo tem da gestão da educação. O Rodas e o Zago,
assim como um setor da sociedade, força esse discurso de buscar fontes
de financiamento na iniciativa privada e cobrar mensalidades nos cursos,
isso é uma privatização disfarçada. Internamente, o mecanismo de gestão não
é democrático. O fato do reitor ainda ser indicado e não eleito, um
conselho universitário que não reflete a composição da universidade são
exemplos de uma gestão pouco democrática que é sustentada há 20 anos
pelo PSDB.” Laurindo Leal Filho (Jornalismo)
“O Rodas é 100% responsável por essa
crise. A atual reitoria, inclusive, embora queira posar de oposição,
estava na gestão anterior. Foi um descalabro administrativo que nos
levou ao ponto em que estamos. A USP é imune Pa participação da
comunidade. É uma reitoria monárquica, que mantém um esquema de
feudalização da Universidade. A forma como se gere os recursos não é
transparente e obedece demandas que atendem o governo do Estado e o
partido que o comanda. Foi uma gestão faraônica, com obras que não era
prioritárias para a universidade. Porém, o responsável último é a chefia
política que escolhe a reitoria. Então, essa responsabilidade da crise é
estendida ao José Serra.” Pablo Ortellado (Gestão de políticas públicas) “Rodas é o principal responsável pela
crise. Ele aumentou consistentemente os gastos num momento de
abundância, embora alertado pela Associação dos Docentes e pela
representação dos professores e dos estudantes que os gastos estavam
descontrolados e atravessados por manobras contáveis. Além do mais, o
candidato dele para sucedê-lo como reitor prometia ainda mais ampliação
de gastos na disputa eleitoral. Há, assim, fundada suspeita de que esse
desequilíbrio orçamentário foi provocado por ele para criar a
oportunidade de impor à universidade a agenda de profundas reformas
liberalizantes.”
Boris Fausto é um dos maiores salários da USP: 45 mil reais; FHC recebe 22 mil
Após a crise, universidade foi obrigada a divulgar
os salários dos professores; para sindicalistas, obras desnecessárias
levaram a universidade ao atual colapso financeiro Por Redação
A Universidade de São Paulo (USP) foi obrigada, a partir de uma ação do
Tribunal de Justiça, a divulgar os salários de professores e alunos. A
ação do Tribunal, argumentou que “ocultar os ganhos de seus
profissionais viola os princípios de transparência e publicidade
previstos na Constituição”.
O jornal Folha de São Pauloorganizou
uma ferramenta de busca que permite localizar o professor desejado e
verificar quanto recebe. Entre eles, há nomes bem conhecidos, como Boris
Fausto, historiador e cientista político, que recebe da universidade R$
45 mil reais. Na lista, também configura o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, com salário de R4 22 mil. Outro nome popular, pelo
menos da área econômica, é o Antonio Delfim Neto, com vencimentos de R$
28. 260 mil.
Desde que se tornou público que as contas da Universidade de São
Paulo iam fechar no vermelho o ano de 2014, vários motivos foram
levantados: a gestão do reitor João Grandino Rodas (2010-2014), que foi
escolhido pelo então governador de São Paulo José Serra (PSDB), é
acusada de ter investido em obras faraônicas consideradas
“desnecessárias” que levaram a universidade paulista ao colapso
financeiro em que se encontra.
O novo reitor, Marco Antonio Zago, que tomou posse este ano, já
reconheceu a crise e, para combate-la, como temiam os funcionários da
USP, anunciou congelamento de salários e um plano de demissão voluntária
de três mil funcionários. A verba para pesquisa também foi cortada em
30%. Aquivocê pode conferir um cronograma histórico da pior crise enfrentada pela Universidade de São Paulo.
Foto: Pragmatismo Político
Decisão sobre recursos do governo federal para crise hídrica de SP sai na próxima semana
Ministra afirma que apoio pode não
compreender todas as obras solicitadas, mas a presidenta Dilma está
empenhada em ajudar a solucionar crise que atinge o estado
por Hylda Cavalcanti, da RBApublicado
17/11/2014 19:47
Miriam Belchior: "Estamos discutindo apenas onde é mais adequado o governo federal entrar"
Brasília – Depois de uma reunião a portas fechadas
que durou toda a tarde, no Ministério do Planejamento, representantes do
Executivo federal e do governo de São Paulo chegaram a pontos comuns
sobre as obras a serem tocadas para ajudar a enfrentar a crise de
abastecimento no estado. Segundo a ministra Miriam Belchior, do
Planejamento, os projetos apresentados não apresentam impacto do ponto
de vista ambiental, e na próxima semana já será possível o governo
federal definir quais serão viáveis, bem como a forma de repasse de
recursos.
A reunião teve a participação, além de Miriam Belchior, da ministra
do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, do secretário de Planejamento e
Desenvolvimento Regional de São Paulo, Júlio Semeghini, e de técnicos
dos governos federal e paulista.
A ministra Miriam Belchior disse que, a princípio, a decisão será
parcial, pois não poderá englobar todas as oito obras hídricas propostas
na última semana pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) à presidenta
Dilma Rousseff, mas ajudarão a combater o problema. Miriam enfatizou que
“a presidenta está empenhada e com boa vontade em ajudar o governo de
São Paulo”. “Estamos discutindo apenas onde é mais adequado o governo
federal entrar, mas isso será definido até a próxima semana”, destacou.
Impacto ambiental
Na reunião, foram apresentados detalhamentos dos oito projetos
propostos pelo governo paulista, que serão analisados pelos técnicos dos
dois ministérios nos próximos dias. Na quinta-feira (20), uma nova
reunião acertará os ajustes a serem considerados necessários. Esta
segunda reunião terá a participação, também, de técnicos da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesp), que vão falar sobre o impacto
ambiental de cada obra.
Já se sabe, entretanto, que os projetos não apresentam riscos do
ponto de vista ambiental, mas existe a questão do desmatamento da Mata
Atlântica a ser resolvido, conforme explicou a ministra Izabella
Teixeira. “A legislação ambiental permite a supressão de vegetação para
obras de utilidade pública com posterior recuperação da área, mas
precisamos acertar isso”, disse.
Na prática, a reunião teve um clima positivo, como contou o
secretário do governo paulista. Júlio Semeghini afirmou que está
otimista com a parceria nas duas esferas e que segundo a equipe do
governo federal, os projetos atendem ao que pedem os ministérios.
Lista de obras
As obras que estão sendo objeto de apoio por parte do governo federal
pelo estado de São Paulo para ser executadas são a interligação dos
reservatórios Atibainha e Jaguari, a construção de dois reservatórios em
Campinas, a adução dos reservatórios e a construção de Estação de
Produção de Água de Reúso (Epar) no sul de São Paulo e em Barueri.
Além destas, também fazem parte da lista a interligação do rio
Jaguari com o Atibaia, interligação do Rio Grande com o rio
Guarapiranga; e a abertura de poços artesianos no Aquífero Guarani. O
valor total das oito obras é de R$ 3,5 bilhões e os recursos podem sair
de financiamentos ou de recursos do Orçamento Geral da União.
O grande problema em relação à resolução da crise imediata é o
caráter de longo prazo destas construções, cujo período de conclusão vai
de 12 a 30 meses. Parte do montante, no entanto, já está sendo
viabilizada pelo governo federal, por meio da construção do sistema São
Lourenço, projeto que foi apresentado pelo Palácio dos Bandeirantes
antes das eleições.
Ato do MTST é resposta a “golpistas dos Jardins”, diz Boulos
Guilherme
Boulos, líder dos sem-teto, disse que marcha desta quinta-feira tem o
objetivo de enfrentar a “direita atrasada” que foi às ruas pedir
intervenção militar no País
Débora Melo
Direto de São Paulo
A “Marcha popular pelas reformas:
contra a direita, por direitos”, realizada na noite desta
quinta-feira em São Paulo, é uma resposta da esquerda aos manifestantes
que, seis dias após a reeleição de Dilma Rousseff (PT), foram às ruas
pedir o impeachment da presidente e defender a necessidade de uma
“intervenção militar” no País.
Com o tema Contra a Direita, Por Mais Direitos, os manifestantes
repudiam ainda os protestos que pediam intervenção militar no Brasil
Foto: Fernando Zamora / Futura Press
“(Vamos) fazer enfrentamento a essa direita
atrasada que tem ido às ruas nos últimos meses defender posições
inaceitáveis para maioria do povo brasileiro. Defender não só
intervenção militar e impeachment, como também semear ódio aos pobres,
racismo, homofobia. Isso não pode ser admitido. Essa marcha vem pra
fazer contraponto e mostrar que, se os golpistas dos Jardins estão
colocando mil pessoas nas ruas, nós vamos por 15 mil só pra começar”,
disse Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), que organizou a marcha com a Central
Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST) e o coletivo Juntos.
De acordo com a Polícia Militar, o ato do MTST reúne
cerca de 7 mil manifestantes – a organização estima 15 mil. Já o
protesto realizado por eleitores do candidato derrotado à presidência
Aécio Neves (PSDB) reuniu cerca de 2,5 mil pessoas no último dia 1º.
“Tem uma playboyzada aí dos Jardins que, porque o titio
Aécio perdeu a eleição, ficou bravinha e foi para a rua contra o povo.
Se lá na marcha deles tem elite, que não gosta do povo, aqui tem povo
trabalhador, aqui tem negro, aqui tem nordestino, aqui está o povo
brasileiro”, disse Boulos aos manifestantes, de cima do carro de som.
“Elite atrasadíssima”
Os manifestantes começaram a se reunir por volta das 17h no vão livre
do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Às 19h20 o
grupo saiu em passeata por ruas dos Jardins, bairro nobre na região da
Paulista e realizou intervenções para chamar a atenção da elite
paulistana: músicas do grupo de rap Racionais Mc’s foram tocadas no
carro de som durante o trajeto e, ao som de Zé Ramalho, os manifestantes
fizeram uma intervenção no jardim do tradicional hotel Renaissance, na
alameda Santos - o ato foi acompanhado de policiamento ostensivo.
Depois, o protesto seguiu, debaixo de chuva, para a praça Roosevelt,
onde foi encerrado.
Outro episódio bastante criticado, ainda que de forma
indireta, foi a declaração separatista do vereador e deputado estadual
eleito Coronel Telhada (PSDB), ex-comandante da Rota, que, logo após a
reeleição de Dilma, sugeriu que o Sul e Sudeste se separassem do resto
do País. De acordo com Boulos, a ideia do protesto de hoje é mostrar que
“a maioria da população não compactua com isso (pedidos de intervenção militar e discriminação) e condena esse tipo de percepção”.
“Só o fato de haver milhares de pessoas que não têm
vergonha de mostrar a cara dizendo que defendem uma intervenção militar,
um golpe militar, segregação do País, morte a nordestinos, morte a
pobre, morte a homossexual, esse fato em si já é preocupante. Mas nós
temos a clareza que esse sentimento é minoritário na sociedade
brasileira. Um sentimento que vem de uma elite da casa grande. Um
sentimento que é assimilado por uma classe média principalmente aqui no
Sudeste, no Sul do País”, afirmou.
Guilherme Boulos afirmou ainda que protesto quis pautar as reformas populares necessárias
Foto: Fernando Zamora / Futura Press
Para o líder dos sem-teto, a elite não entende a
importância de programas sociais como o Bolsa Família porque “sequer
admitiu a abolição da escravatura”.
“Esse é um ranço de classe, de uma elite, de uma
burguesia que nunca aprendeu a conviver com o povo, uma elite que sequer
admitiu a abolição da escravatura. Então, para eles, falar de Bolsa
Família é revolução socialista, falar de investimento sociais é
inaceitável. A elite brasileira é atrasadíssima e ela que semeia esse
ódio. Então o povo vai dar a resposta, e vai dar a resposta a altura,
vai dar a resposta defendendo as reformas populares”, completou Boulos.
Reformas O segundo propósito da
manifestação desta quinta-feira, ainda segundo o líder do MTST, é
“pautar reformas populares no Brasil”: reforma política; reforma urbana e
agrária; reforma tributária progressiva; democratização das
comunicações; e desmilitarização da polícia. De acordo com Boulos, os
manifestantes querem mostrar à presidente Dilma que ela tem todo o apoio
para seguir adiante com as reformas – e, ao mesmo tempo, que encontrará
os movimentos mobilizados caso não siga com suas promessas.
“O
programa que foi eleito nas urnas tem que ser realizado, é um programa
de mudança popular. O programa que perdeu não pode imperar. É necessário
que o povo deixe claro a importância das reformas estruturais, todos
esses temas que estão travados na agenda brasileira há décadas por conta
do impeditivo que as elites colocam no Congresso Nacional, no
Judiciário”, disse Boulos aos jornalistas. “Nós não vamos permitir que a
presidenta não faça as reformas (que prometeu) e não governe para os trabalhadores", completou, desta vez dirigindo-se aos manifestantes.
De acordo com Vagner Freitas, presidente da CUT, o
objetivo do ato é fazer a “sociedade brasileira perceber e entender que a
Dilma tem o apoio popular para fazer as reformas para quais ela foi
eleita”.
“Não são só os reacionários que vêm para a rua, não
aceitando o resultado da eleição, desrespeitando a opinião do povo,
pedindo o impeachment da presidenta ou propondo atrocidades como a volta
da ditadura militar. Esse ato é para dizer que acabou a eleição, agora o
Brasil precisa de uma grande governança que dê condição para que a
presidenta Dilma coloque no seu plano de governo aquilo que o povo
votou. O povo não votou para ter alta de taxa de juros, não votou para
ter banqueiro no Banco Central ou ministro da Fazenda. O povo não votou
para ficar pressionado pelo PMDB reacionário, o povo votou na proposta
da Dilma de mais mudanças”, encerrou Freitas.
12 de novembro de 2014 | 18:47 Autor: Fernando Brito
Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso abrem fogo hoje contra a
revisão da meta de superavit fiscal, proposta pelo Governo que,
resumidamente, permite não ter de cortar investimentos (PAC) e as
isenções de impostos concedidas à indústria (desoneração fiscal), para
não comprometer nem a infraestrutura nem o nível de atividade e de
emprego.
Fernando Henrique, com a autoridade de quem fez isso várias vezes,
diz que isso “está quebrando o país”. Curiosa interpretação, pois até os
investidores estrangeiros, com sua conhecida aversão ao risco,
ampliaram, após as eleições, suas apostas no Brasil, como registram os
fluxos cambiais do Banco Central desde o mês passado.
Mas é Aécio quem ganha o troféu “cara-de-pau”, pela sua completa
falta de autoridade moral para falar em “gastar só o que se arrecada”.
Fui buscar os dados do trabalho do Professor Fabrício Augusto de
Oliveira, Doutor em economia e professor do curso de Pós-Graduação da
Escola de Governo da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Um escândalo!
É só olhar e ver como Aécio – e, depois, Antonio Anastasia – só
fecharam contas “superavitárias” no Estado tomando empréstimos, ou
seja, endividando brutalmente Minas Gerais.
Divida, diz o professor, “para o atendimento de necessidades
complementares de financiamento do governo, que em algum momento no
futuro terá de ser paga, não constituindo, portanto, receita stricto
sensu” Pior, “do lado da despesa, não inclui os encargos
financeiros (juros e amortização) da dívida com a União que não foram
pagos, sendo estes incorporados ao seu estoque sem passarem pelo
orçamento. “
Continua Fabrício Oliveira: “(…)apesar dos tão alardeados superávits colhidos no conceito
anterior, estes só teriam ocorrido em três anos – 2004, 2005 e 2008 -,
quando excluídas as operações de crédito. Nos demais, predominaram os
desequilíbrios, com o agravante de estes estarem se ampliando
temerariamente a partir de 2009, tendo atingido o nível recorde – e
espantoso – de R$ 6,823 bilhões em 2013″,
Tome-lhe de “contabilidade criativa”, não é, Senador Aécio? Pois fou
com estes truques contábeis que o senhor sustentou a história do “choque
de gestão” e da eficiência da administração mineira.
Como diz o estudo, sobre eles, foi com “a sua utilização que o
governo de Minas vendeu, durante todo o tempo iniciado com a
administração Aécio Neves, a ideia de que o Estado, graças à
implementação de seu programa, teria promovido o saneamento e o ajuste
estrutural de suas contas. Uma falácia que, sustentada ao longo deste longo período, com a conivência, em geral, da imprensa mineira, cai agora por terra”. Aqui está o link para o trabalho de Fabrício Oliveira,
para o caso de algum senador pretender sair das amenidades do “vossa
excelência para cá, vossa excelência pra lá” no Senado, quando o
“general” Neves, o empinador de papagaios mineiro, resolver deitar
falação sobre superávit.
Que vergonha, Aecinho!
O PSDB vai abrigar extrema-direita ou vamos ter um Partido Só Dos Bolsonaro?
11 de novembro de 2014 | 21:19 Autor: Fernando Brito
Com o apoio institucional da Rede Veja de Difamação e da família Bolsonaro, convoca-se a segunda edição da Marcha do Lobão para o dia 15.
Desta vez, com o cuidado de não permitir as “manifestações
espontâneas” pedindo ditadura militar e o deputado eleito Eduardo
Bolsonaro deve ir sem a pistola na cinta.
Mas, nas palavras do próprio Lobão, insistindo em declarar que não
aceitam o resultado das eleições, como aliás fez o PSDB ao pedir, sem
nenhum elemento concreto, a auditoria do processo de votação.
Não sei se vai ter muita gente, mas acho que, em São Paulo, vai, sim.
Até porque, para este tipo de coisa, 20 pessoas já seriam muito.
A dúvida que me ocorre é se o PSDB vai, durante muito tempo, ser capaz de abrigar esta alcatéia.
É algo instável, que se poderia comparar com o flerte da mídia, no ano passado, com os blackblocs .
É o famoso “caso de amor impossível”. Afinal, o PSDB é um senhor
respeitável, com família no mundo dos negócios e responsabilidades de
governo em estados e municípios.
Não dá para ficar desfilando em público com alguém com tão poucos pudores democráticos.
De outro lado, é a “militância” com que contam.
Se querem apostar, acho que teremos um fenômeno, embora deprimente, muito interessante.
O Brasil terá um partido assumidamente de extrema-direita, em breve.
O qual, curiosamente, poderia ter a sigla bem semelhante à que ostentam aqueles que o pariram.
Partido Só Dos Bolsonaro.
Correndo o risco de roubarem a cena da “reprise da reprise” de Marina Silva como a novidade do processo eleitoral.
Ao menos em São Paulo, um estado que ainda vive, em matéria de concepção de Brasil , em 1932, vão fazer sucesso.
Ofensivos à inteligência e ao convívio humano, sim, mas inofensivos em suas pretensões golpistas.
Porque lhes faltam as condições de ir chorar nos quartéis, como
demonstra hoje, em artigo de quem viu a hostória se passar sob os olhos,
o Mauro Santayanna, no Jornal do Brasil.
Que gasta sua luminosa vela com defunto parco.
Os pilares da estupidez
Mauro Santayana
Quem cala, consente. Os governos do PT têm feito, em todo esse
período, cara de paisagem. Nem mesmo quando diretamente insultados, ou
caluniados, os dirigentes do partido tomaram qualquer providência contra
quem os atacava, ou atacava as instituições, esquecendo-se de que, ao
se omitirem, a primeira vítima foi a democracia. Nisso, sejamos francos,
foram precedidos por todos os governos anteriores, que chegaram ao
poder depois da redemocratização do país.
Mergulhados na luta política e na administração cotidiana dos
problemas nacionais, nenhum deles percebeu que o primeiro dever que
tínhamos, nesta nação, depois do fim do período autoritário, era regar e
proteger a frágil flor da Liberdade, ensinando sua importância e
virtudes às novas gerações, para que sua chama não se apagasse no
coração dos brasileiros. Se, naquele momento, o da batalha pela
reconquista do Estado de Direito, cantávamos em letras de rock que
queríamos votar para presidente, hoje parece que os polos da razão foram
trocados, e que vivemos sob a égide da insânia e da vilania.
Em absoluta inversão de valores, da ética, da informação, da própria
história, retorna a velha balela anticomunista de que Jango — um
latifundiário liberal ligado ao trabalhismo — ia implantar uma ditadura
cubano-soviética no Brasil, ou que algumas dezenas de estudantes
poderiam derrubar, quatro anos depois, um regime autoritário fortemente
armado, quando não havia nenhuma condição interna ou externa para isso.
Agora, para muitos que se manifestam pela internet, quem combatia
pela democracia virou terrorista, os torturadores são incensados e
defendidos, e prega-se abertamente o fim do Estado de Direito, como se o
fascismo e o autoritarismo fossem solução para alguma coisa, ou o
Brasil não fosse ficar, política e economicamente, imediata e
absolutamente, isolado do resto do mundo, caso fosse rompida a
normalidade constitucional.
Ora, os mesmos internautas que insultam, hoje, o Judiciário, sem
serem incomodados — afirmando que o ministro Toffoli fraudou as eleições
— já atacaram pesadamente Aécio Neves e sua família, quando ele
disputava a indicação como candidato à Presidência pelo PSDB em
2010. São eles os mesmos que agridem os comandantes militares,
acusando-os de serem “frouxos” e estarem controlados pelos comunistas, e
deixam claro seu desprezo pelas instituições brasileiras, incluindo as
Forças Armadas, pedindo em petição pública à Casa Branca uma intervenção
dos Estados Unidos no Brasil, como se fôssemos reles quintal dos EUA,
quando são eles os que se comportam como abjetos vira-latas, em sua
patética submissão ao estrangeiro.
São eles os que defendem o extermínio dos nordestinos e a divisão do
país, como se apenas naquela região a candidata da situação tivesse
obtido maioria, e não estivéssemos todos misturados, ou nos fosse
proibida a travessia das fronteiras dos estados.
São eles que inventam generais de araque, supostos autores de
manifestos igualmente falsos, e usam, sem autorização, o nome de
oficiais da reserva, em documentos delirantes, tentando manipular, a
todo momento, a base das Forças Armadas e as forças de segurança, dando a
impressão de que existem sediciosos no Exército, na Marinha, na
Aeronáutica, quando as três forças se encontram unidas, na execução de
projetos como o comando das Operações de Paz da ONU no Haiti e no
Líbano; as Operações Ágata, em nossas fronteiras; o novo Jato Cargueiro
Militar KC-390 da Embrer; o novo Sistema de Mísseis Astros 2020 da
Avibras; ou o novo submarino nuclear brasileiro, no cumprimento, com
louvor, de sua missão constitucional.
O site SRZD, do jornalista Sérgio Rezende, entrou em contato com
oficiais militares da reserva, que supostamente teriam “assinado” um
manifesto, que circula, há algum tempo, na internet. O texto se refere a
“overdose de covardia, cumplicidade e omissão dos comandantes
militares” e afirma que, como não há possibilidade de tirar o PT do
poder, é preciso dar um golpe militar, antes que o Brasil se transforme
em uma “Cuba Continental”.
Segundo o SRZD, todos os oficiais entrevistados, incluindo alguns
generais, negaram peremptoriamente terem assinado esse “manifesto” e
afirmaram já ter entrado em contato com o Ministério do Exército,
denunciando tratar-se o e-mail que divulgava a mensagem de uma farsa e
desmentindo sua participação no suposto movimento.
Por mais que queiram os novos hitlernautas, os militares brasileiros
sabem que o governo atual não é comunista e que o Brasil não está, como
apregoam os “aloprados” de extrema direita que tomaram conta da
internet, ameaçado pelo comunismo internacional.
Como dizer que é comunista, um país em que os bancos lucram bilhões,
todos os trimestres; em que qualquer um — prerrogativa maior da livre
iniciativa — pode montar uma empresa a qualquer hora, até mesmo com
apoio do governo e de instituições como o Sebrae; no qual investidores
de todo o mundo aplicam mais de 60 bilhões de dólares, a cada 12 meses,
em Investimento Estrangeiro Direto; onde dezenas de empresas
multinacionais se instalam, todos os anos, junto às milhares já
existentes, e mandam, sem nenhuma restrição, a cada fim de exercício,
bilhões e bilhões de dólares e euros em remessa de lucro para e
exterior?
Como taxar de comunista um país que importa tecnologia ocidental para
seus armamentos, tanques, belonaves e aeronaves, cooperando, nesse
sentido, com nações como a França, a Suécia, a Inglaterra e os Estados
Unidos? Que participa de manobras militares com os próprios EUA, com
países democráticos da América do Sul e com democracias emergentes, como
a Índia e a África do Sul?
Baboso, atrasado, furibundo, ignorante, permanentemente alimentado e
realimentado por mitos e mentiras espatafúrdias, que medram como fungos
nos esgotos mais sombrios da Rede Mundial, o anticomunista de teclado
brasileiro é sobretudo hipócrita e mendaz.
Ele acredita “piamente” que Dilma Rousseff assaltou bancos e matou
pessoas e que José Genoino esquartejou pessoalmente um jovem, começando
sadicamente pelas orelhas, quando não existe nesse sentido nenhum
documento da ditadura militar.
Ele vê em um site uma foto da Escola Superior de Agricultura da USP, a
Esalq, situada em Piracicaba, e acredita, também, “piamente”, que é uma
foto da mansão do “Lulinha”, que teria virado o maior fazendeiro do
país, junto com seu pai, sem que exista uma única escritura, ou o
depoimento — até mesmo eventualmente comprado — de um simples peão de
fazenda ou de um funcionário de cartório, que aponte para alguma prova
ou indício disso, como de outras “lendas urbanas”, como a participação
da família do ex-presidente da República na propriedade de um grande
frigorífico nacional.
Ele crê, piamente, e divulga isso, todo o tempo, que todos os 600 mil
presos brasileiros têm direito a auxílio-reclusão quando quase 50%
deles sequer foram julgados, e menos de 7% recebem esse benefício, e
mesmo assim porque contribuíram normalmente, antes de serem presos, para
a Previdência, durante anos, como qualquer trabalhador comum.
Nada contra alguém ser de direita, desde que se obedeçam as regras
estabelecidas na Constituição. Nesse sentido, o senhor Jair Bolsonaro
presta um serviço à democracia quando diz que falta, no Brasil, um
partido com essa orientação ideológica, e já se declara candidato à
Presidência, por essa provável agremiação, ou por essa parcela do
eleitorado, no pleito de 2018.
Os mesmos internautas que pensam que Cuba é uma ditadura contagiosa e
sanguinária, da qual o Brasil não pode se aproximar, ligam para os
amigos para se gabar de seu novo smartphone ou do último gadget da moda,
Made in República Popular da China, que acabaram de comprar.
Eles são os mesmos que leem os textos escritos, com toda a iberdade,
pela opositora cubana Yoami Sanchez — já convenientemente traduzidos
por “voluntários” para 18 diferentes idiomas — e não se perguntam, por
que, sendo Cuba uma ditadura, ela está escrevendo de seu
confortabilíssimo, para os padrões locais, apartamento de Havana, e não
pendurada em um pau de arara, ou tomando choques e sendo espancada na
prisão.
Mas fingem ignorar que 188 países condenaram, na semana passada, em
votação de Resolução da ONU, o embargo dos Estados Unidos contra Cuba,
exigindo o fim do bloqueio.
Ou que os EUA elogiaram e agradeceram a dedicação, qualidade e
profissionalismo de centenas de médicos cubanos enviados pelo governo de
Havana para colaborar, na África, com os Estados Unidos, no combate à
pandemia e tratamento das milhares de vítimas do ebola.
Ou que a Espanha direitista de Mariano Rajoy, e não a Coreia do Norte, por exemplo, é o maior sócio comercial de Cuba.
Ou que há poucos dias acabou em Havana a XXXIII FIHAV, uma feira
internacional de negócios com 4.500 expositores de mais de 60 países —
aproximadamente 90% deles ocidentais — com a apresentação, pelo governo
cubano, a ávidos investidores estrangeiros, como os italianos,
canadenses e chineses, de 271 diferentes projetos de infraestrutura, com
investimento previsto de mais de 8 bilhões de dólares.
Radical, anacrônica, desinformada e mais realista que o rei, a
minoria antidemocrática que vai, eventualmente, para as ruas e se
manifesta raivosamente na internet querendo falar em nome do país e do
PSDB, pedindo o impeachment da presidente da República e uma intervenção
militar, ou dizendo que é preciso se armar para uma guerra civil,
baseia-se na fantasia de que a nação está dividida em duas e que houve
fraude nas urnas, mas se esquece, no entanto, de um “pequeno” detalhe:
quase um terço dos eleitores, ou mais de 31 milhões de brasileiros,
ausentes ou donos de votos brancos e nulos, não votaram nem em Dilma nem
em Aécio, e não podem ser ignorados, como se não existissem, quando se
fala do futuro do país.
Cautelosa e consciente da existência de certos limites
intransponíveis, impostos pelo pudor e pela razão, a oposição tem se
recusado a meter a mão nessa cumbuca, fazendo questão de manter razoável
distância desse pessoal.
Guindado, pelo voto, à posição de líder inconteste da oposição, o
senador Aécio Neves, presidente do PSDB, por ocasião de seu primeiro
discurso depois do pleito, no Congresso, disse que respeita a democracia
permanentemente e que “qualquer utilização dessas manifestações no
sentido de qualquer tipo de retrocesso terá a nossa mais veemente
oposição. Eu fui o candidato das liberdades, da democracia, do respeito.
Aqueles que agem de forma autoritária e truculenta estão no outro campo
político, não estão no nosso campo político”.
Antes dele, atacado por internautas, por ter classificado de
“antidemocráticas” as manifestações pedindo o impeachment da presidente
Dilma e a volta do autoritarismo, o sociólogo Xico Graziano, também do
PSDB, já tinha afirmado que “a truculência dessa cambada fascista que me
atacou passa de qualquer limite civilizado. No fundo, eles provaram que
eu estava certo: não são democratas. Pelo contrário, disfarçam-se na
liberdade para esconder seu autoritarismo”.
E o vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, também negou,
no dia primeiro, em São Paulo, que o partido ou a campanha de Aécio
Neves estivessem por trás ou apoiassem — classificando-as de
“irresponsáveis” — as manifestações pelo impeachment da presidente Dilma
Rousseff.
É extremamente louvável a iniciativa do presidente da OAB, Marcus
Vinícius Furtado Côelho, de pedir a investigação e o indiciamento, que
já estão em curso, pela Polícia Federal, com base na Lei do Racismo por
procedência, dos internautas responsáveis pela campanha contra os
nordestinos, lançada logo após a divulgação do resultado da eleição.
Mas, se essa campanha é grave, mais grave ainda, para toda a
sociedade brasileira, tem sido a pregação constante, que já ocorre há
anos, pelos mesmos internautas, da realização de um Golpe de Estado, do
assassinato e da tortura de políticos e intelectuais de esquerda, e de
“políticos” de modo geral, além do apelo à mobilização para uma guerra
civil, incluindo até mesmo a sugestão da compra de armas para a
derrubada das instituições.
Cabe ao STF, ao Ministério Público, ao TSE, e aos tribunais
eleitorais dos estados, que estão diretamente afeitos ao assunto, e à
OAB, por meio de seus dirigentes, pedir, como está ocorrendo nos casos
de racismo, a imediata investigação, e responsabilização, criminal, dos
autores desses comentários, cada vez mais rançosos e afoitos, devido à
impunidade, e o estabelecimento de multas para os veículos de
comunicação, que os reproduzem, já que na maioria deles existem
mecanismos de “moderação” que não têm sido corretamente aplicados nesses
casos.
A Lei 7.170 é clara, e define como “crimes contra a Segurança
Nacional e a Ordem Política e Social, manifestações contra o atual
regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de
Direito”.
Há mais de 30 anos, pelas mãos de Tancredo Neves e de Ulisses
Guimarães — em uma luta da qual Aécio também participou — e de milhões
de cidadãos brasileiros, que foram às ruas, para exigir o fim do
arbítrio e a volta do Estado de Direito, o Brasil reconquistou a
democracia, pela qual havia lutado, antes, a geração de Dilma Rousseff,
José Dirceu, José Serra e Aluísio Nunes, entre outros.
Por mais que se enfrentem, agora, essas lideranças, não dá para
apagar, de suas biografias, que todos tiveram seu batismo político nas
mesmas trincheiras, enfrentando o autoritarismo.
Cabe a eles, principalmente os que ocupam, neste momento, alguns dos
mais altos cargos da República, assumir de uma vez por todas sua
responsabilidade na defesa e proteção da democracia, para que a
Liberdade e o bom-senso não esmoreçam, nem desapareçam, imolados no
altar da imbecilidade.
Jornalistas, meios de comunicação, Judiciário, militares, Ministério
Público, Congresso, Governo e Oposição, precisamos, todos, derrubar os
pilares da estupidez, erguidos com o barro pisado, diuturnamente, pelas
patas do ódio e da ignorância, antes que eles ameacem a estabilidade e a
sobrevivência da nação, e da democracia.
sábado, 8 de novembro de 2014
Lula desmente revista de banqueiros
É o maior uso de declaracoes sem aspas por milímetro quadrado
Como se sabe, a revista piauí (o “p” é minusculo, mesmo, como o
“bovino” do Mainardi) é de banqueiros por banqueiros e para banqueiros.
Como certa sobrevivente colonista (no ABC
) Iustre da Fel-lha, a piauí faz perfis implacáveis (e sem aspas) de
personagens que estejam dentro de certo espectro político.
Aí, é a impiedade (sem aspas) num ambiente de 180 graus.
Nos outros 180 graus, é uma doçura (com e sem aspas).
Dessa vez, a piauí navegou nas águas turvas do rompimento do Lula com a Presidenta !
Um sonho de consumo de banqueiros …
Deu no que se vê a seguir:
Na edição de outubro, a revista piauí
publicou matéria “A afilhada rebelde”, sobre a presidenta Dilma
Rousseff, afirmando inverdades atribuídas ao ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Na edição deste mês, a revista publica a carta enviada
por Lula (leia abaixo) junto a uma “Nota da Redação”, novamente com
mentiras baseadas em fontes anônimas. Reafirmamos que, mais uma vez, as
informações não foram checadas e não correspondem a verdade.
“Lamento profundamente que a edição de
outubro de Piauí tenha atribuído a mim declarações e atitudes que não
correspondem à realidade.
A reportagem abusa de fontes anônimas,
recorre a narrativas de segunda e terceira mão, mas não cumpre a regra
básica de conferir o que foi apurado.
A assessoria do Instituto Lula não foi procurada para confirmar, retificar ou esclarecer o que foi publicado.
Ao invés de informar, Piauí rebaixou-se a difundir o “disse me disse” de personagens ocultos.
Não têm procedência os comentários
sobre a presidenta Dilma Rousseff, atribuídos a mim, em supostas
conversas com empresários, muito menos fora do país. Nos últimos quatro
anos, não recebi em minha casa nem ofereci pizza a nenhum empresário.
Entristece-me o fato de ver minha
família mencionada nessa teia de futricas, sem ter a chance de
repudiá-las antes da publicação.
Reitero minha decepção pelo mau jornalismo praticado em uma revista com as ambições editoriais de Piauí”.
Luiz Inácio Lula da Silva
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
O “terrorismo” da Folha não tem torneira em casa
5 de novembro de 2014 | 14:06 Autor: Fernando Brito
O Operador Nacional do Sistema (Elétrico” divulgou nota chamando de “inverídica” (uma palavra gentil para mentirosa) a manchete da Folha de hoje.
Não é inverídica, é estúpida como um ato terrorista.
Porque parte de uma aparente “obviedade” para chegar a uma estupidez alarmista.
“Se não chover” é vago o suficiente para não dizer coisa alguma.
“Se não chover” hoje, não acontece coisa alguma. Se não chover por três meses, é um desastre.
Mas como assim “se não chover”, em pleno início de uma estação
chuvosa e as chuvas não apenas começaram quanto têm previsão de
continuar, com uma ou outra interrupção, até pelo menos a metade do mês?
E se os meteorologistas são unânimes em prever novembro, dezembro e janeiro com precipitações até acima da média histórica?
Não é possível continuar confundindo desejo político com a administração de bens essenciais à coletividade, como água e energia.
Ou achar que o mundo acabou com três dias sem chuva ou que tudo está
resolvido (ou teria de estar) se os mesmos três dias fossem chuvosos.
Se a Folha quer aplicar este tipo de premonição, já vão aí, na ilustração, as sugestões de “copidesque” em sua manchete.
Porque, “se não chover”, mesmo a lama da segunda cota de “volume
morto” que abastece metade dos paulistanos secaria até o final do ano.
Os
leitores são testemunhas de que aqui se tratou com absoluta severidade
da crise hídrica em São Paulo, mas isso não impediu que se registrasse
que, no curto prazo, as chuvas vão aliviar – sem resolver – a situação.
Não por “chute” nem por otimismo – porque otimismo, além de certo ponto, é tolice.
Mas porque o tempo, embora não seja previsível em termos absolutos, é
hoje previsível cientificamente, com dados de observação e modelos de
alta confiabilidade.
Como o que mostra, aí ao lado, a previsão de chuva acumulada no Brasil, produzida pela Climatempo, uma empresa privada.
Um jornalista não pode escrever sobre apenas “alguém disse”, embora
esteja na moda transformar em verdade absoluta até o que uma pústula
moral como Alberto Youssef “teria dito”.
Se for assim, fechemos os jornais e deixemos tudo por conta do Facebook. Curioso é que o mesmo exercício de catastrofismo poderia ser feito em relação a São Paulo, com muito mais base na realidade.
A poderosa redação da Folha, estupidamente, apresenta um gráfico escandalosamente errado.
Segundo ele, 47% é menor que 40%. E 15,8 é muito mais perto de 10% que de 20%.
Poderia ter feito o mesmo quanto ao cantareira.
Se não fez, este blog, modestamente, o faz.
Em vermelho, seus índices de armazenamento.
É preciso dizer algo sobre como cuidar da possibilidade de incêndio na sala enquanto o fogo arde na cozinha?
O grave é que o repórter que produziu a matéria, por iniciante ou por ignorar o assunto, até poderia ter errado.
Jamais seu editor, muito menos o editor de primeira página que a escolheu como manchete.
A menos que estejam se candidando a alguma vaga na Veja.
Operador Nacional do Sistema Elétrico desmente Folha
Em nota, Hermes Chipp diz que "não é verídica"
informação do jornal de que já estariam programados 'cortes seletivos'
de energia em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais se não chover
suficientemente no verão sobre os grandes reservatórios do País;
"Período de chuvas está se iniciando dentro da normalidade", afirmou
5 de Novembro de 2014 às 14:06
247 – Em nota, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS) registrou que "não é verídica" a informação publicada
no jornal Folha de S. Paulo, edição desta quarta-feira 5, de que
ocorrerão 'cortes seletivos' diante da iminência da falta de chuvas na
virada de 2014 para 2015.
- A informação contida na matéria de que o ONS 'cogita cortes
seletivos de energia para garantir o fornecimento nos horários de pico
em janeiro e fevereiro' não é verídica. O complemento de que 'essa
medida será necessária se as chuvas não forem suficientes para recompor
os reservatórios das hidrelétricas ao patamar de 30% em janeiro', não
tem fundamento, nem corresponde a declarações do Operador", informou o
órgão, em nota assinada pelo diretor-geral, Hermes Chipp.
O ONS negou que a assessoria de imprensa do órgão tenha confirmado o
alerta que teria sido feito por um diretor em reunião realizada com
agentes do setor na semana passada, segundo a matéria da "Folha de S.
Paulo". Chipp disse que a avaliação sobre o atendimento de energia no
período do verão será feito "mês a mês".
- Apesar dos níveis de armazenamento reduzidos dos reservatórios das
regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, o período chuvoso está se
iniciando dentro da normalidade, conforme as previsões dos institutos de
meteorologia, CPTEC/INPE e Cemaden", completou o órgão.
Tucanos desovam R$ 155 mi na Abril, Folha, Estadão, IstoÉ, Época e Panini
publicado em 2 de novembro de 2014 às 19:49
Sem medo de ser feliz, governo paulista desova mais de 155 milhões na Abril, Folha, Estadão, IstoÉ, Época e Panini
por NaMaria, do NaMariaNews
Pode isso, Arnaldo? Claro que sim. Em São Paulo pode tudo.
Em minha primeira entrevista a Conceição Lemes, do Viomundo, (em 14/outubro/2010), NaMaria: 250 milhões para a mídia em nome da Educação pública de SP,
mostrei a dinheirama que, de dezembro de 2004 a julho de 2010, o
Governo de São Paulo pagou à mídia, certas editoras e gráficas a título
de execução de “projetos pedagógicos”: mais de R$250 milhões, quase
absolutamente tudo sem licitação.
Atendendo a pedidos, resolvi atualizar parte das as tabelas, com os
gastos, negociações, trocas, favores, benesses e coisas do gênero
“pedagógico” do governo paulista, começando com a Editora Abril e seus
produtos, incluindo a Veja; as revistas IstoÉ, Época e Galileu. Passo pela Editora Panini com as compras das revistas da Mônica, Cascão e Mônica Jovem. Finalizo com os jornais Folha e Estado de SP.
Compras absolutamente sem licitação, apoiadas na Lei 8666 de 1993, artigo 25.
Tudo em nome da boa pedagogia, da boa escola, com o nosso dinheiro
saindo pelos ladrões da Fundação Para o Desenvolvimento da Educação –
FDE, que é quem “cumpre as demandas” e contratos da Secretaria de Estado
da Educação de SP, sob as ordens maiorais do governo estadual.
São Paulo, o mais novo sertão do país (graças às excelentes gestões
suseranas), é comprovadamente o latifúndio dos tucanos – que fazem o que
bem entendem, como querem, com quem desejam e das maneiras mais
“criativas” que o ser humano comum sequer consegue imaginar.
Mas podemos, pacientemente, perseguir as pistas no DO – Diário Oficial.
Esta atualização cobre os governosde
Geraldo Alckmin (PSDB, 2003-2006), Cláudio Lembo (após renúncia de
Alckmin, 2006-2007 / PFL), José Serra (PSDB / 2007-2010), Alberto
Goldman (PSDB / 2010-2011, após renúncia do Serra), e novamente do
Geraldo Alckmin (PSDB, de 2011 até o presente – e futuro, já que foi
reeleito em 2014).
Também incluí duas compras especiais. Uma de Gilberto Kassab quando
prefeito, em 2010 (na época, DEM, atualmente PSD), em nome da Secretaria
Municipal de Educação, sob a tutela do Secretário Sr. Alexandre Alves
Schneider.
Outra, mais recente, do município de Franca, distante 400 km da
capital, cujo prefeito (Alexandre Augusto Ferreira) é do PSDB, e cuja
Secretária da Educação (Fabiana Granado Garcia Sampaio) parece
reconhecer os méritos da Editora Abril, desconsiderando outras e
melhores concorrentes.
Que se registre e confira: o que aqui se apresenta é uma pequena
amostra dentro de um imenso universo. Ou seja: o que acontece aqui pode
estar ocorrendo onde você vive. Não há dúvidas.
Para melhor se situar, também proponho que sejam (re)vistas as matérias com o marcador Compras Sem Licitação, bem como a segunda entrevista dada à Conceição Lemes do Viomundo (em 1/outubro/2014): Como a Veja manejou a Educação Pública brasileira.
Abaixo seguirão os dados já existentes em tabelas anteriores, com as devidas novidades indicadas com *.
O valor encontrado apenas nessas tabelas é de uma beleza profunda.
Foram gastos do dinheiro público, em papel, encalhes e quinquilharias
tidas como “fontes de boa informação e educação” a mixaria de, pasmem!, R$ 155.528.143,37.
Como era de se esperar, os valores aumentaram muito:
Editora Abril: SAI de R$ 52.014.101,20
–> AUMENTA para R$ 81.759.111,73 (= 57%)
Folha e Estadão juntos: SAEM de R$ 10.546.769,60
–> AUMENTAM para R$ 27.199.529,20 (= 157%)
Revista Isto É: SAI de R$ 2.464.178,00
–> AUMENTA para R$ 5.010.792,20 (= 103%)
Revista Época e Galileu: SAEM de R$ 4.311.752,56
–> AUMENTAM para R$ 8.357.854,76 (= 93%)
Revistas Mônica, Cascão e Mônica Jovem: SAEM de R$ 26.789.290,28
–>AUMENTAM para R$ 33.200.855,48 (= 24%)
Do mesmo modo que aumentaram descaradamente a imoralidade e a vergonha. Concordam ou não?
Comprovem analisando as tabelas abaixo. REVISTAS NOVA ESCOLA/ GESTÃO ESCOLAR /
GUIA DO ESTUDANTE e REVISTA DO PROFESSOR /
RECREIO / ATLAS NATIONAL GEOGRAPHIC / VEJA
EDITORA ABRIL / FUNDAÇÃO CIVITA
CONTRATO + LINK DO
VALOR
18.160 assinaturas (renovação)Revista Nova Escola (DE’s/Ofs.Pedags/Escolas) SÓ HÁ 2 REGISTROS EM DO – onde e quando o contrato inicial?
Repito o que eu disse na primeira entrevista, de 2010:
O fato é que, embora tenhamos dinheiro
e profissionais para tornar a educação pública de São Paulo equivalente
às melhores existentes no mundo, os “negócios” tornaram-na um lixo. É
necessária uma devassa nos contratos da FDE e da SEE-SP. Quem vai fazer
isso com isenção e seriedade necessárias?