segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A crise hídrica no Sudeste não tem solução de curto prazo, diz relator da ONU



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Publicado na DW.
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A crise hídrica no sudeste não tem solução a curto prazo a não ser chuva e redução do consumo, afirma Léo Heller, futuro relator das Nações Unidas para o Direito à Água e ao Saneamento Básico. A partir de 1º de dezembro, o pesquisador e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai substituir a portuguesa Catarina de Albuquerque na ONU. O mandato dura três anos e pode ser renovado pelo mesmo período.
“Já estão adotando todas as medidas necessárias e usando o volume morto do reservatório. No curto prazo, é muito difícil pensar em outras soluções”, afirmou Heller, em entrevista à DW Brasil.
Caso não chova nos próximos meses, alerta o engenheiro, a situação pode ficar “dramática”.
Ele considera que o volume de água desperdiçada ao longo do sistema de abastecimento brasileiro “não é admissível”. “Ao invés de buscar novos mananciais, é mais ético trabalhar na redução dessas perdas.”
Heller é cauteloso ao falar do tratamento do esgoto para transformação em água de reúso. Recentemente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou a construção de uma estação que irá empregar a técnica, com o objetivo de aumentar a oferta de água.
DW Brasil: O que o senhor acha que poderia ter sido feito para minorar a seca no sudeste?
Léo Heller: Deveria ter tido um planejamento mais adequado, que levasse em conta a possibilidade de estiagem, que é um fenômeno natural e sazonal. Esses momentos precisam ser incluídos no planejamento. Os atuais mananciais e captações de água têm sido insuficientes para atender a demanda, isso requer aumentar e diversificar as fontes de água, não só quantitativamente, mas qualitativamente. Isso inclui água subterrânea e de chuva, por exemplo.
E do ponto de vista da demanda?
É preciso reduzir as perdas no sistema de abastecimento de água. Além disso, poderíamos consumir menos água com mudanças nos hábitos da população e com equipamentos mais econômicos, como a descarga dual (com dois botões, um para resíduos sólidos e outro para líquidos). Algumas cidades estão incentivando a captação da água da chuva no nível domiciliar para alimentar a descarga dos vasos sanitários. É uma solução muito inteligente, porque usamos uma água de altíssimo padrão, sem necessidade. E é onde mais se consome água nos domicílios.
O que pode acontecer caso não chova nos próximos meses no sudeste?
A situação ficaria dramática e precisaríamos intensificar o racionamento. Eu prefiro pensar no longo prazo, que os gestores tomem as providencias necessárias para que, no próximo verão, isso não volte a acontecer.
Então, no curto prazo, não tem muito o que possa ser feito…
Não, não tem. Exceto campanhas para que as pessoas economizem. Já estão adotando todas as medidas necessárias e usando o volume morto do reservatório. No curto prazo, é muito difícil pensar em outras soluções.
Que medidas preventivas poderiam ter sido tomadas para economizar água?
Deveríamos ter feito gestão da demanda, trabalhado para diminuir o consumo de água, com campanhas contra o desperdício e combate às perdas. A redução da pressão também ajuda a diminuir o consumo. Todas essas medidas deveriam ter sido tomadas preventivamente.
Como o senhor vê a tentativa transferir água do Rio Paraíba do Sul para o Cantareira?
A transferência de água de uma bacia para alimentar a captação de outra, se for realizada e gerenciada de forma inteligente, pode ser uma solução. Desde que, obviamente, essa transferência não comprometa a água da bacia doadora. Aparentemente, estudos desenvolvidos pela própria ANA [Agência Nacional de Águas] mostram que isso não colocaria em risco o abastecimento dos outros estados. Mas isso precisa ser feito com muito cuidado.
Há uma mentalidade de que a água é um recurso infinito. Essa crise hídrica pode mudar isso? 
A crise no sudeste alerta para a necessidade de uma mudança de paradigma da gestão de água. Ela não é infinita e ela não tem um volume constante ao longo do ano e das décadas. Alguns autores falam que o abastecimento de água deve mudar de uma lógica linear – captação, uso e descarte – para uma lógica mais circular, com o reúso e outras fontes. Precisamos sair de uma acomodação e investir não só em novas obras, mas na modernização da gestão. É muito possível que uma parte do problema atual tenha origem nas mudanças climáticas globais, o que sinaliza que esse fenômeno pode ocorrer com mais frequência.
O que o senhor acha da proposta de multar pessoas que, por exemplo, seguem lavando carros e calçadas com mangueira, apesar da seca?
Associada a um conjunto de medidas, a multa pode ter efeito. Isoladamente é quase uma transferência de responsabilidade, como se os culpados fossem os usuários e o gestor não tivesse nenhuma responsabilidade. Isso não é correto. De certa forma, os modelos de tarifação de água hoje já incluem essa lógica, porque quem consome muito paga mais pelo metro cúbico. Só que esse modelo tarifário se demonstrou incapaz de coibir esse tipo de desperdício. Mas nós não temos ainda condições empíricas para dizer que as multas contribuiriam a redução do consumo. Pode ser que um proprietário muito rico concorde em pagar mais para continuar desperdiçando.
Estudiosos têm alertado para o desmatamento ao redor de represas, como o Cantareira, e mesmo na Amazônia, como um dos agravantes da seca. O senhor concorda que se dá pouca importância a esse fator no gerenciamento da água?
Sem dúvida. Os profissionais da hidrologia sabem muito bem disso. Não é apenas o desmatamento ao redor das represas que tem impacto, mas nas bacias hidrográficas inteiras. Quando há alterações importantes, no sentido de remover vegetação, ampliar a urbanização e iniciar práticas agropecuárias, a bacia perde sua capacidade de armazenar água. Ou seja, em época de estiagem, a vazão dos rios vai ser cada vez menor. As bacias no sudeste são muito afetadas pela ação do homem, isso certamente explica parte do que está ocorrendo. Em relação à Amazônia, esse impacto ainda carece de uma comprovação mais firme.
Recentemente, o governo de São Paulo anunciou a construção de uma estação que para fazer o reúso do esgoto. O Brasil está avançado em relação ao reaproveitamento da água em comparação com outros países?
Nós estamos muito atrasados. Há várias formas de reúso, como reaproveitar a água para a irrigação ou para o vaso sanitário. Essa de transformar o esgoto em água potável é a mais radical. Existem tecnologias para isso, sim, mas são mais sofisticadas e nós estamos menos habituados a operá-las. É preciso muito cuidado, porque qualquer falha no processo pode levar a uma insegurança sanitária da população. E as falhas são possíveis em um processo novo, quando não temos mão de obra qualificada para isso. Tem que ter um controle muito fino ou podemos trazer risco para a população.
O senhor mencionou o reúso domiciliar, mas o que poderia ser feito em larga escala?
É possível pensar em grandes reservatórios de água de chuva para usos menos nobres. O problema é que muitas vezes esse reúso implica uma grande reformulação dos sistemas, tanto públicos, quanto domiciliares. Alguns países têm rede dupla na rua, uma para água mais pura e outra mais impura. Em uma cidade que já esteja totalmente consolidada, essa transformação é muito penosa. O que parece mais viável são pequenas mudanças em nível domiciliar, mais do que municipal. A tecnologia existe para qualquer tipo de reúso, mas precisamos observar a segurança sanitária, a viabilidade técnica e econômica.
O Brasil tem uma taxa alta de perda de água ao longo do sistema. O que pode ser feito em relação a isso?
Temos uma taxa média nacional de perdas na distribuição de 37%, segundo o SNIS [Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento]. É bem alta. Dificilmente chegaria a zero, mas os engenheiros trabalham com uma meta de 25%. Abaixo disso, costuma ser pouco viável economicamente. Ao invés de buscar novos mananciais, é mais ético trabalhar na redução desse desperdício. Para isso, faltam investimentos públicos e um programa de controle de perdas mais efetivo. Existem incentivos do governo federal, mas muitas vezes os gestores se acomodam e preferem fazer novas obras de infraestrutura do que trabalhar nesse ajuste fino, que requer um trabalho de detetive e dá pouca visibilidade. Do ponto de vista ético, não é admissível perder tanta água no sistema.
O que o senhor, como brasileiro, acha que o nosso país pode contribuir nesse debate sobre água e esgoto no mundo?
O Brasil avançou muito nos seus marcos legais e institucionais, isso pode ser um exemplo interessante. Nós temos agora uma lei nacional que estabelece a regulação da prestação do serviço de água e esgoto, além de um plano nacional e uma estrutura no governo que cuida disso. Também tem havido certa estabilidade nos financiamentos públicos federais para a área. Esse conjunto de medidas terá efeitos de longo prazo, elas prepararam o país para avançar muito na ampliação do acesso ao saneamento.
A maior parte dos brasileiros não tem acesso a tratamento de esgoto. Quais são os desafios para a universalização desse serviço?
Sem dúvida isso tem avançado lentamente, mas tem avançado. O Plano Nacional de Saneamento Básico dá prioridade a isso. A ideia hoje é não implantar nenhum sistema de coleta de esgoto sanitário que não tenha tratamento. Isso já vem sendo feito, mas nós temos um passivo muito grande e superá-lo é um desafio enorme.
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Crise hídrica: A histórica incompetência gerencial de Alckmin, por Sérgio Reis


Crise hídrica: A histórica incompetência gerencial de Alckmin
Dos últimos 20 anos, Geraldo Alckmin esteve em posições-chave na Administração Pública do Estado de São Paulo em 18 deles – 90% do tempo, que corresponde a uma geração inteira. Ele foi Vice-Governador de Mario Covas entre 1995 e 2001. Com o falecimento do Chefe de Estado, assumiu o Governo e lá se manteve – foi reeleito, em 2002, e continuou como Governador até 2006, quando renunciou ao cargo para tentar ser Presidente da República (foi derrotado por Lula, tendo tido menos votos no segundo turno do que no primeiro).
Após sequer conseguir chegar ao segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2008 (quando parte do próprio PSDB rifou sua candidatura para apoiar Kassab, que seria reeleito contra Marta Suplicy), foi convidado por José Serra, então Governador, para assumir a Secretaria de Desenvolvimento do Estado. Alckmin a ocupou entre 2009 e 2010, quando saiu para disputar novamente o Governo de São Paulo e sagrou-se vencedor, já no primeiro turno, por estreita margem acima da metade dos votos válidos necessários para tanto.
Não há, portanto, nesses últimos 20 anos da história do Estado de São Paulo alguém tão intimamente conectado à estrutura de poder vigente como Geraldo Alckmin. Quem estuda ou acompanha políticas públicas sabe que a transformação significativa de uma realidade muito dificilmente ocorre no curto prazo. Aliás, é o enorme distanciamento histórico entre sociedade e Estado no Brasil um fator relevante para explicar a impaciência de parte da população com a falta de impacto das políticas públicas na realidade, na mesma medida em que muitos se impressionam com o surgimento de viadutos, pontes e novas avenidas – e daí emerge o fenômeno do populismo urbano (o adhemarismo e o malufismo em São Paulo, o rorizmo e o arrudismo no Distrito Federal, e assim por diante), que teve (e ainda tem) tanta aceitação em nosso contexto.
Quando falamos da política de recursos hídricos, então, a dificuldade de se observar resultados concretos no curto prazo tende a ser maior ainda. São muitas variáveis incluídas nas análises feitas durante o processo de formulação; há, em geral, uma curva de maturidade imensa no desenvolvimento dos projetos, que em sua maioria tendem a ter um tamanho expressivo; existe a necessidade de inversão de muitos recursos – nem sempre disponíveis. É claro que a inteligência e a criatividade permitem com que os gestores e os políticos sintonizados consigam contornar algumas dessas quase inevitáveis exigências, mas ainda assim não é um processo trivial trabalhar temas como esse, de forma transformadora, em pouco tempo.
Mas esse não pode ser um argumento-subterfúgio de Alckmin. Mesmo diante da complexidade e do desafio embutidos no desenvolvimento de uma política de recursos hídricos capaz de endereçar as exigências contidas em um estado como São Paulo, houve muito, muito tempo para que ele tivesse dado conta dessas questões. Até quando tratamos de política pública e a enxergamos da perspectiva da transformação sistêmica, duas décadas expressam um tempo mais do que suficiente. E Alckmin, situado nas mais favoráveis posições de poder ao longo de todo esse período, falhou retumbantemente.
Se não era possível imaginar que, diante de seu provincianismo enquanto político, viesse a promulgar ações de gestão que fossem imaginativas, ao menos do ponto de vista do “obrismo puro” ele não poderia decepcionar o cidadão paulista. Mas nem aí foi prodigioso: não houve uma construção sequer que tenha sido entregue no prazo, não houve um grande projeto qualquer que tivesse sua fase de planejamento terminada no marco temporal delimitado; nem os documentos ou relatórios que orientariam o processo de formulação das melhores alternativas foram concluídos no deadline inicialmente previsto.
No primeiro grupo, daria para citar a reversão do Taquacetuba, do Guarapiranga, que atrasou pelo menos 9 meses e deixou milhões de pessoas em água em 2000; a conclusão e a entrega das represas de Biritiba-Mirim e Paraitinga, do Alto Tietê, previstas para 2002 e disponibilizadas apenas em 2005; a estação de tratamento Taiaçupeba, que poderia ter sido concluída em 2007 mas ficou pronta apenas em 2011-2; mesmo a obra para a captação da primeira cota do volume morto do Cantareira, embora entregue no prazo, estava incompleta, conforme nos mostrou Fernando Brito à época.
No segundo grupo, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) da mencionada ETA Taiaçupeba, que demoraram mais de 3 anos para ficarem prontas; as PPPs do São Lourenço, que levaram 6 anos para terem apenas o seu projeto concluído (o prazo inicial era de menos de 3 anos); o projeto da transposição do Paraíba do Sul, previsto desde 2004, e não concluído até hoje; o projeto de Duas Pontes e Amparo, pensado desde uma primeira prospecção em 2004 e só agora entregue.
No terceiro grupo, constam a maioria dos termos previstos na Outorga do Cantareira de 2004: os planos de contingência, que eram para ter sido concluídos em 2005, só o foram em 2010; o plano de redução da dependência desse Sistema, que era para ter sido apresentado em fins de 2006, mas só o foi em 2013 (tornou-se o Plano Diretor para o Uso da Água da Macrometrópole); a atualização das curvas de cota-volume dos reservatórios (essenciais, agora, no contexto do uso do volume morto), que deveria estar pronta em 2005, só concluída em 2008; a revisão dos estudos hidrológicos, também prevista para 2005, e terminada apenas em 2009. Há muitos e muitos outros exemplos.
Vemos, então, que seja do ponto de vista da formulação, seja da perspectiva do planejamento, seja do viés da implementação e da gestão das políticas públicas relacionadas à questão hídrica, a atuação de Geraldo Alckmin não foi nada menos do que desastrosa. Muitos sinais de alerta foram acesos, seja por técnicos do próprio Estado, seja pela sociedade civil, seja pela Academia. A capacidade de intervenção do “vice (2x)/governador (2x)/secretário/governador”, ativamente presente como ator de primeira ordem em 18 dos 20 anos de domínio do PSDB em São Paulo, foi, então fragorosamente insuficiente.
Na verdade, como já disse antes, a tragédia hídrica era para ter ocorrido há vários anos. Estávamos, o tempo todo, na corda-bamba do clima, surfando na onda de São Pedro. Assim que o clima deixou de ser imensamente favorável, foi desnudada a fragilidade de seu modelo de gestão. Chances para contornar o cenário como o atual, ele teve muitas. Nunca superamos, na verdade, o estresse hídrico historicamente vivenciado por São Paulo. Alckmin ficou sempre, contudo, aquém das metas que ele mesmo propôs, daquelas colocadas pela população e daquelas impostas pelo contexto. Não é preciso dizer que, em várias outras áreas de política pública, observamos a mesma incompetência. Quando apareceu a variável fora da curva, que lhe tirou da velocidade de cruzeiro, ele fracassou, e expôs o amadorismo com que enxerga a coisa pública. Por que mereceria mais quatro anos?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Lula: PiG julga o PT antecipadamente

“Todo vazamento é contra o PT”, disse o Presidente na abertura do V Congresso Nacional do partido
"O PT cometeu o crime de acabar com a fome. Cometeu o crime de fazer o maior programa de transferência de renda" (Foto: Ricardo Stuckert)

Em discurso no lançamento do V Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, o Presidente Lula criticou a oposição pela postura adotada após a derrota na eleição presidencial e comparou o andamento da Operação Lava-jato com o que ocorreu no processo do chamado Mensalão.

“Agora a bola da vez somos nós. O PT não pode continuar crescendo, tem que ser atacado de todos os lados, em todas as frentes, com artilharia leve e pesada,  não importa se é verdade ou mentira. Vamos tentar difamar, destruir esse partido. No processo do mensalão, os companheiros que foram julgados já estavam condenados. Esse processo da Petrobras, o que a gente está vendo é que quando chegar na Suprema Corte, quando o Teori (Zavascki) for analisar a delação premiada, instrumento criado por nós, a imprensa já vai ter condenado. Todo o vazamento é contra o PT. É preciso dizer que foi o PT ”, afirmou nesta quarta-feira (10), em Brasília.

Sem citar Aécio Neves (PSDB), candidato derrotado pela Presidenta Dilma Rousseff, Lula se referiu às recentes manifestações convocadas pelo senador. “A Dilma tem que governar. Ela não pode ficar atrás de passeata, não. Deixa a mulher trabalhar, gente. Ela ganhou as eleições. Se enfiar todos eles um dentro do outro, eles não são mais honestos do que eu. Quando eles não têm argumento para fazer o debate político, o debate da economia, o debate da política social, a corrupção é o único discurso da direita em todo lugar do mundo. Se valeu para eles, para mim não vale”.

Em tom irônico, Lula comentou as denuncias feitas pelos partidos de oposição, em especial o PSDB, contra o PT. “A presidente Dilma tentou explicar isso muitas vezes na campanha eleitoral, mas nossos adversários nunca quiseram compreender, como se quem faz campanha pedindo dinheiro para empresário fosse só o PT. Me parece que os tucanos arrecadam dinheiro em campanha como o Criança Esperança, de tão nobre que eles são”, disse.

Para completar:  “Eles acham que a campanha não acabou e a gente não pode ficar fazendo essa disputa com eles.”



Futuro

O Presidente conclamou o partido a sair da defensiva e ajudar a presidente Dilma Rousseff no segundo mandato. “Não temos que ficar pensando apenas no futuro se a gente não construir o amanhã”, discursou.

“Ninguém tem que pensar neste momento em 2018, temos que pensar na posse da presidente Dilma e do sinal que temos que dar a esse país. Na expectativa que a presidente Dilma anuncie no dia 1º o que serão os próximos quatro anos do ponto de vista econômico, das politicas sociais, de desenvolvimento, de crescimento, para que a gente possa recuperar neste país a alegria.. É importante que a gente não perca de vista que os tempos que virão pela frente não serão fáceis”.

“Os tempos que virão pela frente não serão fáceis. Eles (oposição) não estão habituados a conviver com a democracia, muito menos a conviver com a democracia que faz política social para a maioria do povo brasileiro”, prosseguiu Lula, que buscou uma explicação para o ódio propagado contra o PT.

“O que me assusta é um programa como o Bolsa Família ser tão odiado por uma elite que joga fora de comida todo dia aquilo que falta na mesa de milhões de brasileiros. Todos nós somos petistas e queremos uma sociedade justa e igualitária para atender aos interesses do povo brasileiro. Não existe no mundo nenhuma experiência política mais bem sucedida do que o PT”, opinou para a plateia.

“Não nascemos para ser iguais aos outros. Nascemos para ser diferentes. Não nascemos para fazer campanha igual aos outros. É preciso voltar a construir sonhos. É preciso voltar a construir utopias. Porque a humanidade não caminha sem esperança, sobretudo em um momento histórico em que a humanidade está digitalizada. No momento em que somos atacados, no momento em que essa juventude pouco conhece da gente, e conhece apenas do massacre que somos vítimas nesse país”, sugeriu o Presidente.

E finalizou: “O PT cometeu o crime de acabar com a fome. Cometeu o crime de fazer o maior programa de transferência de renda”.

A segunda etapa do congresso acontecerá entre os dias 11 e 14 de junho de 2015 em Salvador (BA).

Alisson Matos, editor do Conversa Afiada

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

5 milhões de paulistanos passarão virada do ano sem água


Grande imprensa descobre o Alto Tietê, que chega aos seus últimos dias
A não ser que 1) tenhamos chuvas absolutamente históricas ou 2) os técnicos da SABESP apresentem uma solução mágica (indisponível até o presente momento), quase 5 milhões de pessoas passarão a virada de ano sem água na região metropolitana de São Paulo em pouco mais de 20 dias. Como nem a primeira, nem a segunda possibilidade parecem factíveis, soa a cada instante mais provável a conjectura apresentada acima, hipótese que apresentei, pela primeira vez, em um texto publicado aqui no blog ainda em 18 de Julho - Um diagnóstico sobre a dramática situação do Sistema Alto Tietê  – há praticamente 5 meses, portanto.
Se a cobertura midiática sobre a crise hídrica já pode, em si, ser classificada como sofrível, a diferença no tratamento dado à situação do Cantareira quando comparado ao Alto Tietê é praticamente inexplicável (não por acaso, as fotos utilizadas em reportagem da Folha de hoje - para ilustrar a situação do Alto Tietê são de Julho!). Hoje, pela primeira vez, os grandes veículos de comunicação destacaram, como prioridade, o momento crítico enfrentado pelo segundo mais importante sistema de abastecimento de água de São Paulo. E, pela primeira vez, também aventaram a hipótese de que ele “pode colapsar”.
Uma primeira questão interessante, ao analisarmos o comportamento da mídia, é o desencontro de informações, sem réplicas ou críticas, que são produzidas pelos jornalistas. Na notícia do G1, afirma-se que a SABESP fala sobre a existência de uma reserva técnica, sem especificar seu tamanho ou o início de seu bombeamento. Já na notícia do R7 , coloca-se no título da própria matéria que o sistema não possui o tal volume morto. Para quem estuda o tema da transparência, o fenômeno do desencontro não pode ser catalogado de outra forma: trata-se de um case clássico de opacidade governamental. A gestão Alckmin, mais uma vez, demonstra o seu absoluto desinteresse em informar o cidadão, em produzir uma estratégia adequada de comunicação em situação crítica.
A guerra pela água está apenas começando, mas tudo o que o governo estadual diz é que não haverá problemas, e que a solução do bônus pela redução do consumo está sendo uma medida eficaz. Nada mais longe da realidade. Quando combinamos esse comportamento com a práxis conservadora da mídia, produz-se uma bomba-relógio, cada vez mais perto de explodir. Essa bomba mistura desinformação, ausência de incentivos colaborativos, crescente sensação de desespero e, é claro, a proximidade do esgotamento fático dos reservatórios. E nada, absolutamente nada, está no horizonte para mitigar quaisquer desses componentes trágicos para a população paulista.
A situação no Alto Tietê é tão grave, mas tão grave, que não é mais possível calcularmos em meses, mas sim em dias, a perspectiva de seu esgotamento. Para que tenham uma ideia, a represa de Biritiba-Mirim – aquela que começou a ter o seu volume morto extraído ainda na primeira semana de Outubro (o que foi confirmado pela SABESP apenas em Novembro) – está em um nível tão baixo, mas tão baixo, que sequer o Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê  é capaz de especificar o quanto de água ainda restaria nesse reservatório.
Em Julho, após analisar esse documento, produzimos uma planilha (que foi compartilhada aqui no blog e que tem sido, até mesmo, utilizada por técnicos interessados na questão) a partir de uma regressão polinomial para podermos calcular o quanto de água ainda restava disponível em cada uma das represas do Alto Tietê – considerando-se os dados atualizados a cada 10 minutos no Sistema de Alerta de Inundações, o SAISP. No Plano supramencionado, são indicados alguns pontos-chaves de cada um dos reservatórios (cotas mínimas operacionais, cotas máximas, valores intermediários e alguns valores abaixo dos mínimos, em alguns casos). Vale dizer que a precisão das informações é bem inferior ao observado para o Cantareira, já que neste caso um dos compromissos cobrados pela ANA, na Outorga de 2004, era justamente a atualização das curvas cota x volume de cada um dos reservatórios desse sistema.
No caso de Biritiba, sabemos que o mínimo operacional se encontrava na cota 752,5 metros, quando então a represa se encontraria, ainda, com 25,84 bilhões de litros. A cota mínima apresentada no Plano é a de 750 metros, quando então restariam 15,37 bilhões de litros de água. Vale dizer que, em Julho, o DAEE teria autorizado a SABESP a retirar 10 bilhões de litros desse reservatório. E, em novembro, quando observamos aquela subida repentina do nível do Alto Tietê de 6,5% para 8,9%, vimos a imprensa noticiar, sem qualquer juízo crítico, que as chuvas teriam sido responsáveis por tal elevação, em apenas um dia. Depois, contudo, o governo afirmou que 1,8 pontos percentuais dessa subida teriam se dado em razão da adição dessa nova parcela – o que configuraria, acima de tudo, uma falta informação, levando-se em conta que parte considerável dessa fatia já havia sido consumida. Mas boa parte da mídia se “esqueceu” de noticiar essa correção, ao ponto de, agora, ficar em dúvida sobre a existência, ou não, se um volume morto extraível no Alto Tietê.
E em que nível se encontra, afinal, a represa de Biritiba? Neste momento, ela se aproxima da impressionante cota 748. Para sabermos o quanto, em termos nominais, ainda resta de água, temos de voltar às equações. Descobrimos que o “zero absoluto” desse reservatório se encontra na cota 744. Pela análise dos dados, chegamos à conclusão de que sobram, neste momento, cerca de 9 bilhões de litros de água. Por dia, a represa “perde” mais de 400 milhões de litros, algo entre 15 e 20 cm. Obviamente, quanto mais fundo se vai, maior é a diminuição das cotas, já que as represas tendem a possuir o formato “funil”. E, quanto mais fundo se vai, mais difícil se é de extrair os volumes restantes. Não é um exagero, por exemplo, pensarmos que o último metro de água não possa ser retirado. E não é pessimismo, portanto, constatarmos que, na verdade, algo como apenas 7 bilhões de litros poderão ser transferidos de Biritiba. Isso dá não mais do que 18 dias. O curioso é que, portanto, a SABESP já retirou algo como 160% do volume morto autorizado para essa represa. Logo, ela não terá condições sequer de atender às especificações da outorga com relação às afluências para os rios a montante, de forma que se corre o risco premente de inviabilizar o abastecimento das cidades que captam a água dessa forma. E aí, nenhuma nota do DAEE a respeito, nenhuma cobrança pública da SABESP, nenhuma estratégia alternativa a ser implementada?
E o que acontece a partir daí? Simples. Biritiba é a “represa do meio”, unindo Ponte Nova e Paraitinga aos reservatórios de Jundiaí e Taiaçupeba. Ela é central, tanto de um ponto de vista geográfico como hidrológico. Com seu completo esvaziamento, ou é cessada a comunicação com as represas anteriores, ou, mais provável, passa-se a depender consideravelmente mais das contribuições dessas duas para que os 12 m³/s que precisam chegar até a população possam vir a ser produzidos. O problema é que a situação de todas as demais represas também é absolutamente crítica.
Paraitinga, por exemplo, está, em tese, com cerca de 22% de sua capacidade. Parece bastante, mas o seu comportamento ao longo dos últimos meses nos mostra que há dificuldades operacionais significativas para que seja possível transferir o pouco de água que resta. Pouco, sim, porque são apenas 8 bilhões de litros. Um agravante – que talvez explique a dificuldade do seu funcionamento por gravidade – é o de que ela, definitivamente, não possui volume morto. Logo, ela se encontra em uma situação de quase colapso.
Ponte Nova é o maior dos reservatórios do Sistema Alto Tietê. Em volume útil, possui 290 hm³ disponíveis, quase 58% do total da capacidade dessas 5 represas juntas. No momento, no entanto, ela está em situação incrivelmente dramática. Restam, acima do nível operacional, não mais do que 4 bilhões de litros, menos de 2% de seu nível máximo, e algo como 30 cm de água acima dos níveis mínimos. E, pelo menos desde Outubro, a SABESP vem dependendo quase que exclusivamente do volume morto de Biritiba e do volume operacional restante de Ponte Nova para manter funcional o Alto Tietê.   No Plano supracitado, é dito que, em tese, ainda existiriam cerca de 43 bilhões de litros de água situados abaixo da cota mínima (755 metros). No entanto, os estudos feitos pela SABESP, ainda em Julho deste ano, ponderavam que apenas os volumes mortos de Biritiba e da represa Jundiaí poderiam ser captados. Como Ponte Nova tem perdido cerca de 400 milhões de litros ao dia, não é pessimismo considerar, então, que em apenas 10 dias ela deixará de transferir água adequadamente. E o que ocorre a partir daí?
No final da tarde, por sinal, tivemos a notícia  de que Alckmin "já" pediu autorização para explorar o volume morto de Ponte Nova. Já? Mesmo? Quanta tempestividade. Se o DAEE autorizar amanhã, as obras ficarão prontas até que o volume útil se esgote (os 10 dias aventados acima)? Provavelmente, não, levando-se em conta que processos similares tomaram 2 meses da SABESP. E mesmo que fique, o que representam 40 bilhões de litros, se plenamente extraíveis, caso não chova? Um mês e meio, quem sabe? E depois?
Sobram, então, as represas Jundiaí e Taiaçupeba. Desde praticamente o mês de Julho, Jundiaí se encontra no mesmo nível crítico. Equilibrando-se em uma corda bamba, a SABESP tem buscado transferir a água de Biritiba até Jundiaí, e de Jundiaí até Taiaçupeba sem reduzir ainda mais o nível da segunda. E por que razão? Simples. Jundiaí não tem sequer 1 bilhão de litros de água acima do zero operacional. Sendo mais específico, são 7 cm de água, e nada mais. E, se levarmos em conta uma reportagem do G1 de Novembro, parece que a SABESP desistiu de buscar captar o volume morto dessa represa.
Talvez como parte desse contexto desesperador, a SABESP buscou preservar a represa de Taiaçupeba, a última por onde passa a água até chegar à estação de tratamento, de mesmo nome. Após ter chegado a ter menos de 6 bilhões de litros, hoje possui quase 10. Todavia, no caso de colapso total das demais represas, esse volume não duraria mais do que 12 dias. E, como vimos, o caos total, em breve, está absolutamente na ordem do dia. Se a medida mais efetiva do Governo Alckmin é o de contar com “as chuvas de Dezembro”, então logo passaremos a calcular o completo esgotamento do Alto Tietê em horas. E sem avisos governamentais com qualquer antecedência.
Alckmin parece ter tido aulas bastante tortuosas sobre o que é ser um estadista. Ou, pior, as aulas podem ter sido boas, mas ele não compreendeu o seu sentido. Em algum momento, entendeu e reproduziu a ideia de que enfrentar uma das situações mais complicadas da história paulista, a qual exigiria liderança, medidas drásticas e criatividade, na verdade seria lidada a partir de uma aparente tranquilidade - que expressa, na verdade, um terrível misto de apatia, provincianismo no tratamento do problema e pouquíssima abertura democrática. Pois essa postura de quem nega a gravidade das coisas e afirma estar no controle da situação, típica de heróis burlescos ficcionais, na realidade nos transmite a ideia de que ele possui um imenso desapreço pela cidadania diante dessa verve de que "a gestão é minha e eu só aviso o que estiver fazendo se os jornais pressionarem um pouco mais".
Longe de esboçar estadismo, Alckmin nos ensina sobre o que é o "populismo neoliberal": políticas públicas com transparência débil, parcas oportunidades de controle social, foco privatista, prioridade ao lucro mesmo nas emergências, discurso chocho, com sabor de chuchu. A fórmula, apesar de asséptica, é altamente populista, já que se volta meramente à sobrevivência política do mandatário. A novidade conceitual está em seu viés neoliberal, o qual busca criar uma "cola" direta entre governante e indivíduo (e não um corpo social), o que é viabilizado a partir da mítica retórica do bônus, que retoma o homus economicus dos velhos manuais de microeconomia. Todo esse caldo pode até funcionar, de um ponto de vista eleitoral, na tão conservadora São Paulo. Mas os resultados práticos desse modelo de gestão, a cada dia, vão nos mostrando o equívoco monumental que representam, na medida em que, reiteradamente, expressam a mais primária negação a respeito da profundidade - sem trocadilho - da tragédia hídrica vivida por São Paulo.
Curva Cota-Volume do Biritiba
Cota x Volume do Volume Morto do Biritiba
Comparação Julho/Dezembro
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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014



Facebook, o novo PiG.
(E maior !)

Quem disse que a tecnologia é neutra ?



O Conversa Afiada reproduz importante post de ​Luciano Martins Costa, a partir da Carta Maior:


O novo sistema de poder



O Facebook não tem obrigação de revelar como manipula o sistema de notícias e tem se tornado um novo sistema de poder sem controle social.


Luciano Martins Costa – Observatório da Imprensa


As empresas de jornalismo estão perdendo o controle do que é notícia. O domínio de empresas de tecnologia na produção e distribuição de conteúdo informativo e opinativo está criando uma nova esfera pública, cujos controladores não estão especialmente preocupados com transparência e ética.

Esse é o tema de publicações recentes sobre a maneira como a mídia tradicional ajuda, por omissão, a consolidar no mundo contemporâneo o poder quase absoluto dos tecnólogos que inundam o planeta com uma enxurrada ininterrupta de aplicativos cujas possibilidades as pessoas desconhecem. Uma das análises mais interessantes é feita por Emily Bell, diretora do Centro Tow de Jornalismo Digital, instituto de pesquisas da Escola de Jornalismo da Universidade Columbia, e foi considerada pelo Fórum Mundial de Editores como o mais importante texto sobre o futuro do jornalismo divulgado neste ano (ver aqui, em inglês, a versão editada para o Instituto Reuters, de Oxford, publicada na terça-feira, 2/12). Sua principal qualidade está em marcar o esvaziamento do poder do jornalismo em definir sua própria natureza.

Emily Bell observa que as principais decisões que impactam o espaço público da comunicação estão sendo tomadas por engenheiros que raramente pensam em jornalismo, em impacto social da informação ou na responsabilidade sobre como notícias são geradas e disseminadas. “Jornalismo e liberdade de expressão se agregaram como parte de uma esfera comercial onde as atividades de notícias e jornalismo se tornaram marginais”, alerta a pesquisadora.

Apontada como responsável pelo renascimento do grupo britânico Guardian, do qual foi diretora de conteúdo digital, ela lembra também que nenhuma das principais iniciativas tecnológicas que dominam o serviço de relacionamentos e interações entre pessoas foi criado ou pertence a empresas jornalísticas.

Como as plataformas de mediação social não estão interessadas em contratar jornalistas ou criar estruturas para a tomada de “decisões editoriais”, atividade altamente complexa e custosa – conclui –, o espaço público fica à mercê dos interesses do mercado de tecnologia.

Onde mora o perigo

Emily Bell comenta que o Facebook usa um conjunto de complicadas fórmulas para decidir como as notícias vão para o alto das páginas pessoais dos usuários; esses mecanismos não apenas determinam o que o indivíduo vai ver, mas também definem, pela constância do uso, o modelo de negócio das plataformas sociais. Esses algoritmos são secretos, não são alcançados pelas regulações que asseguram as liberdades básicas inerentes ao direito à livre informação e à privacidade e, pior, podem ser alterados sem aviso prévio.

A diretora do Centro Tow lembra que nenhuma outra plataforma na história do jornalismo criou tal concentração de poder, o que faz do jovem Gregory Marra um dos mais poderosos executivos do mundo. Ele é diretor de produto do sistema de notícias do Facebook e tem apenas 26 anos de idade. Recentemente, Marra repetiu no New York Times o refrão dos tecnólogos segundo o qual a tecnologia é neutra, porque não faz julgamento editorial sobre o conteúdo postado nas redes sociais. Pois é justamente aí que mora o perigo, diz Emily Bell.

Ainda que os engenheiros acreditem que não estão tomando decisões editoriais, é isso que fazem suas fórmulas matemáticas. Por exemplo, ela lembra, em junho deste ano pesquisadores registraram que o Facebook manipulou as fontes de notícias de 700 mil usuários para observar como diferentes tipos de informação poderiam afetar o humor das pessoas. A resposta: boas notícias deixas as pessoas mais felizes. A questão dos pesquisadores: como o Facebook ousa brincar, literalmente, com as emoções das pessoas?

Em 2010, a rede social fez outra experiência, para verificar como a inserção de notícias sobre eleição estimula pessoas a votar no sistema americano de voto facultativo. Um professor de Harvard pondera que o mesmo recurso pode convencer milhões de eleitores, por exemplo, a escolher determinado candidato.

Emily Bell conclui o artigo alertando que o Facebook não tem obrigação de revelar como manipula o sistema de notícias. Ela afirma também que a imprensa tradicional deveria parar de se deslumbrar com as filas para comprar o novo iPhone e olhar mais para a tecnologia como um novo sistema de poder sem controle social.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014



O esforço dos meios de comunicação para encontrar  — de qualquer maneira — uma ligação da campanha de Dilma Rousseff com os recursos da operação Lava Jato superou um novo limite na fronteira que separa a boa fé da manipulação mais descarada.
Tenta-se, agora, aproximar a delação premiada do executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, da campanha presidencial de Dilma em 2010. Todos os jornais destacaram que parte da propina paga para o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque eram “doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores”.
O que se esconde é um aspecto essencial. Mendonça Neto esclareceu no depoimento que não havia informado ao PT do motivo das doações.
É verdade que o executivo admitiu  ter mantido em 2008 uma reunião com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, na sede do diretório estadual do PT em São Paulo, quando disse que “gostaria de fazer contribuições” ao partido. Mas Mendonça Neto também disse no depoimento que “não mencionou a Vaccari que as doações seriam feitas a pedido de Renato Duque” e que seriam fruto de propina.
Vaccari então  orientou o executivo como doar de forma legal. Ou seja, o PT aceitou a doação na forma da lei. Está lá, entre aspas, na página 8 do depoimento de Mendonça Neto.
Este é o ponto espantoso. A divulgação seletiva de informações, de modo a atingir adversários e proteger aliados é uma tradição de nossos jornais e revistas. Mas raras vezes se fez isso de forma tão descarada, sem o cuidado sequer de manter as aparências. Vamos combinar que quem é capaz de vazar informações prestadas de caráter confidencial, como consta do documento, deveria, pelo menos, cumprir o dever de prestar um relato fiel daquilo que se disse a Justiça. Afinal, o que se quer é elevar o padrão ético de nossas práticas políticas e econômicas, correto? Ou não?
Outro aspecto é que os jornais preferiram confundir seus leitores ao repercutir a acusação de Aécio Neves que a doação legal ao PT em 2010 poderia tornar “ilegítima” o governo de Dilma Rousseff. No depoimento à Justiça do Paraná, Mendonça disse que as empresas Setec Tecnologia, PEM Engenharia e a SOG Óleo e Gás doaram legalmente R$ 4 milhões ao PT. Não existe nenhuma prova de que esse dinheiro tenha sido usado pela campanha de Dilma porque a legislação eleitoral da época não exigia a identificação da origem dos recursos transferidos entre partido e campanha, a chamada “doação oculta”. Isso só passou a ser obrigatório em 2014.
Com essa obrigatoriedade, sabe-se hoje que seis construtoras ligadas à Lava-Jato e com obras nos governos tucanos de Minas (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão) doaram R$ 34,17 milhões à campanha de Aécio Neves.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

SOBRAL: E MAIS UM BISPO É TRANSFERIDO DE SOBRAL, SERÁ QUE EXISTE ALGUMA RELAÇÃO COM O CASO IVÁ MONTEIRO?

 

EX-SUPERINTENDENTE DA SANTA CASA IVÁ MONTEIRO IRÁ DEPOR NA PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SOBRAL



O ex-superintendente da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, Ivá Monteiro, estará na Princesa do Noroeste nesta sexta-feira(21/11), para dar seu depoimento na Procuradoria da República, sobre o que sabe dos desvios de cerca de R$ 15 milhões dos cofres do hospital. Ivá Monteiro, considerado um homem “bomba”, chegou inclusive no plenário da Câmara de Sobral, a levar os nomes dos que roubaram a Santa Casa, afirmando que se tratava de dois médicos, um casal de advogados e um contador. Só não divulgaria os nomes porque não tinha imunidade parlamentar, mais os edis que quisessem divulgar, ficassem a vontade. Nenhum vereador quis arriscar a ler os nomes dos acusados pelo Ivá Monteiro.
fonte: politica em evidencia -Marcelo Marques

Bispo Dom Odelir José Magri será transferido de Sobral para Chapecó

A data da posse do Bispo em Florianópolis será divulgada posteriormente. Diocese de Sobral fica provisoriamente vacante - sem ninguém
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divulgação diocese
data da posse será divulgada posteriormente
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Dom Odelir José Magri, 6° Bispo de Sobral, 250,3 km de Fortaleza, será transferido para Chapecó, em Florianópolis. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 3, em informe do Vaticano. Ainda não há previsão sobre quem irá ocupar a vaga de Dom Odelir, segundo a direção da Diocese de Sobral.

Dom Odelir José Magri nasceu em 18 de abril de 1963, na cidade de Campo Erê, em Santa Catarina. Ele iniciou a profissão religiosa na Congregação dos Combonianos e recebeu a ordenação em 18 de outubro de 1992.

Segundo a Diocese de Sobral, entre 1992 e 1996, Dom Odelir atuou no Congo e  desde 2003 é assistente-geral da Congregação em Roma; desde 2009, ele atua como vigário-geral dos Combonianos.

A transferência de Odelir pegou de surpresa a direção da Diocese de Sobral, que informou ainda que a data da posse do Bispo em Florianópolis será divulgada posteriormente.
Outras transferências
O Vaticano também deliberou outras duas transferências de Bispos do Brasil. O Bispo de São Mateus (ES),  Dom Zanoni Demettino Castro, assume como Arcebispo Coadjutor da Arquidiocese de Feira de Santana (BA). A Diocese de Luziânia (GO) terá como novo Bispo Coadjutor  Dom Waldemar Passini Dalbello, até então Auxiliar de Goiânia (GO).
FONTE: OPOVO