quinta-feira, 29 de janeiro de 2015


Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, defendeu nesta quinta-feira 29 o ajuste fiscal anunciado pelo governo nas últimas semanas. Ele negou que as medidas contradigam o projeto de desenvolvimento do governo e ressaltou que elas são necessárias para a continuidade das políticas sociais.
No último dia 19, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou aumentos na tributação de cosméticos e mercadorias importadas, reajustes de juros sobre o crédito e mudanças na tributação que podem refletir em aumentos no preço do diesel e da gasolina.
Rossetto negou qualquer alteração ideológica, politica ou estratégica por parte do governo. "O que temos são limites fiscais. Não há alteração de rumo, de estratégia, nenhuma guinada. O governo tem que ter capacidade de modulação de suas políticas para sustentar a estratégia de crescimento, de geração de emprego, de aumento dos investimentos", destacou em entrevista durante café da manhã com blogueiros, no Palácio do Planalto.
"Ao longo da nossa experiência, o governo foi capaz de, com medidas econômicas, estratégicas, conjunturais, responder às mudanças de cenários externos e internos preservando a estratégia de crescimento com geração de emprego, preservando a renda do povo brasileiro, priorizando a renda pública para os grandes programas que garantem direitos sociais", avaliou.
Segundo o ministro, os impactos das medidas recém-anunciadas são bem menores do que o de ajustes fiscais adotados por países em crise, como a Grécia. Ele reafirmou que as medidas não vão comprometer os repasses para políticas sociais e disse que o governo prepara novos programas nessa área.
"A agenda do país é uma agenda de continuidade do crescimento, da geração de emprego, da preservação da renda, dos grandes programas que mudaram o país e que vão continuar com mais força e mais intensidade. Estamos preservando investimentos, programas sociais e vamos inaugurar novos para sustentar isso que ocorre no país, que são mudanças estruturais muito importantes", destacou Miguel Rossetto.
Perguntado sobre a eventual redução de direitos trabalhistas com as mudanças nas regras do seguro-desemprego, ele disse que as medidas foram tomadas para corrigir distorções no benefício e desestimular a alta rotatividade no mercado brasileiro. "Os direitos sociais são intocáveis. O que estamos fazendo é corrigir distorções. Estamos mantendo o seguro-desemprego". Na próxima semana, o ministro terá nova reunião com centrais sindicais para discutir as mudanças nas regras de concessão dos benefícios, que entraram em vigor por meio de medida provisória.
Confira aqui o áudio da conversa do ministro com os blogueiros.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Em 2018, Lula vai tomar uma Grécia pelas costas



Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania
A partir de segunda-feira da semana passada, a dita “grande imprensa” brasileira passou a tratar da mesma forma questões que estão longe de se nivelar. Como são questões que afetam diretamente a vida dos brasileiros – sobretudo os de São Paulo e Minas Gerais –, esse noticiário tem se constituído em virtual delinquência ideológica.
Apesar de ninguém que lê sobre política ser cego e surdo, vale rever exemplos de como a dita “grande imprensa” vem tratando questões absolutamente distintas, sobre fornecimento de água e luz. Apesar de os consumidores não estarem enfrentando os mesmos problemas para obter do Estado os dois serviços, a forma como são prestados está sendo tratada da mesma forma pela mídia, o que trata de desinformar o público, desviando-o da postura natural que deve ter para cada questão em particular.
Vamos aos exemplos de como a mídia trata o racionamento velado de água em São Paulo, a falta de água em algumas cidades mineiras, a mera queda do volume dos reservatórios no Rio de Janeiro e o fornecimento de energia elétrica.
Globo – Governo engana o povo quando descarta racionamento de energia
IG – Apagão desta semana foi apenas o primeiro do ano
Bom Dia Brasil – Racionamento de energia explica apagão
Porém, o texto que melhor desnuda a estratégia da autoproclamada “grande imprensa” de equiparar o que não pode ser equiparado é editorial do jornal Folha de São Paulo publicado neste domingo, onde os donos do jornal dizem, sem pudor, que o povo enfrenta no fornecimento de energia os mesmos problemas que enfrenta no de água – em SP e, em muito menor escala, em Minas Gerais.

Você, consumidor, é capaz de dizer que o que ocorre em São Paulo é comparável ao que ocorre nas outras instâncias supracitadas? Você, por acaso, tem conhecimento de que milhões de brasileiros ficam sem luz todo santo dia, sistematicamente, assim como há milhões de paulistas e mineiros que sofrem falta de água todo santo dia?
Conversa. Mentira. Enganação. Isso não existe. Não está acontecendo. Só o que existem são alguns “especialistas” levados a público por órgãos de imprensa que aderiram ao projeto político-eleitoral do PSDB e que OPINAM que PODE haver racionamento de luz no futuro.
Todavia, como este Blog mostrou em post recente, desde 2009 a “grande imprensa” já anunciou OITO vezes que o país estaria para começar a racionar energia. Em algum momento você teve notícia desse racionamento? Ou melhor: sentiu-o? Tem havido falta de luz sistemática no bairro em que você vive, em barros próximos ou em sua cidade?
Mesmo que algum leitor possa relatar um problema assim, jamais conseguirá PROVAR que esse problema tem ocorrido em mais do que alguns locais isolados e nunca, jamais por falta de energia, mas por conta da distribuição direta a consumidores, a cargo dos mesmos governos estaduais que também estão deixando faltar água, além de deixarem as Eletropaulos da vida deixarem faltar luz.
Não há racionamento de luz explícito ou velado – como em São Paulo – em qualquer parte do Brasil. Só o que houve foi apenas mais um dos 11 blecautes em mais de um Estado – e de breve duração, de poucos minutos ou horas – que ocorreram no país desde 2005 e que ocorrerão sempre em países continentais como o Brasil.
Há, sim, alguns jornalistas e seus empregadores afirmando, sob aval de “especialistas” de uma corrente opinativa só, que PODE, apenas PODE vir a haver racionamento. São previsões do futuro que se repetem há quase seis anos de forma sistemática, porém sem jamais terem se materializado.
Você até pode odiar o PT, mas acreditar que está acontecendo com você e com a sua comunidade o que NÃO está acontecendo, e só porque a Globo ou um jornaleco ou revista qualquer estão dizendo, é sinônimo de falta de inteligência, de credulidade, de irresponsabilidade e/ou de burrice mesmo. Pura e simples burrice.

Por que Alckmin foge do racionamento da água como o diabo da cruz

publicado em 23 de janeiro de 2015 às 21:18
Alckmin inaugurando o volume morto
Para o professor Júlio Cerqueira César Neto, o grande responsável pela atual crise da água é Alckmin: “É uma crise anunciada que começou a ser gestada em 2001, quando ele assumiu o governo de São Paulo”
por Conceição Lemes
24 março de 2014. Em entrevista ao Viomundo, o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, professor aposentado de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica da USP, denunciou que Alckmin e a Sabesp já faziam racionamento de água nas áreas pobres da capital há mais de dois meses e mentiam:
“Apesar de o nível do sistema Cantareira diminuir dia após dia, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) insiste: o racionamento de água está descartado em São Paulo”.
“Na verdade, o racionamento começou há mais de dois meses. A Sabesp já está cortando água em vários pontos da cidade de São Paulo e em municípios da região metropolitana, como Osasco, Guarulhos, São Caetano do Sul. Em português, o nome desses cortes é racionamento”.
“Só que essa forma de fazer o racionamento me parece completamente injusta, pois é  dirigida aos pobres; vão deixar os ricos para o fim”.
“Ao não contar todas as coisas que está fazendo, o governador mente”.
“O sistema  de chuvas funciona de acordo com ciclos naturais da natureza. Esses ciclos de secas e enchentes, menos água, mais água – chamados de ciclos hidrológicos negativos –, ocorrem naturalmente. Nós não temos influência grande nisso. Nosso sistema de abastecimento de água, portanto, deveria ter sido feito de forma a prevê-los e superá-los. Não é o que aconteceu”
“O nosso abastecimento de água está totalmente insuficiente em função das disponibilidades que o meio ambiente nos fornece. Se o governo do Estado tivesse feito há mais de 10 anos as obras de reforço necessárias, nós não teríamos falta d’água hoje”.
14 de janeiro de 2015. Quase dez meses após a denúncia do Viomundo e de ter passado toda a campanha eleitoral de 2014 negando o racionamento de água, Alckmin admitiu-o:
“O racionamento já existe, quando a ANA [Agência Nacional de Águas] determina. Quando ela diz que você tem que reduzir de 33 para 17 [metros cúbicos por segundo] no Cantareira, é óbvio que você já está em restrição. O que estou dizendo é que se tirávamos 33 metros cúbicos por segundo [de água], e hoje estamos tirando 17, é óbvio que nós temos uma restrição hídrica”.
Foi após a juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara de Fazenda Pública, conceder liminar no dia anterior, 13 de janeiro, proibindo a cobrança de multa para quem consumisse água a mais.
Em menos de 24 horas, essa decisão foi cassada pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Renato Nalini.
A Justiça autorizou, assim, a cobrança de multa – a chamada sobretaxa — em 31 cidades atendidas pela Sabesp, inclusive a capital. A multa será de 40% para quem consumir até 20% acima da média registrada entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Caso o consumo exceda a média de 20%, a multa será de 100%.
15 de janeiro de 2015. Um dia após admitir a toda a imprensa a existência do racionamento, Alckmin voltou atrás com a desculpa esfarrapada de que  foi mal interpretado:
“Estamos evitando o racionamento. O que é o racionamento? É você fechar o registro. Então, estamos procurando através de campanhas, de bônus, da utilização das reservas técnicas [o volume morto], da integração dos sistemas ultrapassar essa dificuldade da crise da seca”.
“Lamentável que o senhor Geraldo Alckmin tenha mudado de opinião de um dia para o outro”, critica o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto. “O governador não tem preocupação com a realidade e a verdade dos fatos. Ele só está preocupado em eleger o próximo prefeito e depois se eleger à presidência.”
“Será que o governador vai mudar de opinião amanhã ou depois de amanhã?” questiona o advogado Carlos Thadeu, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “O governador, o presidente da Sabesp e o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos estão perdidos, pois não têm um plano B para a crise da água.”
MÍDIA FOI E CONTINUA SENDO CÚMPLICE E PARCEIRA DE ALCKMIN NA CRISE HÍDRICA
Em 1º de janeiro, no discurso de posse do novo mandato, o governador salientou:
Um dos pilares deste governo será o da inovação permanente, sempre a serviço do cidadão. Temos, a nosso favor, um histórico do qual nos orgulhamos.
Transparência absoluta: Portal da Transparência, Bolsa eletrônica, Indicadores Criminais, Salários dos servidores na internet.
Transparência absoluta?! Só se for em Marte, no Estado de São Paulo de jeito nenhum.
A crise hídrica é a maior prova. Desde o início, Alckmin a trata com sofismas, inverdades e dissimulações, porque tem a seu favor a mídia tradicional, que acoberta todos os seus malfeitos, inclusive os da água.
Primeiro, a grande mídia quase não divulgou a falta de água enquanto o problema atingia apenas a periferia. Tanto que praticamente ignorou-a durante o primeiro semestre de 2014.
Depois, relacionou a falta de água a apenas aspectos climáticos — “estiagem”, “seca”, “falta de chuvas”. Omitiu e passa por cima até hoje da falta de planejamento de Alckmin e de seu antecessor José Serra (PSDB).
“Com a complacência da mídia, o governo Alckmin passou toda a campanha eleitoral de 2014 , enviando sinal trocado em relação à crise da água”, observa Edson Aparecido da Silva, coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental. “Ao mesmo tempo em que pedia para economizar água, afirmava que ela não faltaria e tudo estava sob controle.”
Em português claro: a mídia “comprou” e” vendeu” a versão dos tucanos paulistas de que a culpa é de São Pedro, poupando a incompetência e a irresponsabilidade do governo Alckmin de não ter investido em novos mananciais, como estava previsto desde 1995.
Marzeni Pereira da Silva, oposição no Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP), reitera denúncia feita ao Viomundo em novembro de 2014: “A mídia foi e continua sendo cúmplice e parceira do governo Alckmin na crise de abastecimento de água em São Paulo”.
Tanto que fez vista grossa às artimanhas tucanas para aprovação da sobretaxa.
AUDIÊNCIA NA ANTEVÉSPERA DO ANO NOVO: “MÁ-FÉ E JOGO DE CARTAS MARCADAS”
Em 18 de dezembro, sem ouvir órgãos de defesa do consumidor e entidades da sociedade civil que atuam em defesa dos recursos hídricos, Alckmin anunciou a criação da sobretaxa. Também disse que a Arsesp – a agência reguladora de saneamento e energia ligada ao governo do Estado – tinha aprovado naquele dia.
Não foi bem assim.
A Arsesp é a responsável pela autorização ou veto à sobretaxa proposta pelo tucano. Oficialmente ainda não tinha se manifestado sobre a questão.
Só no dia seguinte ao anúncio de Alckmin foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo o comunicado da Arsesp convocando uma audiência pública para deliberar sobre a tarifa de contigência na conta da água, que é como ela chama a multa, ou sobretaxa.
A Arsesp convocou a audiência para – pasmem! — 29 de dezembro de 2014.
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“A data foi proposital, de má-fé”, acusa o coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental. “Na antevéspera do Ano Novo, a possibilidade de mobilização é muito reduzida. O objetivo era que não fosse ninguém.”
Mesmo com a manobra da Arsesp, houve grande mobilização e compareceram, além do pessoal da casa (membros da Sabesp e da própria agência), 23 representantes de quatro entidades e cidadãos. A saber: Comissão de Direito do Consumidor da OAB-SP,  Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Proteste, Instituto Socioambiental  e Instituto Pró-cidadania.
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Na mesa da audiência pública só diretores da Arsesp. Da esquerda para a direita: Waldemar Bon Júnior (Relações Institucionais); José Bonifácio de Souza Amaral Filho (Regulação Econômico-Financeira e de Mercados); Antonio Luiz Souza de Assis (Regulação Técnica e Fiscalização dos Serviços de Distribuição de Gás Canalizado); e Anton Altino Schwyte  (superintendente de Análise Econômica Financeira)
Durante a audiência, depois em documento (na íntegra, ao final) enviado à Arsesp , as quatro entidades impuseram uma condição para aprovação da sobretaxa. A de que o governador Geraldo Alckmin decretasse oficialmente o racionamento, como determina o artigo 46 da lei federal do Saneamento Básico 11.445/07:
“Em situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos que obrigue à adoção de racionamento, declarada pela autoridade gestora de recursos hídricos, o ente regulador poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes, garantindo o equilíbrio financeiro da prestação do serviço e a gestão da demanda”
A Arsesp, desde sempre aparelhada pelos tucanos, simplesmente ignorou o documento das entidades e a determinação legal e autorizou a cobrança da sobretaxa da água.
“A audiência foi só para cumprir uma formalidade legal”, observa Edson Aparecido da Silva. “A decisão já estava acertada com Alckmin. Jogo de cartas marcadas. Desrespeito com as entidades que compareceram à audiência e com a sociedade em geral.”
“Decretar oficialmente o racionamento não é mera formalidade como tenta fazer crer o governador”, avisa Carlos Thadeu, do Idec. “Além de tornar legal a cobrança da sobretaxa para quem usar mais água, implica transparência de tudo o que está acontecendo. O consumidor tem o direito à informação.”
DNA DE ALCKMIN DESDE 2001, QUANDO TEVE INÍCIO A GESTAÇÃO DA ATUAL CRISE  
O fato é que o governador passou esse último ano escondendo e/ou maquiando a verdade verdadeira sobre a crise da água na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
“Na verdade, o grande responsável por essa crise da água que estamos vivendo em São Paulo é o senhor governador Geraldo Alckmin”, afirma o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto. “É uma crise anunciada que começou a ser gestada em 2001, quando ele assumiu o governo de São Paulo, logo após a morte de Mario Covas.”
Alckmin, só para relembrar, foi governador de 6 de março de 2001 a 31 de março de 2006. De 2007 a 2010, o posto foi ocupado por José Serra, que também tem culpa no cartório. Não fez o que deveria. Em 1 de janeiro de 2011, Alckmin voltou a ocupar o Palácio dos Bandeirantes, onde está até hoje.
Não é à toa que ele foge do racionamento da água como o diabo da cruz. Quer evitar a todo custo o carimbo de governador do racionamento, ou do rodízio. Tal como aconteceu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o apagão de energia elétrica, em 2001.
O DNA de Alckmin, porém, está ao longo de todo processo que desembocou na atual e gravíssima crise, como mostra o professor Júlio:
1985: Inaugurado o Cantareira, um sistema de Primeiro Mundo.  Capacidade de 66  m³/s, para uma demanda:51 m³/s. A RMSP tinha 14 milhões de habitantes.
2000: Capacidade disponível e demanda eram iguais: 66 m³/s.
Para uma população de 18 milhões, o sistema já estava meia boca, como diz o professor Júlio. Foi o início do déficit de abastecimento de água. Nessa altura, já deveria ter sido providenciado novo manancial de grande porte.
2003: Foi o primeiro alerta. Estiagem prolongada levou o sistema Cantareira à beira do colapso.
2004: Nesse ano foi feita a renovação da outorga (direito de utilização da água) do sistema Cantareira por 10 anos. No contrato, foram incluídas várias exigências que deveriam ser cumpridas pela Sabesp nesse período de dez anos. Entre elas, a implantação de novos mananciais para atender a região metropolitana, diminuindo, assim, a dependência do Cantareira no abastecimento dessa área.
A renovação da outorga venceu em agosto de 2014  e a Sabesp não cumpriu essa exigência.
2005: O DAEE (Departamento de Águas e Esgotos do Estado de São Paulo) concluiu as barragens de Biritiba-Mirim e Paraitinga e disponibilizou mais 5,7 m³/s do sistema Alto Tietê para a região metropolitana. Só que não pode ser usado porque a Sabesp não tinha ampliado a capacidade da Estação de Tratamento de Água de Taiaçupeba de 10 para 15 m³/s. Taiaçupeba só passou a usar essa vazão em 2012.
2007: A Sabesp declarou oficialmente que era gravíssima a situação da deficiência dos mananciais da RMSP e não tinha condições de superá-la.
A empresa solicitou então ao governo paulista que assumisse essa responsabilidade. O que ele fez. Para isso, contratou a elaboração do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista. O prazo para execução era de 180 dias, mas somente foi concluído em outubro de 2013.
2012: Sabesp detectou o início do processo de estiagem através da diminuição das reservas nos seus reservatórios.
2014: A RMSP tem 22 milhões de habitantes. A capacidade disponível de água para abastecimento é de 72 m³/s enquanto a demanda era de 82 m³/s. Ou seja, sistema deficitário em 10 m³/s. Isso significa 2,7 milhões de habitantes sem água.
2014, janeiro: A Sabesp estava  preparada para dar início ao Plano de Racionamento Geral na Região Metropolitana. O governador, porém, vetou-o e assumiu pessoalmente o gerenciamento da crise.
“Quando o governador assumiu pessoalmente o comando e gerenciamento da crise, na prática, ele declarou oficialmente sua instalação”,  atenta o engenheiro Júlio Cerqueira César. “Alckmim vetou o plano da Sabesp e definiu um Plano Político para enfrentá-la.”  
Ele proibiu o racionamento e decidiu explorar todas as reservas de água disponíveis, inclusive as reservas técnicas (volumes mortos) até o seu esgotamento se necessário.  A expectativa era de que as chuvas voltariam em outubro de 2014, os reservatórios encheriam e a crise seria superada.
2015: As chuvas não aconteceram no volume esperado. A capacidade disponível de água está em 39 m³/s e a demanda em 82 m³/s. Déficit: 43 m³/s. É mais da metade da demanda numa hipótese otimista, porque estamos considerando a integridade do sistema do Alto Tietê. Caso o sistema do Alto Tietê não se recupere, o que não está fora de cogitação, o déficit atingirá 58 m³/s — 70% da demanda.
Não há solução estrutural de curto prazo para a crise. Para complicar, Alckmin esvaziou os espaços institucionais de gestão dos recursos hídricos, como os comitês de Bacia, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo, que reúne os 39  prefeitos e representantes do governo do Estado.
“Alckmin precisa convocar urgentemente os prefeitos das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas e falar a verdade sobre a crise”, defende Edson Aparecido da Silva, da Frente Nacional Ambiental. “O governador não pode continuar agindo como se a situação estivesse sob controle. O ideal seria que ele decretasse estado de calamidade pública e apresentasse um plano de contingência sério, discutido com os prefeitos e representantes da sociedade, para enfrentar a situação.”
“Não consigo encontrar um adjetivo para qualificar o quadro que teremos de enfrentar”, arremata Cerqueira César. “Só posso dizer que o que enfrentamos hoje — principalmente a população mais pobre que é a mais afetada — será refresco perto do que teremos pela frente.”
 Em tempo 1: Por que Alckmin e Serra não fizeram as obras necessárias para que não estivéssemos na atual situação? Falta de planejamento, contando com São Pedro? Incompetência? Irresponsabilidade? Opção pelos investidores da Sabesp?
Em tempo 2: Onde foram parar os lucros da Sabesp? Em 2012, foi de R$ 1,9 bilhão. Em 2013, também R$ 1,9 bilhão. Em 2014, apesar da crise, o lucro até o terceiro trimestre foi de R$ 800 milhões. De 2003 a 2013, a Sabesp teve R$13,11 bilhões de lucros. Nesse período, pagou R$ 4,37 bilhões de dividendos. O percentual de pagamento na forma de dividendos em relação ao lucro variou de 27,9% a 60,5%,este em 2003.
Detalhe: o estatuto da empresa determina que se pague, no mínimo, 25% de dividendos. A Sabesp, para alegria dos seus investidores e azar dos consumidores, pagou sempre mais.
fonte: viomundo

sábado, 24 de janeiro de 2015

Bandeira de Mello: "O maior inimigo do Brasil é a mídia brasileira"

Bandeira de Mello defende o aumento do nível cultural da população para se contrapor aos efeitos deletérios da imprensa
 
 
Jornal GGN - Ele é considerado um dos expoentes do Direito Administrativo no Brasil, é a quinta geração envolvida com o mundo jurídico na sua família, começou como professor da Faculdade de Direito da PUC, onde mais tarde se tornou vice-reitor acadêmico. Aos 78 anos acumula os títulos de professor honorário da Faculdade de Direito da Universidade de Mendoza, na Argentina; da Faculdade de Direito do Colégio Mayor de Rosário, em Bogotá (Colômbia), membro correspondente da Associação Argentina de Direito Administrativo, membro honorário do Instituto de Derecho Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade do Uruguai, professor extraordinário da Universidade Notarial Argentina e membro titular de seu Instituto de Derecho Administrativo e professor titular visitante da Universidade de Belgrano - Faculdade de Direito e Ciências Sociais, também da Argentina.
 
Estamos falando de Celso Antônio Bandeira de Mello, que em entrevista concedida ao jornalista Luis Nassif, no programa Brasilianas.org (TV Brasil) reconheceu a necessidade de uma reforma no poder judiciário. Para ele, os ministros do Supremo Tribunal Federal deveriam ocupar o cargo por no máximo oito anos. Hoje, o cargo é vitalício.
 
“Uma ministra do Supremo [Tribunal Federal] me disse, não faz muito tempo: ‘tanto nos chamam de excelência que a gente acaba pensando que é mesmo’”. Segundo o professor, a ministra em questão se referia à necessidade de se estabelecer um limite para os mandatos no STF.
 
Ele ponderou que o conservadorismo ainda é um dos elementos que atrapalham o aprimoramento das relações entre o poder judiciário e o cidadão comum.  E criticou severamente a imprensa brasileira. “Eu considero que o maior inimigo do Brasil, o mais perigoso inimigo do Brasil, é a mídia brasileira e do jeito que ela é”. 
 
E explica: “Fala-se muito em liberdade de imprensa como sendo uma coisa importante por uma razão óbvia: onde é que nós recebemos informações sobre o Brasil e sobre o mundo? É pela mídia. Logo, se ela nos der uma informação truncada, orientada, encaminhada para valorar certas coisas e desvalorizar outras, o que nós brasileiros vamos ter dentro da cabeça?”. Bandeira de Mello defende o aumento do nível cultural da população para se contrapor aos efeitos deletérios da imprensa.
 
Durante o debate, o professor abordou a histórica polarização entre a Faculdade de Direito da USP "Largo de São Francisco" e a Faculdade de Direito da PUC; falou das suas principais influências e críticas em relação ao julgamento da Ação Penal 470.
 
“Estava tão indignado com a decisão do Supremo. Isso me fez pensar que, se eu vivesse de renda, fecharia meu escritório no dia seguinte, não admitiria reedição mais de livro nenhum meu, porque o direito acabou”, declarou.
 
 
Bandeira de Mello pontuou, ainda, que o direito administrativo brasileiro é, historicamente, autoritário quando deveria ser literalmente o oposto. “O direito administrativo nasceu exatamente [durante a constituição] do estado de direito, com o esforço para a contenção dos poderes do estado e valorização do cidadão”. E foi esse princípio que procurou, junto com Geraldo Ataliba, inspirar no curso de especialização de direito administrativo da PUC, realizado durante a ditadura militar. Ele conta que objetivo das aulas era o de questionar “todas as manobras que levavam o poder a querer se prevalecer sobre o cidadão”. O curso chamou a atenção dos órgãos de repressão, mas não chegou a ser fechado.
 
“Nesse período éramos alertados para ter cuidado, porque falávamos muita coisa. Mas eu tinha um realismo sutil de saber que eu não tinha importância suficiente para ser preso”, ironizou. Com o final da ditadura militar, se alastrou no Brasil um movimento para a construção de uma nova Constituição Federal. Como advogado, Bandeira de Mello colaborou com o PMDB. “Mas foi uma assessoria inútel. Os deputados não queriam ser assessorados, foi uma coisa  figurativa”.
 
Ainda assim conseguiu emplacar o Artigo 37, que legisla sobre a administração pública no país. “Não está exatamente nos termos que eu encaminhei para ele”, se referindo ao então líder do PMDB no Senado Federal, Fernando Henrique Cardoso. Bandeira de Mello ressalta que, décadas mais tarde, já como presidente, FHC “fez o possível e o impossível para tentar mutilar a constituição”, dizendo-se ingênuo por um dia ter admirado o ex-presidente.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Alckmin admite racionamento em SP e recorrerá de decisão que suspende multa

Agora o governador afirma que na prática a medida foi determinada pela ANA por meio da redução da vazão da Cantareira; enquanto isso, Sabesp assume que está reduzindo a pressão no fornecimento
por Redação RBA, com agências publicado 14/01/2015 13:49, última modificação 14/01/2015 14:28
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Bruno Santos/ A2 FOTOGRAFIA
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Alckmin: "Já temos a restrição estabelecida pela ANA. Não tem de ter decreto. Isto está mais do que explicitado"
São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu hoje (14) que o estado enfrenta racionamento de água. Informou que, por isso, recorrerá da decisão judicial que suspende a cobrança de multa para quem consumir mais água. “Racionamento já existe. Quando a Agência Nacional de Águas (ANA) determina que tem de reduzir a vazão do Cantareira de 33 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 17 m³/s, é óbvio que já está em restrição. Então a medida (de sobretaxar a tarifa de água) tem legalidade”, declarou, após cerimônia de transmissão do comando da Polícia Militar.
Ontem (13), a juíza Simone Viegas de Moraes Leme deferiu parcialmente o pedido de liminar da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) contra multa implementada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), em vigor desde a última quinta-feira (8). A multa foi suspensa até que o governo do estado cumpra o que está previsto no Artigo 46 da Lei Federal 11.445, de 2007. A lei determinada que, antes de aplicar multa aos consumidores, o governo tem de decretar oficialmente o racionamento de água.
Alckmin questiona a necessidade de um decreto oficial para adoção da sobretaxa. “Já temos a restrição de água estabelecida pela ANA. Não tem de ter decreto. Isto está mais do que explicitado”, ressaltou. Segundo o governador, antes de ser implementada a medida foi estudada pela Procuradoria-Geral do Estado e está amparada legalmente. “É uma questão de justiça, porque visa ao bem comum e é necessária, em razão da questão climática”, complementou.
Sobre o tempo que o estado está em racionamento, o governador disse que a restrição da ANA ocorre desde a metade do ano passado. Ele disse, ainda, que o termo racionamento se refere ao fato de que há restrição hídrica, mas negou que haja falta de água nas torneiras. “Não tem racionamento no sentido de fechar o sistema e abrir amanhã. Não tem e nem deve ter. Agora, restrição hídrica claro que tem”, concluiu.

Sabesp admite que reduz pressão

A Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) assumiu hoje que reduz a pressão da água enviada às residências das cidades de toda Grande São Paulo por conta da crise hídrica. Em seu site oficial, a companhia estadual publicou lista com todos os municípios onde a redução é praticada. A listagem obedece à deliberação da Agência Reguladora de Água e Energia (Arsesp) que obrigou o governo Alckmin a divulgar a técnica que era mantida sob sigilo desde o início da seca.
No ABC paulista, conforme a Sabesp, residências de 88 bairros de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra passam pela redução de pressão. Contudo, a situação nessas cidades é ainda pior uma vez que a administração de Alckmin não divulga informações sobre municípios que possuem autarquias como Serviço de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa), Departamento de Água e Esgoto de São Caetano (DAE) e Saneamento de Mauá (Sama). Essas cidades recebem água da Sabesp, mas a distribuição é feita pelas autarquias. Contudo, desde o início de 2014 a gestão Alckmin reduziu o envio de água para esses municípios prejudicando o fornecimento.
Mauá foi a primeira cidade do ABC paulista a ser empurrada para o racionamento efetivo. Parte dos bairros mais elevados fica sem água por vários dias ou são atendidos por caminhões pipa. A administração da cidade teve de intervir junto à Sabesp em dezembro passado para evitar colapso no fornecimento nos fins de semana.
Em São Caetano, a prefeitura solicitou ao estado a mudança do sistema de abastecimento. A água enviada pela Sabesp ao município vem do Sistema Cantareira – atualmente com  6,3% do segundo volume morto. A intenção da gestão municipal era ser atendida pelo Rio Grande que, com as chuvas atuais chegou 69,8% da capacidade. O governo do estado negou a alteração.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015


247 - Uma notícia sem pé nem cabeça, publicada por Leandro Mazzini, neste domingo, informava que o ex-presidente Lula, curado de um tumor na laringe, fez tratamento secreto, no Sírio Libanês de um novo câncer, desta vez no pâncreas.
O problema é que a informação, publicada no portal que diz ter 'o melhor conteúdo', não possui qualquer conexão com a realidade.
Leia o texto ficcional de Mazzini e, em seguida, a resposta de Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania.
Abaixo, a mentira disseminada por Mazzini:
Lula fez tratamento sigiloso e controlou novo câncer 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva combateu de um ano para cá um novo câncer e o controlou, dizem fontes ligadas ao petista. Lula se curou da doença na laringe, mas foi acometido de um câncer no pâncreas, que teria sido descoberto no início de 2014. O ex-presidente passou a visitar esporadicamente o Hospital Sírio Libanês em São Paulo durante a madrugada, entrando de carro pela garagem privativa do corpo clínico para evitar boataria. E tomou um forte medicamento para evitar a quimioterapia.
Há dois meses o repórter teve acesso a informações sigilosas sobre o estado de saúde do ex-presidente, e desde então confirmou a informação com quatro fontes distintas, que pediram anonimato – um médico do Sírio, que não compõe a equipe que cuida de Lula; um diretor do PT; um assessor especial do Palácio do Planalto; e um parlamentar amigo de Lula.
O ex-presidente não faz tratamento intensivo no hospital – onde se curou do primeiro câncer – porque estaria tomando diariamente um medicamento importado dos Estados Unidos, que custa cerca de R$ 30 mil por mês (ainda não comercializado no Brasil). Seria sob o princípio do Bevacizumab, com uma versão mais recente e potente do popular Avastin, que ameniza o quadro clínico e a dor, e evita a quimioterapia.
O quadro de saúde impediu Lula de intensificar a agenda de campanha junto à presidente Dilma Rousseff, embora tenha feito visitas a algumas capitais, mas sempre sob orientação e cuidados médicos. A presença do médico Roberto Kalil na festa da vitória de Dilma, no Palácio da Alvorada, onde Lula se encontrava na noite do dia 26 de outubro, não seria mera visita à amiga que também combateu a doença sob os cuidados do mesmo médico de Lula.
Questionada há mais de um mês, a assessoria do Instituto Lula, que responde por assuntos pessoais do ex-presidente, negou veementemente a nova doença, e informou que só se comunicaria oficialmente diante de nota do Hospital Sírio e Libanês. Procurada para uma nota oficial, a assessoria do hospital informou que não vai se pronunciar – e assim não confirmou, mas também não negou.
Neste sábado (3), a Coluna conseguiu contato com mais dois médicos do Sírio. Um repórter colaborador conversou com o médico de Lula, Dr. Roberto Kalil. Indagado sobre a nova doença, ele avisou que não se pronunciaria, e citou o último boletim médico de Lula como o único informe oficial a respeito da saúde do líder petista e paciente.
O documento porém não cita novo câncer, e apenas informa que o quadro de Lula é bom. Uma outra fonte ligada ao hospital confirmou as visitas de Lula pela madrugada, e informou que o ex-presidente passará a fazer seus check-ups a cada seis meses a partir de agora.
CENÁRIO PARA 2018
A situação da saúde do maior líder político do Brasil na atualidade pode mudar todo o cenário político-eleitoral para a próxima eleição presidencial em 2018.
Apesar de negar que será candidato a presidente, Lula o é, desde agora, porque o PT balança no Poder: o País está como nunca rachado ao meio entre petistas e não-petistas, e o partido não tem uma figura nacional de peso eleitoral para concorrer à Presidência no pós-Dilma. O PT vai depender da saúde de Lula, para se lançar, ou para endossar um novo nome.
Nomes não faltam, e veladamente iniciam involuntariamente uma disputa dentro do PT: Sem Lula no futuro cenário, os pré-candidatos ao Planalto hoje são os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Ministro da Defesa) e Patrus Ananias, de volta ao Governo, no Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O mais forte – o que dependerá de sua atuação – vive fora de Brasília, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Ele é amigo de décadas de Dilma, são confidentes, foi ministro bem avaliado e comanda o segundo maior colégio eleitoral do Brasil.
Leia, agora, a resposta de Eduardo Guimarães:
Novo boato sobre saúde de Lula indigna família, amigos e médicos

O nome do “artista” é Leandro Mazzini, que se diz “jornalista, escritor e pós-graduado em Ciência Política pela UnB”. O sujeito edita uma tal de “coluna esplanada” no portal UOL. Neste domingo (4/1), esse indivíduo publicou nota fantasiosa sobre metástase que Lula teria sofrido e que lhe teria lhe atingido o pâncreas.
A matéria é estarrecedora não só pela profusão de invenções que contém, mas por mostrar que essa luta política suja que a direita trava contra o ex-presidente criminaliza até a sua saúde. Lula aparece nesse texto repugnante fazendo incursões furtivas de madrugada no hospital Sírio Libanês, como se fosse um criminoso, na tentativa de esconder seus supostos novos problemas de saúde.
Como se não bastasse, segundo o mistificador supracitado o presidente estaria pondo a própria vida em risco para não permitir que a sociedade saiba que estaria novamente doente. A quatro anos do próximo mandato presidencial, ele teria se recusado a fazer quimioterapia, optando por controlar a doença com um medicamento experimental de altíssimo custo (30 mil reais a dose)
O medicamento em questão teria como princípio ativo uma droga chamada “Bevacizumab”. Tratar-se-ia de “versão mais recente e potente do popular Avastin, que ameniza o quadro clínico e a dor, e evita a quimioterapia”.
Mais revoltante ainda é que o tal Mazzini atribui a informação a fontes desconhecidas e supostamente próximas a Lula: “um médico do Sírio, que não compõe a equipe que cuida de Lula; um diretor do PT; um assessor especial do Palácio do Planalto; e um parlamentar amigo de Lula”.
A ser verdade tudo isso, o tal editor da tal “coluna esplanada” seria, talvez, o jornalista político mais importante do país por ter sido escolhido pelas fontes que mencionou. Em vez de procurarem grandes meios de comunicação, as tais fontes teriam escolhido o “super jornalista” que inventou essa história toda.
O que surpreende – pero no mucho – é que o UOL publicou esse absurdo em sua home. Segundo a fonte que me procurou para informar sobre essa farsa, a chamada para a tal “coluna esplanada” ficou na primeira página do UOL durante cerca de duas horas.
Bastaria um mínimo de bom senso, porém, para perceber que essa história não tem a menor lógica.
Senão, vejamos: a próxima eleição presidencial ocorrerá em 2018. A campanha eleitoral começará no mês de agosto, ou seja, daqui a três anos e oito meses. Por que, diabos, Lula arriscaria a própria vida não fazendo o tratamento mais correto (quimioterapia) se tem quase quatro anos para se tratar, recuperar-se e disputar a próxima eleição presidencial?
Aliás, se o ex-presidente estivesse tão doente, sofrendo metástase, seria enorme a possibilidade de nem estar vivo daqui a quatro anos – esse tempo costuma ser suficiente para matar pacientes cujo câncer se espalha.
O hospital Sírio Libanês rebateu essa farsa logo em seguida. Leia, abaixo, nota do hospital sobre a invencionice do tal Mazzini.


Vale lembrar que Lula sempre tratou com absoluta transparência os problemas de saúde que o acometeram após a eleição presidencial de 2010. Todas as informações sobre sua doença foram fartamente fornecidas à imprensa. Não existe uma só razão para que, agora, mudasse seu modo de agir.
Até porque, Lula ficou feliz com a repercussão que sua doença teve. Para quem não sabe, a divulgação de seu câncer, a forma transparente com que o ex-presidente tratou sua doença, fez aumentar a procura por exames preventivos e, além disso, fez com que as pessoas entendessem que câncer, muitas vezes, tem cura.
A novela do tríplex
Assim como essa farsa sobre a saúde de Lula, a farsa sobre um apartamento “tríplex” que ele teria no Guarujá parece que vai atingindo seu objetivo. Apesar de a mídia não ter como provar que Lula é dono desse imóvel, continua espalhando essa versão com a intenção calhorda de que a mentira continue circulando.
Na coluna de leitores da Folha de São Paulo de domingo, 4 de janeiro, um caluniador qualquer ajuda a espalhar a mentira sobre imóvel do qual a família de Lula teria apenas uma cota adquirida há anos.
Mesmo se Lula fosse dono desse imóvel, tal posse não configuraria indício de que ele enriqueceu ilicitamente. Segundo matérias da mídia tucana que o “acusaram” de ser dono de imóvel que ele precisa quitar – o que nunca ocorreu – para ser “dono”, a propriedade custaria em torno de 1,5 milhão de reais, o que condiz com as declarações de renda do ex-presidente
Tanto o caso do Triplex quanto do “novo câncer” são espalhadas por Folhas, Globos etc. com a finalidade de fazer esses boatos circularem. Assim, apesar de esses farsantes que controlam esses veículos não poderem provar suas “acusações”, fazem-nas circular entre essa militância inescrupulosa que, entre outras coisas, gosta mesmo é de uma boa “ditabranda”.
Em nota, Instituto Lula classificou o texto de Mazzini como 'peça de ficção'
O texto "Lula fez tratamento sigiloso e controlou novo câncer" de Leandro Mazzini, em seu blog "Esplanada", é uma mentira, uma peça de ficção. Os resultados dos exames realizados pelos médicos de Lula no último dia 15 de novembro não indicam nenhum tumor ou qualquer outra doença.
Lamentamos a divulgação de boatos infundados sobre a saúde do ex-presidente.

Assessoria de Imprensa do Instituto Lula