domingo, 8 de dezembro de 2013

Prisão de Mandela, bomba, apoio ao apartheid. Agora, Obama tem a chance de pedir desculpas

7 de Dezembro de 2013 | 23:41 Autor: Fernando Brito
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A Carta Maior traz uma oportuníssima lembrança de como Estados Unidos e Reino Unido apoiaram, até quase o seu fim, o regime racista da África do Sul. Reproduzo-a, abaixo.
Além do The New York Times, também o Chicago Tribune revelou que foi uma informação da CIA que permitiu a prisão de Nelson Mandela.
Os Estados Unidos fizeram mais: estimularam, via Israel, o Governo racista a construir bombas nucleares, que só foram desmontadas  quando já se fazia a transição do apartheid para um regime de maioria negra.
E não foi só em operações encobertas, não.
Em 1986, Ronald Reagan vetou um projeto que tramitava havia 14 anos no Congresso dos EUA impondo sanções ao regime racista.
A presença de Barack Obama nos funerais de Nelson Mandela seria uma oportunidade de ouro para que ele, um negro, em nome dos EUA, pedisse desculpas pela ação de seu país em favor do racismo e da opressão aos sul-africanos.
Poucas vezes a História oferece a um homem a oportunidade de escrevê-la de forma tão grandiosa. Quem sabe Obama, nos próximos dias, possa justificar um pouco o Nobel da Paz que há tantos anos ganhou pela esperança e perdeu pela decepção?
CIA foi decisiva para a prisão de Mandela em 1962
Agente infiltrado no Congresso Nacional Africano (CNA) deu todas as informações à polícia sul-africana, segundo o The New York Times.
O The New York Times revelou em 1990 que a CIA desempenhou um importante papel na prisão de Mandela em 1962. A agência, usando um agente infiltrado no Congresso Nacional Africano (CNA), deu à polícia sul-africana informações precisas sobre as atividades de Mandela. Segundo o diário norte-americano, um agente da CIA relatou: “Entregamos Mandela à segurança da África do Sul. Demos-lhes todos os detalhes, a roupa que ele estaria a usar, o horário, o exato local onde ele estaria”.
Thatcher e a terra do faz de conta Em 1987, quando o então primeiro-ministro Cavaco Silva alinhou Portugal à Grã-Bretanha e aos Estados Unidos num voto contra o fim do apartheid e a libertação de Nelson Mandela, a então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher dizia: “O CNA – Congresso Nacional Africano, partido de Mandela – é uma típica organização terrorista… Qualquer um que pense que ele vá governar a África do Sul está a viver na terra do faz de conta”.
Reagan dizia que apartheid era essencial para o mundo livre
Nos Estados Unidos, a opinião sobre Mandela não era diferente: o presidente Ronald Reagan inscreveu o CNA na lista de organizações terroristas. Em 1981, Reagan disse que o regime sul-africano – o regime do apartheid – era “essencial para o mundo livre”. Reagan explicou à rede de TV CBS que o seu apoio ao governo sul-africano se devia a que “é um país que nos apoiou em todas as guerras em que entrámos, um país que, estrategicamente, é essencial ao mundo livre na sua produção de minerais.”
Mandela precisava de autorização especial para entrar nos EUA
Só em 2008, Mandela e o CNA deixaram a lista americana de organizações e terroristas em observação. Até então, Mandela precisava de uma permissão especial para viajar para os EUA.
Outro país que se manteve ligado ao regime segregacionista sul-africano foi Israel. Durante muitos anos, o governo israelita manteve laços económicos e relações estratégicas com o regime do apartheid. Nesta sexta-feira, o governo israelita lamentou a morte de Mandela afirmando que o “mundo perdeu um grande líder que mudou o curso da história” e que ele foi um “apaixonado defensor da democracia”.
“Eu também era um terrorista ontem”
Em entrevista ao jornalista Larry King em 2000, o próprio Mandela falou sobre esta mudança de tratamento. “É verdade. Ontem, chamavam-me terrorista, mas quando saí da cadeia, muitas pessoas me abraçaram, incluindo os meus inimigos, e é isso que digo habitualmente às outras pessoas que dizem que os que lutam pela libertação dos seus países são terroristas. Digo-lhes que eu também era um terrorista ontem, mas, hoje, sou admirado pelas mesmas pessoas que me chamavam terrorista”.
FONTE: TIJOLAÇO

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