segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Na Folha, o chororô eterno das montadoras de barriga cheia

22 de dezembro de 2013 | 21:13 Autor: Fernando Brito
folhaauto
Como o jornalismo econômico aceita como notícia – e sobretudo como manchete – qualquer informação e análise que preveja um desastre, a Folha dá hoje como manchete do seu caderno de economia que o “Risco de ociosidade ameaça montadoras no Brasil”.
E aí vem uma história de lamentações das montadoras de que vão trabalhar com uma grande capacidade ociosa, que pode chegar a 40%, sobretudo depois da chegada de diversas marcas ao mercado brasileiro.
Há dias, escrevi aqui sobre a decisão da BMW de instalar aqui uma fábrica de seus carros e perguntava se eles seriam tolos de iniciar um pesado investimento como este sem boas perspectivas de lucro.
Mas o nosso jornalismo econômico não se manca e continua amplificando o eterno chororô das montadores, que estão sempre em crise, mesmo que suas margens de lucro aqui sejam o triplo da que obtém em outros países, como revela o jornalista Joel Leite, especializado no segmento, na própria Folha.
Então para recordar os meus coleguinhas de como é velho este papo, transcrevo o título e um trecho de uma  matéria de Luís Augusto Michelazzo, escrita há  dez anos, onde as montadorias diziam …a mesma coisa.
Anfavea: capacidade ociosa ressuscitará era das carroças.
Se o mercado brasileiro de veículos permanecer deprimido as montadoras e autopeças, pressionadas pela perda de rentabilidade, pararão de investir no Brasil. O resultado é que o automóvel brasileiro acabará ficando defasado e perderá os avanços tecnológicos recentemente conquistados. Ou seja, a “era das carroças” – como a denunciada pelo então presidente Fernando Collor, poderá tornar-se realidade outra vez.
A inquietante previsão foi feita nesta segunda-feira, 12, pelo presidente da Anfavea, Ricardo Carvalho, na abertura do seminário Setor Automotivo: Revisão das Perspectivas 2003. Segundo Carvalho, a perda de tecnologia das montadoras e autopeças – que investiram no Brasil algo como US$ 27 bilhões nos últimos nove anos, US$ 9,9 bilhões pelas autopeças – será inevitável, a partir do momento em que os investidores externos convencerem-se que o País não será capaz de maturar investimentos para cá drenados. “A fábrica de veículos viável deveria estar produzindo pelo menos 150 mil unidades por ano, mas a média brasileira fica em torno das 90 mil”, disse Carvalho, salientando que a perspectiva é que o mercado interno – medido pelo licenciamento de veículos via Renavam – caia -7,2% em 2003.
Para o presidente da Anfavea, segundo quem “capacidade ociosa é custo que onera mais pesadamente as montadoras mais antigas no País”, a indústria chegará ao final do ano com capacidade instalada para produzir 3,2 milhões de veículos, mas produzirá cerca 1,8 milhão de unidades no ano.
Nem parece que eles tiveram, de lá pra cá, a melhor década desde que chegaram ao Brasil não é?
 fonte: tijolaço

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