quarta-feira, 10 de outubro de 2012

247 – Uma nova série de assassinatos a tiros, cometidos por pessoas que se aproximam das vítimas em carros ou motos e saem da cena sem deixar vestígios, assombra a periferia de São Paulo e, desta vez, também a cidade de Santos, no centro da Baixada Santista. Ali, nada menos que 17 pessoas foram abatidas a tiros, a maioria de madrugada, nos últimos dias. Na capital, em bairros como Taboão da Serra e cidades da Grande São Paulo como Carapicuíba, outras sete pessoas morreram após um policial militar ter sido assinado.
A onda de crimes gera uma intensa mobilização policial, com a descida a Santos de grandes contigentes da Rota, além do reforço de carros blindados e helicópteros. É a guerra cotidiana em mais um momento de recrudescimento. Há suspeitas que muitos dos crimes desses últimos dias tenham sido cometidos por bandidos em acertos de contas, mas também há a hipóstese de haver a participação de PMs interessados em vingar o colega morto. Entre as vítimas, a maioria tem passagem por delegações e prisões e ligações comprovadas com o tráfico de drogas.
Pode-se, assim, estar-se assistindo, pelas balas dos bandidos ou dos policiais, o extermínio de bandidos, mas isso não é solução alguma para a alta maré de violência que assola a capital paulista e praticamente todo o Estado. Se fosse, tudo o que vem acontecendo nos últimos anos em termos de crimes em série já deveria ter sido suficiente para exterminar todos os criminosos. O que se vê é o contrário: quãnto mais existem os confrontos, mais eles ocorrem.
Nessa medida, será mesmo que as diretrizes da política de segurança do governo do Estado são corretas para enfrentar a realidade? Enquanto, em São Paulo, as estatísticas da criminalidade oscilam, servindo algumas até mesmo para justificativas oficiais de que a situação está melhorando, na prática as séries de crimes em série – só este ano, a sequência atual já é a terceira com as mesmas características – se repetem, assustando a população e espalhando forte sensação de insegurança.
No Rio de Janeiro, a política de segurança que só previa confrontos com os bandidos foi praticada durante décadas, e o resultado foi o crescimento da criminalidade, especialmente do tráfico de drogas. A situação só começou a mudar de poucos anos para cá, quando, por inspiração do atual secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, passou-se a adotar o modelo das UPPs – Unidades de Policiamento Padrão --, nas quais policiais militares se revezam de modo a haver policiamento ostensivo, com armamento reforçado, em regiões escolhidas por importância estratégica, vinte e quatro horas por dia. A experiência foi aprovada na prática, com a pacificação de uma série de áreas violentas no Rio, especialmente em favelas e morros. Hoje, é admirada em todo o Brasil pela eficiência. São Paulo, ao contrário, afunda numa guerra dentro de suas próprias divisas sem que qualquer solução dessa magnitude, com iguais chances de dar certo, se apresente. A solução está sempre em confrontos e mais confrontos, mortes em série atrás de mortes em série. Quando o governador Geraldo Alckmin vai perceber que esse modelo, ultrapassado, não dá certo e, com ele, o Estado está perdendo a guerra para o crime organizado?
Abaixo, notícia do portal Terra sobre a onda de assassinatos em São Paulo:
Dois homens foram mortos a tiros no município de Carapicuíba, Grande São Paulo, no final da noite desta terça-feira (9). Os crimes aconteceram em dois pontos distintos da cidade em um período de apenas dez minutos.
Por volta das 22h50, o mecânico Hélio Ferreira da Silva, de 49 anos, foi morto em frente à borracharia onde trabalhava, na esquina da rua Comendador Dante Carraro com a avenida Rui Barbosa. Segundo a Polícia Militar, os dois atiradores ocupavam uma moto Honda Twister preta.
A Polícia Civil vai investigar se o o assassinato do mecânico foi motivado por vingança ou acerto de contas. Isso porque a vítima tinha passagens por tráfico de drogas, estelionato, receptação e homicídio.
O outro assassinato aconteceu por volta das 23h na rua Guarantã, que fica a cerca de cinco quilômetros do local do primeiro crime. Thallys Weilly Alves Maia, de 27 anos, foi morto por ocupantes de um carro que passou ao lado dele. Segundo a polícia, Maia já tinha antecedente criminal por tráfico de drogas. À tarde, uma outra morte havia sido registrada na cidade.
As mortes em Carapicuíba ocorreram em meio a uma onda de assassinatos na Grande São Paulo e na Baixada Santista. Na noite da segunda-feira (8), um soldado da Polícia Militar foi assassinado. Hélio Miguel Gomes de Barros, de 36 anos, lotado no 37º Batalhão, no Capão Redondo, zona sul da capital paulista, foi morto a tiros em um posto de gasolina. O crime ocorreu na esquina da estrada Kizaemon Takeuti com a rua Margarida Custódia Guedes, no Jardim Panorama.
Após a morte do soldado, outras sete pessoas morreram durante a madrugada. Investigadores da Polícia Civil buscam testemunhas e imagens de câmeras de segurança que possam esclarecer a morte das oito pessoas. Nesta quarta-feira (10), a polícia deve começar a ouvir parentes das vítimas.
Na Baixada Santista, em cinco dias, ao menos 17 assassinatos foram registrados na região. No último domingo, o secretário de Estado da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, e o comandante da PM, coronel Roberval Ferreira França, reuniram-se na sede do comando da polícia em Santos para tomar uma série de providências. Uma das medidas tomadas na região foi o encaminhamento de policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) para reforçar o policiamento da região, sem data para que o grupamento retorne à capital paulista.
Além disso, a polícia reforçou o policiamento com a alteração na escala de serviço de todo o efetivo administrativo e modificou o horário de atuação das equipes de Força Tática, Canil, Rocam e Ronda Escolar, direcionando as abordagens e buscas policiais conforme o levantamento de informações de locais, horários e maneira de agir dos criminosos.
Abaixo, notícia do portal Crimenews sobre onda de violência em Osasco, cidade da Grande São Paulo, a partir de 12 de junho deste ano:
Sexta-feira, 12
. Policiais militares do 42º BPM, zona Norte de Osasco, estavam em patrulhamento pela Vila dos Remédios, quando foram abordados por dois indivíduos, que encostaram na viatura e começaram a atirar. O soldado PM Bispo morreu horas mais tarde. Sua companheira de farda, a soldado PM feminino Ana Rita foi ferida e ficou dias internada.
Guardas civis municipais de Jandira chegavam à Base do Jardim Gabriela, quando foram atacados por três indivíduos, que se posicionaram na parte traseira da viatura, eliminando qualquer possibilidade de defesa dos GCMs Paiva e Antônio Carlos, que foram atingidos por 6 e 4 tiros, respectivamente.
Dois indivíduos ocupando um Pálio vermelho metralharam o 2º DP de Barueri Os tiros atingiram paredes e vidros do DP. Ninguém ficou ferido.
Sábado, 13
Presos do CDP Osasco I, na rodovia Raposo Tavares, zona Sul de Osasco, iniciam uma rebelião, por volta das 12 horas. Os presos não respeitam familiares, que estão em dia de visita. Além disso, tomam dois carcereiros como reféns. Detentos não reivindicam nada. Ateiam fogo em uniformes e permanecem no pátio amotinados.
Detentos recolhidos nas cadeias públicas de Cotia e Jandira também iniciam motins. Em Jandira, os 96 rebelados mantém 1 refém. Já em Cotia, os 287 foram controlados por equipes do Garra.
Prédio do Fórum de Osasco, no Jardim das Flores, zona Sul, é metralhado.
Domingo, 14
Presos do CDP Osasco I mantêm rebelião. Polícia registra movimentação acima do normal no CDP Osasco II, mas não classifica como motim.
Ônibus da linha Novo Osasco/Helena Maria é alvo de incendiários na avenida Valter Boveri. Ninguém fica ferido, mas ação esvazia o transporte público
Segunda-feira, 15
Presos rebelados no CDP Osasco I põem fim ao motim. Pela manhã, eles aceitam libertar mulheres grávidas e crianças. À tarde, por volta das 12 horas, libertam reféns e terminam rebelião.
Comércio no Calçadão da rua Antônio Agu começa fechar as portas já no período da manhã, alegando que haveria arrastão. Clima de pânico se estende para as grandes redes, como Carrefour, Wal-Mart e até shoppings. O Osasco Plaza Shopping, por questão de segurança, encerra o expediente às 16 horas.
Medo e pânico toma conta de toda a região Oeste. Comércio fecha mais cedo, escolas dispensam alunos, empresas fecham as portas e o trânsito fica caótico em horário anormal.
Ônibus da Viação Himalaia é queimado próximo ao terminal de ônibus do Jardim Novo Osasco, zona Sul. Ele fazia a linha Pinheiros/Novo Osasco. Ninguém ficou ferido.
Terça-feira, 16
Prédios dos Fóruns de Osasco e Jandira são metralhados. Em Osasco, os três suspeitos, que ocupavam uma S-10, efetuaram mais de 60 disparos contra o Fórum. Após o ataque, o trio cruzou com policiais militares. Houve troca de tiros e dois dos suspeitos foram mortos. Um conseguiu fugir. Em Jandira, a polícia não encontrou os suspeitos.
Base da Polícia Militar no Conjunto dos Metalúrgicos, zona Sul da cidade, é atingida por três disparos. Os suspeitos chegaram a jogar uma granada no local. Uma viatura da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) perseguiu os suspeitos até Carapicuiba, onde houve troca de tiros. Um dos suspeitos foi baleado e o outro fugiu.
Ameaça de bomba causa confusão na estação Osasco da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Tudo não passou de alarme falso. Uma equipe do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) foi chamada e encontrou apenas um artefato, sem explosivos.
Comércio volta a funcionar. Alguns lojistas insistem em manter meia-porta aberta apenas. Algumas escolas também voltam à normalidade, mas outras mantêm aulas suspensas.
Quarta-feira, 17
Prédio da Prefeitura de Osasco é atingido por uma série de disparos. Três tiros acertam uma coluna, um painel e um vidro. Guardas municipais faziam 'segurança' do prédio. Ninguém ficou ferido. Suspeitos, que ocupavam um Omega, trocaram tiros com policiais militares da Rota. Dois foram mortos e um fugiu. Com suspeitos, PM apreende pistolas 9mm e revólveres calibre 38.
Policiais militares interditam trecho da rua Pedro Fioretti, no Centro, após assalto a um dos consultórios médicos. Por medida de segurança, PMs decidem vasculhar todo o prédio.
Policiais civis de Carapicuiba encontram um artefato em frente ao 3º DP. A equipe do Gate é acionada e detecta presença de explosivos no artefato. Uma escola e uma creche localizadas nas proximidades do DP são interditadas por medida de segurança.
Comércio e escolas funcionam em sua maioria.
Quinta-feira, 18
Dez homens armados e encapuzados tentam invadir a 1ª Cia. da Polícia Militar, no Parque Mazzei, zona Norte. Os PMs reagem. Um é morto e outros nove conseguem fugir.
Policiais civis da Dise de Osasco chegam a Egnaldo B.S., mais conhecido como "Corintiano", possível líder do PCC na Capital. Ele troca tiros com a polícia e morre. Um investigador também é atingido e sofre apenas escoriações graças ao colete à prova de balas.
Sexta-feira, 19
Casa de policial militar é atingida por tiros, em Jandira. Ninguém fica ferido. Ninguém é preso, comércio funciona normalmente, trânsito volta ao normal. Polícias mantêm vigilância
Números
Total de ataques: 294
• Ônibus - 82
• Casas de policiais - 57
• Bancos e caixas eletrônicos - 17
• Garagem de ônibus - 1
• Estação de Metrô - 1
• CET - 1
• Outros - 135
Criminosos: 231
• Presos - 124
• Mortos em confrontos - 107
Armas apreendidas: 146
Mortos: 45
• Policiais Militares - 23
• Policiais Civis - 7
• Guardas Municipais - 3
• Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) - 8
• Cidadãos - 4
Feridos: 54
• Policiais Militares - 22
• Policiais Civis - 6
• Guardas Municipais - 8
• Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) - 2
• Cidadãos - 16
(2ª série)
12 de julho
Base da Guarda Civil Municipal, no Jardim Conceição, zona Sul de Osasco, é metralhada. Dois motoqueiros passam pela base e efetuaram os 11 disparos. Ninguém fica ferido
Duas agências bancárias, uma do Bradesco e outra do Banespa, ambas instaladas na avenida dos Remédios, zona Norte, são atingidas por mais de 50 tiros. Além dos tiros, os marginais estenderam uma toalha na calçada em frente ao Banespa, com o seguinte aviso: "Fim da Opressão Carcerária".
13 de julho
Três ônibus da Viação Urubupungá foram totalmente queimados, dois na zona Norte de Osasco e um na Vila Madalena, na Capital. Um outro ônibus foi parcialmente destruído, no terminal do Jardim Helena Maria, zona Norte. Os ataques aos ônibus continuaram, com outros dois coletivos queimados na divisa entre Jandira e Barueri e outro no Parque Santana, em Santana de Parnaíba.
Em Santana de Parnaíba, marginais acionaram uma ambulância. Assim que a (1ª série)
equipe chegou, foi orientada a descer do veículo. A ambulância foi totalmente queimada
14 de julho
Polícia Civil encontra dinamite próximo a uma das paredes externas do Fórum de Carapicuiba. O artefato tinha detonador e estava pronto para ser detonado.
18 de julho
Guarita de segurança na avenida Cineasta Alberto Cavalcanti, no Parque dos Príncipes, divisa de Osasco com São Paulo, foi alvo de vários tiros. Segurança conseguiu escapar ileso.
(3ª série)
7 de agosto
Osasco sofre 7 ataques. Quatro agências bancárias (3 do Bradesco e uma da Caixa Econômica Federal), duas na zona Sul e duas na zona Norte, além de um caixa eletrônico foram destruídas por tiros
Viatura da Polícia Civil estacionada em posto de combustível foi parcialmente queimada. Marginais jogaram gasolina sobre a viatura e atearam fogo
Base da Guarda Civil Municipal, do Jardim Conceição, é atingida por 18 tiros. GCMs perseguiram suspeitos e trocaram tiros. Suspeitos abandonaram carro e fugiram. No veículo havia dois revólveres calibre 38
Marginais ateiam fogo na entrada no 3º DP em Carapicuiba. Fachada do prédio é toda destruída. Ninguém fica ferido

fonte: BRASIL 247

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