terça-feira, 26 de março de 2013

Lula critica capacidade de dirigentes europeus em combater crise
Por Cristiane Agostine e Raphael Di Cunto | Valor
SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que faltam lideranças políticas na União Europeia para enfrentar a crise econômica. Segundo Lula, os dirigentes europeus estão “aquém das necessidades” para tomar decisões que enfrentem os problemas econômicos.
“O sistema financeiro assumiu um papel tão importante por ausência de regulação política. É coisa gravíssima e não está acertada ainda”, disse Lula, ao discursar durante o evento “Novos Desafios da Sociedade”, promovido pelo Valor, em São Paulo, com a presença do ex-presidente espanhol Felipe González.
Ana Paula Paiva/ValorEm seminário do Valor, Lula afirma que ONU não representa mais o mundo do século XXI
O ex-presidente brasileiro observou que faltam “mais decisões políticas do que econômicas” no enfrentamento da crise europeia. “Político precisa existir para resolver crise.  Há problemas políticos para serem resolvidos. É preciso equilibrar poder de decisão política na União Europeia. Tudo está subordinado às eleições”, afirmou o ex-presidente.
Lula disse que, em sua percepção, na última eleição para escolha de representantes da União Europeia, muitos chefes do Executivo optaram por escolher políticos mais fracos do que eles, com o intuito de manterem-se fortes. “É um erro porque quanto mais fraco eu escolher, mais fraco eu serei. Faltaram decisões políticas no momento certo”, afirmou. “É um pacto pela mediocridade”, disse.
Para Lula, a solução para a crise econômica na Europa é ter mais crescimento econômico, geração de emprego e renda. “Não haverá solução para a crise se não voltar a consumir e a produzir”. Acrescentou ainda que os países em desenvolvimento podem suprir parte do consumo dos produtos fabricados na Europa, para ajudar na superação da crise.
O ex-presidente também defendeu a participação da sociedade nas decisões para resolver a crise econômica. “Terá que ter muitas passeatas, muitas manifestações, muitas greves, para os políticos se darem conta de que tem que agir”, afirmou o petista, para voltar a cobrar a participação de jovens, sindicatos de trabalhadores e empresários na tomada de decisões.
O ex-presidente declarou que a ONU não representa mais o mundo do século XXI. Além disso, criticou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e disse que essas instituições não funcionam mais e que não há um centro de decisões no mundo atual.
”As instituições criadas não resolvem mais o nosso problema. A ONU não representa hoje o mundo do século XXI. Está superada do tempo e do espaço, carente de novas representações e de discussões”, disse. “Não se explica hoje não ter a participação de países da América Latina, África, a própria Índia [na ONU]. Não conheço um presidente que não esteja de acordo, mas não tem ninguém disposto a mudar”, completou Lula, reforçando a necessidade de o mundo ter um governança global.
O ex-presidente ainda ironizou o FMI e disse que a instituição “não existe” na crise europeia e americana. “O FMI só apareceu para mostrar que está sem dinheiro”, afirmou. “A ONU não funciona corretamente, o FMI não tem a representatividade que deveria ter e a OMC também não funciona, porque foi terceirizada”, declarou no seminário.
FONTE: VALOR ECONOMICO

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