segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os plantadores de notícia e suas contradições.

2 de Jun de 2013 | 18:24
Lê-se na Folha de S. Paulo, hoje,  a “queda em popularidade por causa de inflação faz Dilma apoiar o BC na elevação brutal da taxa de juros públicos.
Os jornalistas apuraram junto a assessores  palacianos que “sondagens feitas em abril registraram uma queda de até dez pontos na popularidade de Dilma num momento em que o avanço dos preços caiu na boca da população, com a inflação elevada sendo simbolizada pelo tomate mais caro nos supermercados”.
Bem, os repórteres fizeram o seu trabalho, mantiveram o anonimato das fontes, mas não é preciso muita adivinhação para saber quem são os assessores que vazam para a imprensa pesquisas encomendadas pela área de comunicação da Presidência “only for your eyes” de Dilma.
Nem que a iniciativa de vazar essa versão – sejam ou não fatos os números alegados – é uma ação destinada a tirar o peso da decisão das costas de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central e atirá-lo no colo da Presidenta.
Ou, na visão torta do “alto comando midiático” do Planalto, dar-lhe os méritos, diante da mídia conservadora, de ser a “elevadora dos juros”.
Seja como for, a matéria (ou melhor, os informantes) tem uma contradição insanável.
Dizem os tais assessores que “ uma nova rodada de pesquisas, levada ao Planalto nas últimas semanas, teria mostrado uma recuperação da popularidade da petista nesse tema, em alguns casos de até oito pontos percentuais” e atribui isto à elevação, há um mês e meio, de 0,25% nos juros, agora duplicada pelo BC.
Estes gênios da economia poderiam ir ali na primeira faculdade de economia e perguntar quanto tempo leva para uma leve alta de juros se refletir nos preços ao consumidor. Se achar algo menor do que três meses, ganha um quilo de tomates que, aliás, comprei a R$ 2,50 ontem.
Mas a partir daí, preocupados em terem passado do ponto e irritar a Presidenta, começam a gaguejar: um diz que o BC foi “muito severo”, outro que nem precisava ter subido os juros e um terceiro, mais gaiato e realista, afirma que quem deve ter gostado disso foi o  inglês “Financial Times”.
Não precisam ir comprar jornal tão longe assim, não. Eles próprios sentiram que o BC “pegou pesado” demais, nas conversas diárias que tem com a alta cúpula dos jornais e vão apresentar a matéria da Folha à chefa dizendo que colocaram ela ao lado dos “mocinhos” anti-inflação, sem comprometê-la com os radicais do “jurismo”.
E assim sequem brincando de amansar os falcões da mídia, na doce ilusão de que vão virar pombinhos.
Quem quiser saber o que são, pergunte ao Franklin Martins.

Por: Fernando Brito

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