sábado, 11 de outubro de 2014

75% dos que recebem Bolsa Família trabalham, mas Estadão sugere que ainda não são “membros produtivos da sociedade”

publicado em 10 de outubro de 2014 às 22:18
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por Luiz Carlos Azenha, com dica do Antônio David
Existem vários mitos sobre o Bolsa Família. Mitos que se espalham por conta do preconceito. Um dos mitos é de que o Bolsa Família gera dependência, ou seja, de que sustenta “vagabundos” com dinheiro público.
Do Blog do Planalto:
Você já deve ter ouvido alguém falar: “Quem recebe o Bolsa Família deixa de trabalhar”. Porém, o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra o contrário: 75,4% dos beneficiários trabalham.
Desde o lançamento do programa, em 2003, mais de 1,7 milhão de brasileiros deixaram de receber o benefício por não precisar mais da ajuda do governo. Segundo pesquisa realizada pelo analista técnico Rafael Moreira, do Sebrae Nacional, o número de microempreendedores individuais (MEIs) oriundos do Bolsa Família já chegou a 350 mil.
“Diversos autores mostram que o mito da acomodação no Bolsa Família não se comprova. Pelo contrário, em muitos casos a gente vê que o empreendedorismo surge como forma de completar a renda, dando mais segurança à família para conquistar autonomia e sair do programa”, comenta Moreira. Ele ressalta ainda que, entre os MEIs do Bolsa Família, as mulheres somam 50,2%, enquanto na média nacional elas representam 45,3%.
Você pode até questionar a fonte da informação acima. Se é o caso, procure qualquer estudo feito sobre o Bolsa Família e vai constatar o mesmo.
Por exemplo, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas fez uma análise aprofundada do programa:
Na pesquisa do Ibase ou em qualquer outra sobre o Bolsa Família, a primeira resposta sobre “em que o dinheiro é gasto” é alimentação.
 No Nordeste, 91% dos titulares do programa apontaram a comida.
 No Sul, 73%.
 No geral, com opção de até três respostas, os beneficiários disseram gastar em alimentação (87%), material escolar (46%), vestuário (37%), remédios (22%), gás (10%), luz (6%), tratamento médico (2%), água (1%). “A alimentação consome 56% da renda total das famílias”, afirma Menezes.
É difícil acreditar que haja alguém contra um programa que coloca comida na mesa das pessoas. Considere este dado: 42% dos beneficiários do Bolsa Família tem menos de 16 anos de idade!
Outro mito comum é de que o Bolsa Família beneficia apenas o Nordeste. Não é fato:
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Em São Paulo, estado governado pelos tucanos, há 1,2 milhão de beneficiários; em outro estado até recentemente tucano, Minas Gerais, há outro 1,1 milhão.
De onde nasce, então, tanta desinformação? Muitas vezes, do puro preconceito de classe.
Vejam o caso do Estadão. O jornal fez um editorial desqualificando os votos em Dilma Rousseff no primeiro turno.
A família Mesquita, quatrocentona, se acha no direito de exprimir ideias que eu, particularmente, considero preconceituosas.
Por exemplo, quando sugere que os beneficiários do Bolsa Família ainda não são “membros produtivos da sociedade”.
É só checar o último parágrafo do editorial abaixo. De acordo com o editorialista, os beneficiários do programa social só serão “membros produtivos da sociedade” depois que receberem uma educação pública de qualidade e uma assistência médica decente.
Nem o Boris Casoy chegou a tanto quando falou dos garis.
Em minha opinião, existe uma matriz do pensamento conservador que, liberta das amarras sociais, acaba explodindo em ofensas aos nordestinos. Correm todos para apontar o dedo em direção aos autores das ofensas, mas ninguém investiga de onde germinam as ideias que eles expressam.
Não é preciso procurar muito para encontrar esta matriz.
Se a família Mesquita quer exprimir seus preconceitos, ainda que de forma velada, que o faça.
Completamente inaceitável é um jornal da tradição do Estadão ser, simplesmente, mal informado.
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