Inflação reflete o efeito-gasolina. E é gasolina que a direita vai jogar neste início de ano
10 de janeiro de 2014 | 13:32 Autor: Fernando Brito
Todo mundo – até a mídia – sabe que o reajuste do preço da gasolina foi o responsável pela alta da inflação de 0,92% em dezembro, superando a de dezembro de 2012 (já alta, de 0,81%) e frustrando a certeza que se tinha – até na mídia – de que o IPCA do ano passado fosse interior – embora pouco – ao de 2012.
Esqueça o “vamos conversar” e a “nova politica”.
Os quatro primeiros meses de 2014, na batalha eleitoral têm o nome de “inflação”.
Esqueça os “black blocs” e os “anonymous”.
A inflação é o combustível sem o qual mínimas centelhas se apagam quase que instantaneamente, mesmo com a mídia abanando com toda a sua energia.
Não importa, neste plano, que a inflação média do governo Dilma, como mostra oportuníssima nota de Gustavo Santos Ferreira, do Radar Econômico do Estadão seja a menor dos últimos cinco períodos de governo (2 FHC e 2 Lula), considerados os tres primeiros anos.(veja a imagem interativa no final do post)
Importa é que, em algum grau, a ação mídia-mercado criou a percepção de certo descontrole da economia.
Eu disse percepção, não realidade. E economia é feita tanto de realidade quanto de sua percepção.
O ministro Guido Mantega – que é um homem corretíssimo, inclusive na visão desenvolvimentista que esposa – foi impiedosamente desgastado.
Ninguém lhe aponta os méritos de ter sido o braço econômico de Lula na construção do boom de crescimento de 2009/2010.
Mas todos, inclusive no campo progressista, o vêem como parte de decisões erráticas – e não erradas, necessariamente – sobre juros, câmbio e política fiscal.
Todos os sucessos econômicos recentes (atingimento da meta fiscal, programa de concessões rodoviárias, menutenção do desemprego em níveis baixíssimos, por exemplo) são solenemente ignorados na avaliação de seu comando da economia.
Esqueça toda a conversa sobre reforma ministerial que você lê.
A decisão que se coloca para Dilma como essencial é sobre Mantega.
Temos todas as condições econômicas dadas para um novo surto, ainda que mais moderado, de crescimento: cambio menos irreal, safra agrícola recorde, perspectivas de aceleração do comércio e dos serviços com a estabilidade da renda e os grandes eventos, início da maturação de grandes investimentos em infraestrutura, sobretudo nos transportes e no petróleo.
Mas aquele famoso “é a economia, estúpido”, neste primeiro quadrimestre, virou um “é a inflação, estúpido”.
A direita vai jogar todo o seu peso nisso.
Como num jogo de futebol, vamos precisar saber resistir ao “sufoco” inicial e jogar com calma.
A partida, na política, pode ser curta, após a Copa, como todos os analistas políticos preveem.
Mas na economia, as eleições de 2014 já começaram faz tempo.
E isso pode mexer na organização do time.
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