No tempo do COTAM e não faz tanto tempo assim, elemento ia ao programa do Isaías Nicolau pedir pelo amor de Deus que o COTAM não fosse atrás dele não, pois ele não tinha nada com determinado crime, sabia que quando a polícia pegava era pra valer, hoje a sensação é de que não existe policiamento na cidade. Onde está nosso Governador? ele é de Sobral mesmo?
ENQUANTO ISSO O PREFEITO TRABALHA EM SEU GABINETE...PREENCHENDO SEU DIÁRIO:
CADE A SEGURANÇA? ONDE ESTÃO AS CÂMERAS DE MONITORAMENTO? HELICÓPTERO, PORQUÊ A CIDADE ESTÁ ABANDONADA?! SE EXISTISSE AGENTE DE TRÂNSITO FAZENDO BLITZ ROTINEIRAMENTE, SERÁ QUE BANDIDOS ANDAVAM CIRCULANDO, ROUBANDO PELA CIDADE? NÃO EXISTE BLITZ POLICIAL, VÁRIAS, MAS SÃO INÚMERAS MOTOS SEM LANTERNA, POSSIVELMENTE SEM HABILITAÇÃO! É DE LASCAR.... CIDADÃO É TEMPO DE RESPOSTA, ELEIÇÃO É AGORA! FORA CID!
Demissão de garis poderá levar o município a engrossar a fila da
extrema pobreza
Com a demissão de cerca de 100 trabalhadores, que prestavam
serviços na limpeza da cidade, na função de gari, o Prefeito Veveu Arruda, poderá
está praticando uma política administrativa ao contrário do que é empregado no
seus discursos e, levando para a extrema pobreza dezenas de pais de famílias
que anteriormente tinha um emprego, e agora, amarga a depressão de
demissão.
Sem lenço e sem documento, esses humildes
trabalhadores estão sendo colocados para fora, sem ter assegurado os direitos
trabalhistas. A prefeitura diz que a culpa é da cooperativa, enquanto que a
cooperativa diz que a culpa é da prefeitura. Sem dinheiro para pagar o aluguel
e nem como comprar alimento para a família, esses trabalhadores vão ter que
viver na extrema pobreza. FONTE: BLOG DO WILSON GOMES
Empreendimento conta com mais de 8.700 trabalhadores e cerca de 2.500 máquinas em campo
As obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco, em municípios
pernambucanos, foram vistoriadas pelo ministro da Integração Nacional,
Francisco Teixeira, nesta quinta-feira (30).
A visita começou por Sertânia, no início desta manhã, onde Francisco
Teixeira acompanhou os trabalhos da Meta 3 Leste, o antigo lote 12. O
roteiro também incluiu a Estação de Bombeamento 1 - EBI 1, em Floresta.
No período da tarde, o ministro visitou as Estações Elevatórias do Eixo
Norte do empreendimento, que ficam em Cabrobó.
"Todo o nosso esforço é para concluir a obra em 2015. Hoje temos 100%
das frentes de serviços remobilizadas, com mais de 8.700 trabalhadores e
cerca de 2.500 máquinas em campo. Agora é aumentar o ritmo de trabalho
para acelerar cada vez mais o cronograma", afirmou Teixeira.
Com 52,2% de execução, as obras do Projeto São Francisco se estendem por
dois canais ao longo de 477 quilômetros nos estados de Pernambuco,
Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O empreendimento também envolve a
construção de 13 aquedutos, nove estações de bombeamento, 27
reservatórios e quatro túneis para transporte de água.
As três estações elevatórias do Eixo Norte, que são responsáveis por
bombear a água do Rio São Francisco até Pernambuco, Ceará e Paraíba,
estão funcionando 24 horas por dia. As atividades no maior túnel da
América Latina para transporte de água, o Cuncas 1, também ocorrem em
três turnos de serviço.
Francisco Teixeira também destacou que o Projeto de Integração do Rio
São Francisco atenderá 390 cidades do semiárido. "Essa obra significa
água para mais de 12 milhões de pessoas em quatro estados. Quando
concluída, será a principal fonte de água de adutoras em nível estadual,
como a Adutora do Agreste (PE), as Vertentes Litorâneas (PB) e o
Cinturão das Águas (CE)", acrescentou.
A previsão é que 100 quilômetros de obras do Eixo Leste e 100
quilômetros do Eixo Norte sejam entregues neste ano e que todo o
empreendimento seja concluído em 2015. A obra representa a garantia de
segurança hídrica em uma região onde os ciclos com escassez de chuva são
periódicos.
Nesta sexta-feira (31), as visitas técnicas continuam pelos municípios
de Jati e Mauriti, no Ceará, com a presença do governador Cid Gomes.
fonte:osamigos do presidente lula
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Padilha rebate Folha: pai deixou ONG em 2009
Em nota, ministério da Saúde esclarece que
Anivaldo Pereira Padilha, um dos fundadores da Organização Não
Governamental Koinonia, que desenvolve projetos determinados pela pasta
por meio de editais públicos, exerceu o cargo de Secretário de
Planejamento e Cooperação entre 1º de janeiro de 2007 e 25 de setembro
de 2009, quando, por meio de carta à entidade, solicitou afastamento; na
ocaisão, seu filho Alexandre Padilha acabava de assumir a Secretaria de
Relações Institucionais (SRI); reportagem da Folha aponta conflito de
interesses na contratação da entidade; desde 2011, ONG participou de ao
menos quatro seleções, tendo sido desclassificada em duas; confira
íntegra da carta de demissão
30 de Janeiro de 2014 às 11:47
247 – O ministério da Saúde rebate reportagem da
Folha de S.Paulo veiculada nesta quinta-feira 30 ao esclarecer que
Anivaldo Pereira Padilha deixou a ONG Koinonia, que realiza projetos
determinados pela pasta, em 2009, quando seu filho, Alexandre Padilha,
assumia a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) do governo. O
jornal aponta conflito de interesses na contratação da entidade pelo
ministério hoje comandado por Padilha, em um convênio de R$ 199,8 mil.
Ataque ao ministro da Saúde surge na imprensa pouco tempo depois que o
petista anunciou sua candidatura ao governo de São Paulo contra o
tucano Geraldo Alckmin. Na nota, o ministério relata que o pai de
Padilha exerceu a função de Secretário de Planejamento e Cooperação
entre 1º de janeiro de 2007 e 25 de setembro de 2009.
"Ocasião em que - por carta à entidade - solicitou afastamento das
funções tendo em vista que o ministro Alexandre Padilha assumiria a
Secretaria de Relações Institucionais (SRI), com o objetivo de cumprir o
que determina a legislação e evitar conflito de interesse com o Poder
Público", diz o texto. Nota afirma ainda que a ONG já participou, desde
2011, da seleção de quatro projetos por meio de editais públicos, tendo
sida desclassificada em dois deles.
A Organização tem entre seus fundadores o sociólogo Herbert de Souza,
o Betinho, o escritor Rubem Alves e o educador Carlos Brandão e já
firmou parcerias com organizações internacionais ligadas à ONU e a União
Europeia. A Koinonia afirma, por fim, que "o processo de análise das
propostas de convênios encaminhadas e aprovadas pelo Ministério da Saúde
segue sempre a mesma forma: após cadastrada, ela é analisada pela área
técnica responsável quanto ao mérito e, posteriormente, pelo Fundo
Nacional de Saúde (FNS) quanto aos aspectos técnico-econômico". Ou seja,
sem privilégios.
Confira abaixo a carta de demissão do Anivaldo Pereira Padilha apresentada em 2009:
fonte: brasil 247
A partir deste ano, a vacina que previne contra o câncer de colo de
útero passa a ser incorporada no calendário de vacinação de meninas de
11 a 13 anos. A Campanha Nacional de combate ao HPV começa no dia 10 de
março. A vacina estará disponível nos 36 mil postos da rede pública
durante todo o ano, mas o Ministério da Saúde está incentivando
secretarias estaduais e municipais de saúde a promover, em parceria com
as secretarias de educação, a vacinação em escolas públicas e privadas.
A vacina contra HPV que será distribuída no SUS é a quadrivalente,
que previne contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e
18) respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero, responsável
atualmente por 95% dos casos de câncer no país. É o segundo tipo de
tumor que mais atinge as mulheres, atrás apenas do câncer de mama.
O HPV é capaz de infectar a pele ou as mucosas e possui mais de 100
tipos. Do total, pelo menos 13 têm potencial para causar câncer. Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), 291 milhões de mulheres no mundo
são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18
ou ambos. No Brasil, a cada ano, 685, 4 mil pessoas são infectadas por
algum tipo do vírus.
Em 2015, a vacina será ofertada também para meninas de 9 e 10 anos.
Cada menina deve receber três doses da vacina para estar imunizada
contra o HPV. Após a primeira dose, a segunda deverá ocorrer em dois
meses e a terceira, em seis. Será feito um cadastro com nome, endereço e
telefone das meninas imunizadas para que o Ministério da Saúde tenha
controle de que todas as doses serão aplicadas. As 36 mil salas de
vacinação em todo o país, além de escolas públicas e privadas, vão estar
envolvidas nessa campanha.
A vacina deve ser aplicada com autorização dos pais ou responsáveis.
Ela tem eficácia comprovada para mulheres que ainda não iniciaram a vida
sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus. “Vacina
contra o HPV é medida preventiva, não substituiu a realização de exames
periódicos e o uso de preservativo nas relações”, alerta a coordenadora
do Programa Nacional de Imunização, Carla Domingues.
O Ministério da Saúde investiu R$ 465 milhões na compra de 15 milhões
de doses da vacina para este ano, quantidade suficiente para que 5,2
milhões de pré-adolescentes sejam imunizadas. É a primeira vez que a
população terá acesso gratuito, em nível nacional, à vacina contra o
HPV. A cada ano, 270 mil mulheres no mundo morrem por conta da doença.
No Brasil, 5.160 mulheres morreram em 2011 em decorrência da doença.
Para 2013, o Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 17.540
novos casos.
Após viagem internacional, onde visitou Microsoft e não sei mais o
que, o prefeito povão, que faz tudo e não faz NADA! está de volta. É a
violência tomando conta da cidade (segurança é Estado, mas o prefeito pode
cobrar do amigo governador, que é daqui!), o trânsito da cidade entregue
as baratas, ele tenta mostrar serviço com uma obra que NÃO é da
prefeitura. PARA SER CHATO, VEJA O QUE DISSE A PRESIDENTA SOBRE O MINHA CASA MINHA VIDA NO DIA 4 DE MARÇO NA PARAÍBA:
"Os que estão recebendo estas casas não devem nada a
ninguém, nem a Presidenta da Republica, ao Governador, o prefeito...é
obrigação do estado brasileiro"
Antônio de Souza: Mídia, que tanto falou do aumento do IPTU, se cala sobre as 27 novas taxas de Alckmin
publicado em 29 de janeiro de 2014 às 0:03
Antônio de Souza: A partir de 27 de março, Alckmin poderá ser chamado Geraldo das Taxinhas
por Antônio de Souza Lopes da Silva
A partir de 27 de março, os paulistas começam a pagar 27 novas taxas
além do aumento em até 116% dos tributos cobrados pelo Departamento
Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), como o emplacamento de
veículos.
Entra em vigor a lei 15.266, sancionada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo em 27 de dezembro de 2013, que “dispõe sobre o tratamento tributário relativo às taxas no âmbito do Poder Executivo Estadual”.
Bem no final de 2013, Alckmin enviou às pressas à Assembleia
Legislativa o projeto de lei nº 916/2013, que “dispõe sobre o tratamento
tributário relativo às taxas no âmbito do Poder Executivo Estadual”.
Aqui, a lei prevê o valor das taxas em Ufesp — a Unidade Fiscal do Estado de São Paulo.
Ela é definida segundo a variação acumulada do Índice de Preços ao
Consumidor (IPC), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (FIPE) da Universidade de São Paulo (USP).
Em 2014, esse reajuste ficará em 3,98%.
O que fez Alckmin? Ele aumentou o número de Ufesp por serviço.
Na segurança pública, criou 10 taxas novas, sendo várias para shows pirotécnicos e carros blindados.
A blindagem de veículos, devido ao crescimento do crime e da violência, cresceu 35% em 2013 no País. Segundo a Folha, foram blindados no Brasil 10 mil carros no ano passado, sendo 72% deles no Estado de São Paulo.
Ou seja, o governo paulista deve arrecadar por ano R$ 18 milhões a
mais. Além disso,a taxa para policiamento de espetáculos artísticos e
culturais subiu quase 10%.
Abaixo tabela das novas taxas para serviços de segurança pública.
Alckmin criou 17 novas taxas no Detran, entre as quais estas:
*Para funcionamento de estabelecimento que faz vistoria de
identificação veicular ou inspeção de segurança veicular.Custará R$
1356,00.
*Para desmanche.Terá o valor de R$ 3.874,00.
* Estabelecimento que comercializa peças usadas de veículos automotores.Valor previsto de R$ 575,00.
*Preparação de leilão. Por veículo ou bem custará R$ 97.
Este quadro está detalhado na tabela abaixo.
O governo paulista também aumentará o valor de uma série de serviços,
especialmente emplacamentos de veículos nas concessionárias.
No Detran, o emplacamento de veículos subirá de 8% a 46%, já nas concessionárias, de 84% a 133%.
Aliás, a maior parte dos cidadãos prefere emplacar veículos nas
concessionárias para ter acesso imediato ao seguro e, assim, proteger
seu bem do alto número de roubos de veículos.O estranho é que Alckmin, o
responsável pela segurança do paulista, pune o cidadão que já não se
sente protegido pela polícia.
Em 2012, de acordo com o site do Detran-SP, foram emplacados um pouco
mais de 3 milhões de veículos. Em 2014, se for emplacado o mesmo número
que em 2012, o governo paulista arrecadará R$ 336 milhões com a nova
lei.
Estes dados estão na tabela abaixo:
Qual o motivo do aumento dessas taxas e criação de outras?
É viabilizar a parceria público-privada (PPP) dos pátios veiculares.
As taxas são garantia para o concessionário privado, como revela a
ata da reunião do programa estadual de parcerias público-privadas,
realizada 7/11/2013.
O aumento abusivo no valor das taxas será para bancar o que o governo
terá de pagar ao setor privado. Está na ata da mesma reunião:
Com respeito ao aspecto
econômico-financeiro, os fluxos foram projetados para uma demanda
estimada de 30 (trinta) mil veículos/mês e resultaram numa
contraprestação máxima anual de R$ 387 (trezentos e oitenta e sete)
milhões, adotando-se os valores de taxas praticados hoje pelo DER.
A PPP dos pátios busca superar uma situação de total falta de padronização e irregularidades flagrantes no atual sistema.
O governo afirma que:
De 2010 a 2013, a receita de taxas cresceu 29%, alcançando o valor de R$ 4,3 bilhões.
As taxas da nova lei de Alckmin abrangem R$ 2,7 bilhões; a maior parte se refere aos serviços do Detran.
A elevação de, pelo menos, R$ 354 milhões por ano (aumento projetado
das taxas de segurança pública e do Detran) penaliza o cidadão
paulista e se mostra abusiva, visto que as taxas já são atualizadas
anualmente pelo IPC da Fipe e tiveram crescimento expressivo, chegando
em alguns casos a 116%.
Com esses aumentos exagerados de taxas e a criação de outras 27, o
governador Alckmin, a partir de 27 de março, poderá ser chamado Geraldo
das Taxinhas.
Detalhe: a grande imprensa, que deu manchetes contra o aumento do
IPTU na cidade de São Paulo, praticamente está calada em relação ao
aumento das taxas dos tucanos, que prejudica todo o povo paulista.
Dilma desautoriza dados sobre meta fiscal
Segundo a presidente, em Cuba, são “especulações
indevidas” as informações divulgadas sobre a meta de superávit primário
deste ano; reportagem do Valor de terça-feira dizia que a União se
prepara para anunciar em fevereiro esforço primário de R$ 80 bilhões
neste ano, equivalentes a 1,5% do PIB - ficando 0,5% a cargo dos
Estados e municípios; "Está desautorizada qualquer manchete e informação
nesse sentido, tipo 'Fontes do Palácio do Planalto [dizem isso,
aquilo]. Ninguém do governo falou quanto vai ser cortado nem qual o
superávit primário. Lamento que tenham sido anunciado números, valores e
compromissos", disse Dilma; "[Sobre] reforma ministerial eu converso no
Brasil. Fora do Brasil, eu converso sobre assuntos de fora do Brasil,
porque isso é uma questão de respeito com a população brasileira"
29 de Janeiro de 2014 às 05:17
Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff disse ontem (28), em viagem à Cuba, que
só vai tratar de reforma ministerial quando chegar no Brasil. Ela
participa em Havana da 2ª Cúpula da Comunidade dos Países
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e deve chegar em Brasília nesta
quarta-feira (29), quando deve dar os próximos passos para a escolha dos
substitutos dos ministros que deixarão os cargos para disputar as
eleições presidenciais.
“[Sobre] reforma ministerial eu converso no Brasil. Fora do Brasil,
eu converso sobre assuntos de fora do Brasil, porque isso é uma questão
de respeito com a população brasileira”, limitou-se a dizer a
jornalistas nesta tarde, antes de participar de seu último compromisso
na cúpula.
Segundo a presidenta, são “especulações indevidas” as informações divulgadas sobre a meta de superávit primário deste ano.
“Ninguém do governo falou quanto vai ser cortado nem qual o superávit
primário. Lamento que tenham sido anunciado números, valores e
compromissos. Quando for a hora e ao longo do mês de fevereiro [será
anunciado]”, disse, antes de comentar que esse assunto também deve ser
discutido em solo brasileiro.
“Está desautorizada qualquer manchete e informação nesse sentido,
tipo 'Fontes do Palácio do Planalto [dizem isso, aquilo]”, declarou.
Durante a entrevista, Dilma também falou sobre a parada técnica que a
comitiva presidencial fez nesse fim de semana em Portugal, escala que
foiquestionada por jornais e pela oposição nos últimos dias e que não
constava na agenda oficial da presidenta.
Segundo Dilma, não foi convocada por ela nenhuma reunião para
discutir medidas para conter os protestos contra a Copa do Mundo. “Tem
umas coisas que eu não sei como aparecem no jornal […]. É importante que
o estado de São Paulo esclareça as condições, como tem feito o
secretário de Segurança Pública [Fernando Grella]. Esperamos
esclarecimentos junto com todos os brasileiro”, disse, em referência ao
manifestante que foi baleado pela Polícia Militar (LINK) do estado
durante protesto contra o Mundial.
“O Brasil tem maturidade democrática. Pode olhar, poucos tiveram
atitude que tivemos. Não fomos para a repressão, ouvimos as vozes e
fizemos cinco pactos”, disse. Segundo a presidenta, manifestações são
parte da democracia que o Brasil conquistou. “Mas eu sou contra e o
governo é contra atos de violência contra pessoas e contra patrimônio
publico e privado”, disse.
Dilma disse ainda que não ofereceu ajuda à Argentina, cuja moeda
sofreu a maior desvalorização mensal em 12 anos. “Não tem ajuda porque
em nenhum momento a presidenta Cristina [Kirchner] pediu. Ela acha que
lida com aquela situação e cada país trata com sua realidade. A
presidenta Cristina disse que tem todas as condições, que estão atentos e
vão tratar das questões”, disse.
Dilma, que manteve encontro privado com a colega argentina nessa
segunda, disse também que o país vizinho tem uma margem de manobra.
“Eles têm uma grande safra e vão começar a comercializar e ainda tem
restos da safra anterior, então acredito que terão condições de resolver
isso”, opinou.
Os "do contra" criticam o BNDES ter financiado parte do porto de Mariel,
em Cuba, mas não enxergam que, para um financiamento de US$ 682
milhões, Cuba gastou no Brasil US$ 802 milhões na compra de bens e
serviços (o custo total da modernização do porto foi de US$ 957 milhões,
com a aporte de US$ 275 milhões por Cuba).
Na verdade o BNDES financiou o crescimento da economia brasileira
através da exportação de bens e serviços. Da mesma forma que a Embraer
exporta aviões, o porto foi "exportado" do Brasil. Uma estimativa de
geração de empregos diretos, indiretos e induzidos no Brasil chega a 156
mil. Cerca de 500 empresas brasileiras se beneficiaram com essa obra.
Esse tipo de operação é comum e não é nova. Já vem sendo feita pelo
Brasil com diversos outros países, principalmente da América Latina,
África e Oriente Médio há décadas.
Reflete também o crescimento do Brasil e a inserção internacional, pois a
China, o Japão, os EUA, os países Europeus mais ricos, todos tem esse
tipo de linha de crédito. Quando financiam alguma infra-estrutura no
exterior, os contratos exigem que as empresas contratadas e as compras
de equipamentos sejam do país que está fazendo o empréstimo.
Essa maior presença do Brasil na política externa explica as recentes
vitórias de brasileiros em fóruns multilaterais com a conquista da
presidência da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Outra vantagem em manter esta boa relação comercial, é que Cuba importou
do Brasil em 2013, US$ 528 bilhões e exportou para nós U$ 96,6 milhões.
Ou seja, a balança comercial é bastante favorável ao Brasil.
O Brasil também ganhará com o aumento do comércio internacional com o
caribe e a América Central, região que sob forte influência econômica
dos EUA.
Cesário Melantonio Neto, embaixador brasileiro em Cuba, explica:
“O Porto de Mariel é importante para aumentar a inserção caribenha do
Brasil. Evidentemente o Brasil tem uma inserção maior no nosso entorno
regional, que é a América do Sul. O Brasil tem historicamente uma
inserção menor na América Central e também no Caribe. Provavelmente, com
a vinda de empresas brasileiras para se instalarem no Porto de Mariel,
que é um porto que oferece uma série de vantagens fiscais, mais ou menos
como o modelo das zonas de processamento de exportação (ZPE) no Brasil,
com sistema de drawback, sem limite de remessas para múltiplos de
dividendos, haverá uma maior presença comercial do Brasil, não só em
Cuba, mas em toda a região. Essa que é a importância para o Brasil do
Porto de Mariel”, diz.
Oportunidades de negócios
No dia 21 de novembro, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp),
realizou o seminário Oportunidades de Investimentos em Cuba, quando
apresentou os principais segmentos da economia cubana de interesse para o
setor privado brasileiro, como o de biotecnologia, farmácia,
agropecuária, turismo, mercado imobiliário, embalagens, agricultura,
tecnologia e infraestrutura, áreas que estão sob o guarda-chuva da Zona
Especial de Desenvolvimento cubana. A expectativa sobre a participação
no Porto de Mariel é que as empresas brasileiras se instalem ali não
apenas para produzir e gerar negócios, mas principalmente para gerar
exportações para o Brasil.
A BBC apurou interesses maiores de longo prazo. Eis o que diz a publicação britânica:
Interesse brasileiro e mão de obra cubana qualificada
O porto de Mariel (...) De grande profundidade, ele poderá receber
navios gigantes, capacidade que poucos portos da região têm, inclusive
na costa americana. Ele é modernizado no momento em que ocorrem também
as obras de ampliação do canal do Panamá.
Após a reforma, o canal
será a rota de passagem de navios "pós-panamax", com três vezes mais
capacidade de levar contêineres que as embarcações que trafegam pelo
local atualmente.
"Boa parte do comércio da Ásia para a costa
leste dos Estados Unidos passa pelo canal do Panamá. Essa área (do mar
do Caribe) vai ficar muito dinâmica, por isso quase todos os países da
região estão reformando seus portos", diz Luis Fernando Ayerbe,
coordenador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Unesp.
Porém,
diferente das nações vizinhas, Cuba não pode se aproveitar das
oportunidades comerciais relacionadas ao comércio com a costa leste
americana devido ao embargo promovido por Washington.
Por isso, o Brasil vê o investimento no porto como uma aposta futura no fim do embargo.
A
ideia é instalar indústrias nacionais (brasileiras) na zona franca de
Cuba para produzir aproveitando-se dos incentivos fiscais e
flexibilidade para a contratação da mão de obra cubana altamente
qualificada.
Dessa forma, o Brasil teria um posto avançado para
exportar inicialmente para a América Central e depois eventualmente para
os Estados Unidos, segundo Thomaz Zanotto, diretor do departamento de
relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias
do Estados de São Paulo (Fiesp).
A opção por investir em Cuba, em
vez de em outro país caribenho, se dá exatamente pelo isolamento de
Havana – onde o Brasil não sofre com a concorrência americana.
Por
enquanto, as duas nações ainda discutem que tipo de empresas
brasileiras se instalariam na zona franca cubana. As negociações apontam
para indústrias de alta tecnologia, que tirariam proveito da
qualificação dos trabalhadores cubanos. Umas das primeiras opções é a
indústria farmacêutica.
Oposição
O PSDB e outros partidos de oposição, como o PIG, alegam que o BNDES
deveria emprestar este dinheiro para os portos nacionais. A crítica
ignora que o BNDES também financia todos os portos nacionais que
apresentam projetos viáveis e seguros.
Segundo Thomaz Zanotto (o diretor da FIESP), a crítica não procede. O
que pesa no caso brasileiro são outros fatores que dificultam a
agilização de projetos, como licenças ambientais, e não o financiamento.
Itamar Santos, dono do Fusca 1975 incendiado por
extremistas de direita durante protesto em São Paulo, utilizava o único
veículo que possuía para entregar os portões que fabrica; "Um bando de
irresponsáveis", desabafa o operário, que viveu momentos de terror na
tentativa de tirar a família do carro em chamas; o trabalhador contou
que o Fusca foi cercado por pessoas usando lenços pretos para cobrir os
rostos; 146 black blocks foram presos por atos de vandalismo na
manifestação; todos liberados poucas horas depois
26 de Janeiro de 2014 às 17:01
247 - O serralheiro Itamar Santos, de 55 anos,
foi a principal vítima da ação de fascistas travestidos de manifestantes
que barbarizaram no sábado (26) em São Paulo no protesto denominado
#naoveitercopa. O operário tinha no Fusca ano 1975, incendiado no centro
da cidade, o suporte para o seu ganha pão. Era com ele que entregava os
portões de aço que fabrica.
O pobre serralheiro voltava da igreja junto com mais quatro pessoas
no carro, dentre elas uma criança de quatro anos, quando o fato
aconteceu. “Teve muito pânico para sair do carro pegando fogo. A criança
estava chorando... Naquele local não tinha um policial”, relatou Itamar
à reportagem do R7.
As fotos acima dão a dimensão do terror vivido pela família, que
passava nas proximidades da Praça Roosevelt quando colchões em chamas
foram atirados contra o carro. O trabalhador contou que o Fusca foi
cercado por pessoas usando lenços pretos para cobrir os rostos. O grupo
estava colocando fogo em colchões para interceptar a via e teriam jogado
um deles no carro. “Eu acho que são um bando de irresponsáveis”,
desabafou.
O fusca era o único carro do serralheiro que utilizava o veículo para
entregar portões. Itamar ainda não calculou o prejuízo. Após o
incêndio, ele voltou para casa de ônibus.
A família comemora o fato de que ninguém tenha se ferido, mas já estuda para processar o Estado para recuperar o prejuízo. Todo mundo livre
Indiferente ao vandalismo e aos atos de terror na capital paulista,
todos os 146 detidos foram liberados na madrugada deste domingo (26). A
maioria dos detidos (128) foi encaminhada para o 78º Distrito Policial
(DP), nos Jardins. Dezoito foram levados para o 2º DP, no centro.
A manifestação em São Paulo partiu da Avenida Paulista, com
concentração às 17h no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e
chegou ao centro da cidade no início da noite. Houve mobilização em
outras capitais.
Parte dos manifestantes foi presa dentro de um hotel na Rua Augusta,
quando tentava se refugiar das bombas de gás lacrimogêneo e balas de
borracha, conforme imagens de um vídeo amador divulgadas na internet.
O protesto teve a participação do movimento Black Bloc, cujos
integrantes usam táticas de ação direta para protestar em manifestações
de rua. Um carro da Guarda Municipal Metropolitana foi depredado e
agências bancárias da região central foram quebradas.
Nota assinada pelos grupos que compõem a organização do ato explica
as razões do protesto. “O levante de junho já mostrou claramente o que
os brasileiros já perceberam: os gastos bilionários na construção dos
estádios não melhoram a vida da população, apenas retiram investimentos
de direitos sociais. Mas junho foi só o começo!”, diz texto divulgado
pelos manifestantes.
O manifesto lembra que, embora os dirigentes políticos tenham dito,
na época, que não era possível atender à reivindicação pela redução da
tarifa dos ônibus, “o poder popular nas ruas mostrou que realidades
podem ser transformadas”. O coletivo destaca que a proposta do grupo é
impedir a realização dos jogos e “mostrar nacionalmente e
internacionalmente que o poder popular não quer a Copa”. (Com Agência Brasil)
Faz 30 anos, “bom jornalismo” da Globo apresentou comício das Diretas como “festa de aniversário” de São Paulo
publicado em 25 de janeiro de 2014 às 7:05
24/01/2014 – Copyleft
Os 30 anos do comício que a Globo transformou em festa
Após 20 anos de ditadura, 300 mil brasileiros foram à Praça da Sé
pedir eleições diretas. Jornal Nacional disse que o ato era festa pelo
aniversário de SP. por Najla Passos, na Carta Maior
Brasília – Há exatos 30 anos, cerca de 300 mil pessoas foram à Praça
da Sé, em São Paulo, para reivindicar eleições diretas para presidente.
No palanque, políticos, artistas, sindicalistas e estudantes. Era o
maior ato político ocorrido nos primeiros 20 anos da ditadura
brasileira, com todo o seu saldo de mortes, torturas, desaparecimentos
forçados, censuras e supressões dos direitos individuais. Mas o foco da
reportagem que o telejornal de maior audiência do país, o Jornal
Nacional, da TV Globo, levou ao ar naquela noite, era a comemoração
pelos 430 anos de São Paulo.
O histórico comício da Praça da Sé ocorreu em um momento em que o
Brasil reunificava suas forças para tentar por fim ao regime de exceção,
em um movimento crescente. Treze dias antes, um outro ato político
realizado em Curitiba (PR), com a mesma finalidade, havia sido
completamente ignorado pela emissora. Mesmo a chamada para o ato que os
organizadores tentaram veicular na TV como publicidade paga não foi
aceita pela direção. O Jornal Nacional nada falou sobre o comício que
levou 50 mil pessoas às ruas da capital paranaense. Antes dele, outros,
menores, já ocorriam em várias cidades brasileiras desde 1983. Nenhum
mereceu cobertura.
Em 1982, a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 22 permitiu
eleições diretas para governadores. Entretanto, previa que, em 1985,
fosse realizada eleição indireta para o novo presidente, a ser escolhido
por um colégio de líderes formado por senadores, deputados federais e
delegados das assembleias legislativas estaduais. Os brasileiros, porém,
queriam enterrar de vez os anos de arbítrio. Oposição e movimentos
sociais se uniram para pedir Diretas Já.
Aliada inconteste da ditadura civil militar, a TV Globo demorou a
acertar na análise da conjuntura. Acompanhando a leitura rasa dos
militares que ocupavam o Palácio do Planalto, acreditou que os atos por
eleições diretas não passariam de “arroubos patrióticos”, como depois
definiria seu então diretor de Jornalismo, Armando Nogueira. Mas a
estratégia de ignorar as diversas manifestações que pipocavam em várias
cidades do país já estava arranhando sua credibilidade. Decidiu mudar.
Quando a multidão ocupou a Praça da Sé, a Globo optou por maquiar o
ato e alterar suas finalidades. No telejornal mais visto do país, o
apresentador Sérgio Chapelin fez a seguinte chamada: “A cidade comemorou
seus 430 anos com mais de 500 solenidades. A maior foi um comício na
Praça da Sé”. A matéria que entrava a seguir, do repórter Ernesto
Paglia, evidenciava os 30 anos da Catedral da Sé e os shows artísticos
pelo aniversário da cidade. Só no finalzinho, o repórter dizia que as
pessoas pediam a volta das eleições diretas para presidente, como se
aquilo tivesse sido um rompante espontâneo no evento convocado para
outros fins.
Apesar da postura da maior rede de TV nacional, a campanha Diretas Já
ganhava o país. No dia 24 de fevereiro, um novo grande comício foi
realizado em Belo Horizonte (MG), e reuniu um contingente ainda maior de
pessoas do que o de São Paulo. No mesmo Jornal Nacional, apenas rápidas
imagens da multidão que saiu às ruas e dos muitos oradores que pediam o
fim da ditadura, acompanhados de um texto que desvirtuam o sentido do
ato.
A hostilidade com que os manifestantes tratavam a emissora só fazia
aumentar. Foi nesta época que os protestos de rua passaram a bradar o
slogan ouvido até hoje: “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Foi
nesta época também que os repórteres da Globo passaram a ser
achincalhado nas ruas. Alguns sofreram agressões físicas.
Roberto Marinho, o fundador da emissora, era comprometido com a
ditadura até o pescoço. Afinal, foram os militares que encobriram as
irregularidades que marcaram a inauguração da TV Globo, investigada por
uma CPI Parlamentar por conta de ter recebido injeção ilícita de capital
estrangeiro, no escândalo conhecido como Caso Time-Life. E também foram
os militares que ajudaram a emissora a se tornar a maior do país, em
troca de apoio sistemático ao regime de exceção.
Mas Marinho não era burro. Viu que era impossível conter a nova força
política que se tornava hegemônica no país e, de uma hora para outra,
virou seu jogo. No dia 10 de abril, duas semanas do Congresso votar a
proposta de eleições diretas já, ele autorizou que sua emissora cobrisse
à campanha. O comício realizado aquela noite, no Rio de Janeiro, que
reuniu mais de 1 milhão de pessoas na Candelária, enfim ganhou espaço
devido no Jornal Nacional.
A emenda que previa as Diretas Já, apresentada pelo até então quase
desconhecido Dante de Oliveira, não foi aprovada. Mas Marinho já estava
aliado comas forças que venceriam a eleição indireta: Tancredo Neves, o
presidente eleito que morreu antes de tomar posse, e José Sarney, que
por uma contingência do destino, iria assumir o posto. Naquela época, a
família Sarney já controlava a mídia no seu estado de origem, o
Maranhão. Reza a crônica política que, de olho em uma parceria de
sucesso com a Globo, o novo presidente da república submeteu até mesmo o
nome de seu ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, à aprovação de
Roberto Marinho. Erro histórico
O erro histórico da Globo de manipular a campanha Diretas Já até hoje
assombra a emissora. Em setembro do mesmo ano de 1984, em matéria
publicada pela revista Veja sobre os 15 anos do Jornal Nacional, Roberto
Marinho já tentava minimizar o fato: “Achamos que os comícios poderiam
representar um fator de inquietação nacional, e por isso, realizamos num
primeiro momento apenas reportagens regionais. Mas a paixão popular foi
tamanha que resolvemos tratar o assunto em rede nacional”, justificou.
Não foi suficiente. A história continuou rendendo acusações, livros e
teses acadêmicas, além de correr mundo. No documentário “Muito Além do
Cidadão Kane”, da emissora pública britânica Channel 4, de 1993, um
trecho da matéria exibida pelo Jornal Nacional sobre o comício da Praça
da Sé ajuda a comprovar a tese expressa no título pelo diretor, Simon
Hartog. No filme Cidadão Kane, de 1941, considerado a melhor produção
cinematográfica de todos os tempos, o genial Orson Wells narra a
historia de um magnata das comunicações que, para assegurar lucro e
poder, não tem escrúpulos em apoiar governantes diversos, indepentendes
de partidos e ideologias.
Um trecho da polêmica “cobertura” da Globo pode ser conferida no
documentário Muito além do Cidadão Kane, mais precisamente à 1h,18m02s.
Foram necessários muitos anos de democracia e, principalmente, de
pressão popular, para que a emissora voltasse a enfrentar o assunto.
Depois que as primeiras edições do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre
(RS), colocaram o debate sobre a manipulação da imprensa na agenda
nacional, outros caciques da Globo tentaram apaziguar a história. Em
depoimento gravado em 2000, o ex-diretor da emissora, José Bonifácio de
Oliveira Sobrinho, o Boni, admitiu a fraude, ainda que apresentando
motivações enviesadas. “Enquanto as outras emissoras cobriam isso, nós
ficamos limitados, pelo poder de audiência que a Globo tinha, a cobrir
isso como se fosse um show de cantores”.
http://globotv.globo.com/para-assinantes/ta-na-area/v/diretas-ja-19831984/2233321/
Um ano depois, foi a vez do ex-diretor de Jornalismo da Globo,
Armando Nogueira, revisitar a polêmica, em outro vídeo: “As passeatas,
as manifestações, aquilo acabou se transformando em uma avalanche. E a
Rede Globo, com o instinto de sobrevivência que sempre teve seu patrono,
Roberto Marinho, não poderia ficar insensível a isso, embora tivesse
duramente pressionada pelo Palácio do Planalto a não prestigiar o que se
supunha, lá no Palácio do Planalto, apenas uns arroubos patrióticos,
quando na realidade era a manifestação irresistível da consciência
nacional”.
http://globotv.globo.com/para-assinantes/jornal-da-globo/v/diretas-ja-19831984/2233346/
Em 2003, o diretor executivo de jornalismo da emissora, Ali Kamel,
reabriu a polêmica ao colocar no ar uma chamada em comemoração aos 34
anos do Jornal Nacional que evidenciava o pequeno trecho da matéria em
que o repórter falava em “eleições diretas para presidente”. E no artigo
“A Globo não fez campanha; fez bom jornalismo”, publicado na sequência
no jornal O Globo, ainda teve a ousadia de afirmar que a chamada servia
“para rechaçar de vez uma das mais graves acusações que o JN já sofreu: a
de que não cobriu o comício das diretas, na Praça da Sé, em São Paulo”.
Os muitos autores que, até então, publicaram obras rechaçando a
postura da emissora contra-atacaram, evidenciando a desproporção com que
o tema foi tratado no telejornal. Ninguém nunca conseguiu saber, ao
certo, se a vinheta de Kamel exibia a reportagem que, de fato, fora
levada à época ao Jornal Nacional ou se era uma das tais “reportagens
regionais” a que Roberto Marinha se referiu na entrevista à Veja de
1984. De certo, ficou apenas que o assunto não teve, no principal
veículo de informação da emissora, o tratamento que merecia. E que o
Brasil verdadeiramente democrático jamais engoliu a manipulação.
***** A polêmica sobre o assunto, registrada no Observatório da Imprensa: A GLOBO NÃO FEZ CAMPANHA; FEZ BOM JORNALISMO Ali Kamel
Para comemorar os 34 anos do Jornal Nacional, a TV Globo pôs no ar
uma série de chamadas comemorativas muito simples: flashes dos
principais momentos da História do Brasil e do mundo que o telejornal
líder de audiência nas últimas três décadas exibiu. Foi uma pequena
mostra dos serviços que o JN presta ao Brasil, o único órgão de imprensa
presente, graças às afiliadas, em 115 municípios, nos 26 estados do
país e no Distrito Federal, com equipes completas de jornalismo. Tudo
feito por brasileiros, para brasileiros, em defesa do Brasil.
Mas não escrevo para elogiar o JN. Escrevo porque, em uma daquelas
chamadas, uma pequena imagem do repórter Ernesto Paglia pode ter
contribuído para rechaçar de vez uma das mais graves acusações que o JN
já sofreu: a de que não cobriu o comício das diretas, na Praça da Sé, em
São Paulo. Uma acusação que está, inclusive, em muitos livros. Leiam a
seguir uma pequena mostra: Primeiro, Eugênio Bucci, em seu livro Ética e
imprensa, editado pela Companhia das Letras em 2000, na página 29: No
dia 25 de janeiro de 1984, o Jornal Nacional tapeou o telespectador.
Mostrou cenas de uma manifestação pública na Praça da Sé, em São Paulo, e
disse que aquilo acontecia em virtude da comemoração do aniversário da
cidade. A manifestação era real: lá estavam dezenas de milhares de
cidadãos em frente a um palanque onde lideranças políticas discursavam.
Mas o motivo que o Jornal Nacional atribuiu a ela não passa de invenção.
Aquele comício nada tinha a ver com fundação de cidade alguma. A
multidão estava lá para exigir eleições diretas para Presidência da
República. O Jornal Nacional enganou o cidadão naquela noite – e
prosseguiu enganando durante semanas a fio, ao omitir as informações
sobre a campanha por eleições diretas. Para quem só se inteirasse dos
acontecimentos pelos noticiários da Globo, a campanha das diretas não
existia.
Mario Serio Conti, em seu livro Notícias do Planalto, também editado
pela Companhia das Letras, em 1999, nas páginas 37 e 38, foi mais longe:
“Em 25 de janeiro de 1984, o patrão (Roberto Marinho) estava
irredutível. Para aquele dia, aniversário de fundação da cidade de São
Paulo, fora marcado um ato público na Praça da Sé. Centenas de milhares
de pessoas compareceram. No palanque se encontravam desde o presidente
do PT, o Partido dos Trabalhadores, Luís Inácio Lula da Silva, até
Tancredo Neves, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB,
passando por cantoras, compositores, atores e atrizes de novelas da
Globo. O próprio apresentador da manifestação, o locutor de futebol
Osmar Santos, era um astro da Rádio Globo. Com a Bandeirantes e a
Manchete dando flashes ao vivo e dedicando a maior parte de seus
noticiários à manifestação na Sé, Boni imaginou uma maneira de
mencioná-la, ao mesmo tempo que cumpria a ordem de não noticiá-la. Numa
reunião na sala de Armando Nogueira, determinou que uma repórter falasse
da Praça da Sé, em menos de vinte segundos, que ali estava sendo
comemorado com um show o aniversário de São Paulo. Não deu certo: além
de omitir, a Globo foi acusada de distorcer a verdade.”
Até mesmo no prestigiado Dicionário Histórico Biográfico, da Fundação
Getúlio Vargas, na página 4.921, está dito: “Em 1984, o país viveu o
ápice da campanha das diretas para a Presidência da República,
desencadeada no final do ano anterior. Ignorando-a inicialmente, a Globo
dava pouco espaço, nos noticiários, aos grandes comícios e passeatas
que impulsionaram a campanha. O comício da Praça da Sé de São Paulo, em
janeiro, recebeu uma cobertura de poucos flashes que apenas mostrava
artistas, caracterizando o evento como uma comemoração do aniversário da
cidade e desprezando a presença de dez governadores de estado.”
Luiz Felipe Miguel, em seu artigo Mídia e manipulação política no Brasil,
publicado em Comunicação e política, volume VI, página 124, segue a
mesma linha: “Outro episódio significativo se refere à grande
mobilização popular exigindo o retorno das eleições diretas para a
Presidência da República, em 1984 – e que a Globo procurou ignorar. No
dia 25 de janeiro, um comício em São Paulo reuniu cerca de 300 mil
pessoas em defesa das diretas, dando início a uma série de grandes
manifestações populares. No Jornal Nacional, porém, o comício foi
despido de seu caráter político e noticiado como se fosse um espetáculo
comemorativo do aniversário da cidade de São Paulo.”
Deve haver muitos outros livros, a produção acadêmica no Brasil nessa
área aumentou muito nos últimos anos. O que diminuiu foi a ênfase no
método, na pesquisa. Bastava uma visita ao Centro de Documentação da TV
Globo, onde todas as reportagens estão arquivadas, para que acusações
tão graves simplesmente não existissem. A reportagem de Ernesto Paglia
foi ao ar na noite do comício, realizado no dia 25 de janeiro, entre
outros motivos, justamente por ser o aniversário de 430 anos da cidade,
um feriado. O aniversário é o mote do locutor, e o repórter, de fato,
inicia a reportagem por ele, mas, em seguida, fala do comício, diz que
ele pede as diretas para presidente, descreve o que aconteceu e termina
com o discurso do então governador de São Paulo, Franco Montoro. Leiam a
transcrição:
Repórter: “São Paulo, 430 anos, nove milhões de brasileiros vindos de
todo o país. A cidade de trabalho. São Paulo fez feriado hoje para
comemorar o aniversário. Foi também o aniversário do seu templo mais
importante, a Catedral da Sé. De manhã, na missa, o cardeal arcebispo
dom Paulo Evaristo Arns lembrou o importante papel da Catedral da Sé
nesses 30 anos em que ela vive no coração da cidade.
Dom Paulo: Nessa igreja se promoveu praticamente a libertação de um
povo que quer manifestar-se como povo. Eu acho que isso é fundamental
para uma igreja mãe que é tratada com tanto carinho.
Repórter: E junto com a cidade aniversariou também hoje a
Universidade de São Paulo. A USP completou 50 anos de existência. A
ministra da Educação, Ester Figueiredo Ferraz, foi à USP hoje. Ela falou
da importância da Universidade com suas 33 faculdades e 45 mil alunos e
assistiu a uma inesperada manifestação de estudantes e funcionários.
Eles tomaram o anfiteatro com faixas e cartazes e pediram verbas para a
educação, eleições diretas para reitor e para presidente da República.
Mas à tarde, milhares de pessoas vieram ao Centro de São Paulo para, na
Praça da Sé, se reunir num comício em que pediam eleições diretas para
presidente. Não foi apenas uma manifestação política. Na abertura,
música, um frevo do cantor Moraes Moreira. A Praça da Sé e todas as ruas
vizinhas estão lotadas (panorâmica da multidão e das ruas ao lado,
tomadas). No palanque mais de 400 pessoas, deputados, prefeitos (imagens
do palanque) e muitos artistas, Christiane Torloni, Regina Duarte,
Irene Ravache, Chico Buarque, Milton Gonçalves, Ester Góes, Bruna
Lombardi, Alceu Valença, Fernanda Montenegro, Gilberto Gil. A chuva não
afasta o povo. Os oradores se sucedem no palanque e ninguém arreda pé. O
radialista Osmar Santos apresenta os oradores. O governador de S.
Paulo, Franco Montoro, fez o discurso de encerramento (imagens e som de
Montoro, ao lado de Ulysses Guimarães, Orestes Quércia, Brizola e Lula).
Franco Montoro: Um dos passos na luta da democracia. Houve a anistia,
houve a censura, o fim da tortura; mas é preciso conquistar o fundo do
poder que é a Presidência da República.
A fita está à disposição. Não houve omissão. Está tudo na reportagem
de Paglia. Já na USP, a menção, com imagens, do protesto dos estudantes
pedindo diretas para presidente. E as imagens da praça lotada, o motivo
do comício dito com todas as letras, a ênfase na disposição cívica do
povo “que não arreda pé nem com a chuva”, os políticos mostrados no
palanque e o discurso final, na voz de Montoro, forte, incisivo, em tom
de convocação. Sim, na noite de 25 de janeiro de 1984, os brasileiros se
informaram na Globo de que um comício pelas diretas se realizara em São
Paulo.
Como sempre, estavam bem informados. Desde o momento em que Dante de
Oliveira protocolou sua emenda na Câmara dos Deputados, em março de
1983, a Globo cobriu todos os passos da luta pelas diretas. Já em março
daquele ano, o então repórter Antônio Britto, numa reportagem para o
Jornal Nacional, entrevistando o então líder do PMDB Freitas Nobre,
contou aos brasileiros qual seria a estratégia da oposição para aprovar a
emenda. E nos meses seguintes, foram inúmeras as reportagens a
respeito, não somente sobre a tramitação da emenda, como também sobre as
manifestações populares (a Globo cobriu os comícios, desde a caminhada
pelas diretas no dia 13 de janeiro de 1984).
A minha tese é que não há má-fé por parte de quem difunde a acusação
de que a Globo não cobriu o comício de São Paulo. Eu sou fortemente
inclinado a supor que a Globo é tão querida, e tão reconhecidamente
competente, que muitos não a perdoaram por não ter feito uma campanha
pelas diretas, no estilo das que faz em época de Copa do Mundo.
Esquecem-se de que a ditadura ainda estava forte, tão forte que as
diretas foram votadas sob a vigência das medidas de emergência, um
dispositivo constitucional, decretado nas vésperas da votação, que
proibiu manifestações populares em Brasília (lembram-se do general
Newton Cardoso, em seu cavalo, dando chicotadas em carros presos num
engarrafamento?) e proibiu a transmissão por emissoras de rádio e
televisão da sessão do Congresso Nacional que acabaria rejeitando as
diretas-já. Não, a Globo não fez uma campanha, mas não deixou de fazer
bom jornalismo.” Resposta de Mario Sergio Conti, autor de Notícias do Planalto: TV GLOBO E AS DIRETAS Mario Sergio Conti
“Carta a Ali Kamel”, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 4/10/03
Caro Ali,
Li com interesse e espanto o seu artigo n’O Globo do último dia 24.
Interesse porque você transcreve o texto da reportagem do Jornal
Nacional de 24 de janeiro de 1984, quando houve o primeiro grande
comício pelas edições diretas para presidente. E espanto porque você
conclui que naquela noite, e durante toda a campanha pelas diretas, “a
Globo fez bom jornalismo” (transcrição abaixo).
Não foi de imediato que pensei em comentá-lo. Mas como comecei a
imaginar indagações e contrargumentos, resolvi então compartilhá-los.
Torno a carta pública porque acredito que o seu artigo suscita questões
que podem interessar a vários de nossos colegas. E também porque podemos
inaugurar um gênero inédito: a polêmica entre jornalistas que não
desanda em gritaria, desqualificação, insultos ou baixaria.
***
Você acusa todos que criticaram a cobertura do Jornal Nacional
daquele comício de não terem feito a pesquisa necessária: “Bastava uma
visita ao Centro de Documentação da TV Globo, onde todas as reportagens
estão arquivadas, para que acusações tão graves simplesmente não
existissem”.
Perfeito. Mas eu fui, diversas vezes, ao Centro de Documentação da Globo quando fiz a pesquisa para Notícias do Planalto.
E pedi a fita do JN de 24 de janeiro de 1984. As fitas daquele ano,
explicaram-me, foram gravadas no sistema X, e estavam em processo de
transcodificação para o sistema Y. Pedi para ver aquele telejornal
específico lá mesmo, numa máquina qualquer, da maneira que fosse. Não
dava, foi a resposta. Ao longo de quase dois anos de trabalho no livro,
de vez em quando telefonava para o Centro de Documentação e perguntava
se dava para ver o raio do JN do comício das diretas na Praça da Sé.
Nunca deu.
Acredito no que os funcionários do Centro de Documentação me
disseram. Cheguei a eles por intermédio de João Roberto Marinho, que
gentilmente recomendou que me ajudassem. Eles foram sempre eficientes e
rápidos, além de simpáticos. Arrumaram-me a fita do Globo Repórter de
abril de 1987, sobre a caça aos marajás que o então governador Fernando
Collor fazia em Alagoas. Deram-me também a fita com a edição que o
Jornal Nacional fez do debate entre Lula e Collor na véspera do segundo
turno das eleições de 1989. E explicaram que não tinham a fita com a
edição do mesmo debate que foi levada ao ar horas antes porque o Hoje
não era arquivado.
Agora, graças ao Centro de Documentação da TV Globo, e à sua
curiosidade, a fita está a disposição. Não é mais preciso recorrer à
memória, pessoal e de outrem, para saber o que o JN mostrou naquele dia.
A memória, como você, eu e todo leitor de Freud e Proust sabe, é
parcial e enganadora. Ela não é regida por mecanismos racionais. Com o
passar do tempo, as recordações assumem um caráter fluido e vago como o
dos sonhos. (Falar em memória, como trezentas pessoas te devem ter dito,
há um lapsus linguae no artigo: foi Newton Cruz, e não Cardoso, o
milico que chicoteou uma carreata em Brasília).
Eu gostaria de ver a fita. Não, Ali, não precisa se incomodar em
mandá-la. O sistema de vídeo francês é diferente do brasileiro. Também
não se dê ao trabalho de descobrir se é possível transcodificá-la. Não
tenho aparelho de vídeo ou de DVD (nem assino canais a cabo). Esses
troços são caros e meu dinheiro é contado. E o que tem de noticiário e
documentário nos canais abertos já me é mais do que suficiente.
***
Gostaria de ver a fita não só por nostalgia (cobri o comício), e sim
para fazer uma análise semelhante às que fiz do Globo Repórter dos
marajás e da edição do Jornal Nacional do debate de Lula e Collor.
Queria saber, de cara, se o Cid Moreira (foi ele mesmo o apresentador
daquela noite?) leu uma manchete na abertura do jornal sobre os
acontecimentos na Sé. As manchetes de um telejornal, como estamos
carecas de saber, resumem os fatos mais importantes do dia. Elas
funcionam como a primeira página de um jornal impresso: hierarquizam as
notícias da edição, chamando a atenção para as mais importantes, que
ocupam espaço maior na página.
O que aconteceu na Sé foi considerado relevante o suficiente para
abrir o JN? Se não, quais outras notícias foram consideradas mais
importantes? Se sim, com que palavras o fato foi descrito: comemoração
do aniversário de São Paulo, show, comício pelas diretas?
Gostaria também de saber o que o locutor disse ao anunciar a
reportagem de Ernesto Paglia. Ou seja, qual foi o título da notícia. No
seu artigo, você escreve que o aniversário (de São Paulo) é o mote do
locutor. Sim, mas ele disse “comemoração”, “festa”, “show”, “comício”?
Com a fita em mãos, eu faria então uma minutagem, uma contagem do
tempo dedicado a cada notícia. Para saber, no aspecto material mais
elementar – o tempo -, qual o peso editorial ocupado pela reportagem da
Sé naquela edição do Jornal Nacional. Um por cento, 3%, 5% do total do
JN?
(Parênteses: sei que a matéria tem menos de um minuto. Fiz a contagem
quanto voltei do comício, ao assistir a fita do JN na redação da Veja.
Não porque eu seja um maníaco por cronômetros. No dia seguinte, ia
entrevistar o Osmar Santos para uma “amarela”. E queria perguntar-lhe o
que achava da Globo ter dado pouco tempo ao comício. A entrevista foi
publicada, e a pergunta está lá).
De Paris, posso ouvir os seus bocejos no Rio, Ali. Reconheço que
esses raciocínios sobre manchete, título e tempo de notícias são chatos,
por serem o beabá do nosso metiê. Mas eles são importantes para que eu
possa fazer as seguintes afirmações categóricas. Ei-las:
O Jornal Nacional não deu manchete com o comício pela diretas, que
levou mais de duzentas mil pessoas à praça da Sé. Logo, não o considerou
um dos grandes fatos jornalísticos do dia. O título da matéria do
Paglia também omitiu que se tratava de uma manifestação pelas diretas. O
tema das diretas ocupa metade do tempo da reportagem. Nela, dois
entrevistados falam, D. Paulo Evaristo Arns e Franco Montoro, e apenas o
governador se refere às diretas. A reportagem cita o nome de dez
artistas e apenas o de dois políticos: a então ministra da Educação,
Ester Figueiredo Ferraz, e Montoro.
A isso você chama de “bom jornalismo”.
***
O bom jornalismo não ocorre no vácuo. Ele pode ser contraposto ao mau
jornalismo, ao péssimo, ao regular, ao excelente. Como nem o JN nem a
Globo estavam (ou estão) sozinhos no universo, façamos algumas
comparações
Na tarde do comício, as redes Bandeirantes e Manchete deram flashes
ao vivo da preparação da manifestação (acompanhei as duas na redação,
antes de sair para a cobertura). Com emissoras de rádio, a mesma coisa
(ouvi rádio no táxi, da Veja até a Sé). Nos telejornais do horário
nobre, a Manchete e a Bandeirantes dedicaram bem mais da metade do tempo
ao comício (perguntei aos colegas, ao preparar a entrevista com o Osmar
Santos) No dia seguinte, a Folha dedicou a primeira página inteira ao
assunto. O Estadão, O Globo e o JB deram a manchete principal ao
assunto. No fim de semana, Veja e Istoé vieram com fotos de capa,
praticamente idênticas, com a multidão na praça (consulte os arquivos).
Todos os órgãos da grande imprensa cobriram o ato público na Sé de
maneira extensa e intensa. Para os seus diretores e proprietários, ele
foi a grande notícia do dia e da semana. Só o Jornal Nacional fez
diferente. Ele reduziu drasticamente a relevância e o impacto da
notícia. Ele colocou dentro da notícia informações que visavam deturpar o
seu sentido, a sua verdade — a de manifestação popular contra a
ditadura.
Já que você sustenta que a Globo fez “bom jornalismo”, como
classificaria o trabalho das outras redes, dos jornais e das revistas
naqueles dias? Eles se saíram melhor que o JN? Se sim, eles então
fizeram “ótimo” ou “excelente” jornalismo. Dito de outra forma: em
relação a eles, a Globo fez um jornalismo ruim. Ou péssimo.
Sua resposta pode ser outra: só a Globo fez bom jornalismo. Os demais
órgãos da grande imprensa fizeram mau jornalismo porque exageraram a
notícia. Fizeram “campanha”.
***
No último parágrafo do artigo você exemplifica o que entende por “campanha”:
“Eu sou fortemente inclinado a supor que a Globo é tão querida, e tão
reconhecidamente competente, que muitos não a perdoaram por não ter
feito uma campanha pelas diretas, no estilo das que faz em época de Copa
do Mundo”.
Confesso que não entendi. Não acho que a Globo faça “campanha” em
época de Copa do Mundo. Campanha para quê? Com que objetivo? Campanha
para o Brasil ganhar? Na Copa, a Globo como um todo — e sobretudo seus
pontas-de-lança, os locutores das partidas — , torce pelo time
brasileiro. Todos os órgãos de imprensa fazem o mesmo. (Na França, idem:
os locutores parecem estar transmitindo uma partida de xadrez, de tão
fleumáticos que são, mas torcem adoidado pelos bleus. Eles torcem
bufando: bufffff!)
Campanha jornalística é outra coisa. Como você, dou um exemplo: a
Folha fez campanha pelas diretas. Bem antes do comício da Sé, o jornal
fez editorial de primeira página a favor das diretas. A campanha popular
passou a orientar o seu noticiário político, sua página de Opinião e
seus colunistas. O jornal usava tarjas amarelas, a cor da campanha.
Quanto aos outros órgãos de imprensa, francamente não sei. Uns
fizeram editoriais a favor das diretas. Outros não. Podiam estar em
campanha ou não. Mas todos noticiaram a campanha amplamente. Inclusive O
Globo. A única cobertura estruturalmente diferente foi a do Jornal
Nacional.
E a diferença acabou dois meses depois, no comício pelas diretas na
Candelária, no Rio. O JN fez uma cobertura oposta à do ato na Sé. Se
você me permite um pouco de cabotinismo (e de preguiça também: não vou
ficar procurando um jeito diferente de escrever o que já escrevi), cito o
trecho de Notícias do Planalto sobre a Candelária:
“Com a cidade parada, a expectativa do comparecimento de um milhão de
pessoas, e a previsão de se cantar o Hino nacional no horário do JN,
uma parte da manifestação teria de ser exibida ao vivo. Boni defendia
que o comício não destruísse a programação. O que importava, em termos
jornalísticos, era mostrar a dimensão colossal do ato na Candelária, e
não a pregação de tal ou qual demagogo. Mexer na programação, sobretudo
no horário das novelas, era alienar uma parte considerável da audiência,
argumentava. Armando Nogueira dizia que enquanto houvesse notícias a
Globo deveria transmitir. Que se danassem as novelas. A preocupação de
Roberto Irineu Marinho era evitar a transmissão do discurso de algum
panfletário. Queria evitar ataques às Forças Armadas e incitações a
saques e depredações. O poder de corte e edição, de decidir o que
mostrar aos brasileiros, não ficou com os profissionais. Ficou com
Roberto Irineu Marinho. Monitores foram acomodados na sua sala, e se fez
uma ligação direta entre ela e a mesa de corte, na Central de
Jornalismo. A convite de Roberto Irineu, a diretora italiana de cinema
Lina Wertmuller acompanhou a movimentação. Pôde perceber que as
discussões sobre televisão, política e jornalismo não eram acadêmicas:
pouco depois das 8 da noite um helicóptero militar postou-se na altura
da janela da sala de Roberto Irineu. Piloto e co-piloto encaravam o alto
escalão da Globo, com o evidente propósito de intimidá-lo. Roberto
Irineu abriu a janela e lhes deu uma banana. Passaram alguns momentos e
os militares foram embora.”
Como você qualificaria o trabalho do JN no comício da Candelária? Os
telespectadores da Globo foram mal informados, bem informados,
excessivamente informados, informados por um jornalismo de “campanha”?
Se você quer minha opinião, ela é óbvia. A cobertura da Sé deixou os
telespectadores desinformados. A da Candelária esteve à altura do
comício.
***
Você reduz o contexto da época, no finzinho do artigo, a uma frase:
“a ditadura ainda estava forte, tão forte que as diretas foram votadas
sob a vigência das medidas de emergência, um dispositivo constitucional,
decretado nas vésperas da votação, que proibiu manifestações populares
em Brasília”.
A ditadura podia estar forte. Mas não a ponto de impedir que centenas
de milhares de pessoas fossem à Sé. Ela também não evitou que órgãos de
imprensa mais fracos que a Globo noticiassem o comício com destaque.
Havia, naqueles dias, uma crise política nacional. Essa crise
reverberou dentro da Globo. Pela última vez, juro, dou uma de cabotino e
me repito:
“Desde o final de 1983 as manifestações se sucediam. Quanto mais
gente juntavam, maior o impacto da ausência delas no Jornal Nacional. O
ministro Leitão de Abreu, da Casa Civil, convencera Roberto Marinho que a
campanha era nociva ao governo do presidente João Baptista Figueiredo
e, portanto, ao bem-estar nacional. O melhor era ignorá-las. Assim foi
feito, com prejuízo para a credibilidade da rede. Seus repórteres e
veículos foram hostilizados, enquanto os da Bandeirantes e da Manchete,
que noticiavam a campanha, eram alvo de gestos de simpatia. Nos atos
públicos e passeatas uma das palavras-de-ordem gritadas com mais
entusiasmo era ‘o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!’ A mesa de
Roberto Marinho foi coberta por telexes, telegramas e cartas de protesto
contra as distorções no noticiário. Algumas delas assinadas por
anunciantes e donos de agências de propaganda. ‘Se a Globo continuar
ignorando as diretas, corre o risco de perder verbas publicitárias’,
avisou o diretor de Comercialização, Dionísio Poli, a Roberto Marinho –
que relutava em deixar focalizar o povo nas ruas.”
***
Ao longo dos últimos dezenove anos, consolidou-se a percepção social
que cobertura da campanha das diretas feita pela Globo foi um escândalo.
Repito: é ótimo que você tenha publicado o texto da reportagem. Mesmo
sem citar as manchetes do dia e o título da notícia. Porque agora dá
para saber melhor a partir de qual base factual se produziu o balanço
(em livros, artigos e na memória das pessoas) daquela cobertura.
Nessas quase duas décadas, acho que li boa parte do que foi publicado
a respeito. Conversei com dezenas de colegas da Globo. Entrevistei
muitos deles e lhes fiz perguntas específicas sobre a campanha das
diretas. Pois nenhum, jamais, defendeu a tese do ‘bom jornalismo”.
Alguns falaram em ‘erro’, outros se referiram a ‘pressões’, muitos
disseram que ‘foi feito o possível’. Nenhum deles se vangloriou do que
foi levado ao ar. A começar por Roberto Marinho.
Para todos, contudo, as lições foram assimiladas. E colocadas em
prática. Tanto que, no movimento para a tirada de Collor do poder, não
houve reportagem que lembrasse a do comício na Sé – apesar de Roberto
Marinho ser contra a saída do presidente. Todos, dentro e fora da Globo,
aprenderam. É esse aprendizado coletivo que você quer reverter.
O sentido dessa carta, meu caro Ali, não é o de esmiuçar o passado. É
o de apontar para o futuro. Outras crises virão. Políticas e
jornalísticas. Você ocupa uma posição de responsabilidade na imprensa
brasileira. O que você escreve deve ser ponderado e levado em conta. É
por isso que, fraternalmente, discordo do seu exemplo — do seu conceito —
de ‘bom jornalismo’. Ele transforma em paradigma o que foi uma
aberração.
Com o abraço de sempre, Mario fonte: VIOMUNDO
Prefeito Veveu ataca novamente, com suas viagens internacionais que não servem pra nada, ao invés de investir em software livre e estimular o LINUX nas escolas e em tudo da prefeitura, não! vai na Microsoft fazer o quê? Será que está pensando em enriquecer mais ainda o Gates!