Argentinos recorrem ao Brasil e Paraguai para abastecer o tanque
Combustível subiu 31% desde dezembro no país. Abastecer nos vizinhos rende economia de até 300 reais
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Buenos Aires
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Segundo o presidente da Câmara de Postos de Gasolina do Nordeste da Argentina (Cesane), Faruk Jalaf, o aumento dos preços começou a provocar uma queda da demanda. “As pessoas irão priorizar seus gastos em mantimentos, serviços e depois, se sobrar algo, em outros gastos”, diz Jalaf em declarações à imprensa local. O presidente da Cesane confirma que “as pessoas já começaram a ir aos países vizinhos para abastecer”.
A tendência é visível na divisa internacional de Iguazú que liga a província argentina de Misiones, no extremo noroeste do país, com o Brasil. Dezenas de moradores da região realizam os trâmites de fronteira junto à enxurrada de turistas que quer aproveitar a vista das Cataratas do Iguaçu nos dois países. Atravessar leva por volta de 15 minutos, mais outros 10 até o posto de gasolina mais próximo, explica o taxista Pablo de Sosa. “Cada vez mais aumenta o número de pessoas que cruzam a fronteira”, confirma.
A economia no combustível é uma das razões, mas não a única. São muitos os que aproveitam a viagem e além de encher o tanque vão ao supermercado antes de voltar. “Os alimentos também são muito mais baratos no Brasil, o arroz, o macarrão, tudo...”, afirma o taxista. Com a exceção dos produtos de origem animal, que não podem ser introduzidos no país, os argentinos se abastecem de víveres no país vizinho para tentar driblar a inflação, que se aproximou dos 12% no primeiro trimestre do ano e já chega aos 35% entre maio do ano passado e agora.
Apesar da queda do preço do barril de petróleo em todo o mundo, na Argentina os combustíveis acumulam um aumento de 31% desde dezembro, quando Macri assumiu como presidente. No domingo, o litro de gasolina subiu de 17 a 20 pesos (4,27 a 5,02 reais) e a Premium de 20 a 24 pesos (5,02 a 6,03 reais). Os empresários do setor argumentam que uma das razões do aumento é que os custos de produção dispararam, enquanto para o Governo a principal causa é a desvalorização do peso, que chegou aos 50% desde dezembro. “Se o consumidor considera que esses preços são altos em comparação aos outros gastos de sua economia, deixará de consumir”, disse na terça-feira o ministro da Energia argentino, Juan José Aranguren, ao defender o quarto aumento de preços do combustível em 2016.
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