quarta-feira, 2 de julho de 2014


A Folha acorda para a “esperteza” do Cantareira

2 de julho de 2014 | 12:14 Autor: Fernando Brito
cantareirafolha
A matéria mais lida, neste momento, no site da Folha de S.Paulo, no noticiário local,  é  a que diz que o Sistema Cantareira esvazia em ritmo mais rápido o que este  blog  já tinha antecipado na segunda-feira.
O que não é nenhum mérito, por as informações estão todas disponíveis, bastando se interessar pelo assunto, que não parece ser o caso mais frequente na imprensa paulista.
Mas a matéria sai mais atrasada ainda, porque o cenário que aterroriza os técnicos – o de uma queda de 0,2% diários no nível da água remanescente – já está instalado e vai prosseguir se agravando, provavelmente, em toda a primeira quinzena de julho, porque não se prevêem senão garoas esparsas na região dos mananciais do Sistema.
A água afluente no Sistema caiu a menos de míseros 2,5 m³ por segundo nos dois primeiros dias de julho e assim vai permanecer (provavelmente, piorar) por alguns dias. Em junho, a média ficou em 6,6 m³?s. Julho, nas médias históricas, ainda é um mês menos seco que agosto e setembro, mas isso é tão pouco que qualquer chuva mudaria muito o número, mas essa redução brutal equivale, em 30 dias,  a 10 bilhões de litros de água.
Como diz a Folha, acendeu uma luz de alerta na Sabesp. (Acendeu? Agora?)
Alckmin anunciou ontem novas “gambiarras”, emendando canos para aproveitar as águas dos sistemas Rio Grande e Guarapiranga no abatecimento da área servida pelo Cantareira. Agora, depois de seis meses de seca, porque preferiu soltar fumaça com a onírica transposição de águas do Rio Paraíba do Sul.
E anunciou porque está ficando evidente que o “alívio” dado à região com o desvio das águas do Sistema Alto Tietê – o segundo maior da região metropolitana – está “matando” também estes outros reservatórios, que perderam um sexto do volume – de 30,7% para 25,5% – nos últimos 30 dias. E não poderia ser diferente, porque os mananciais deste e do Cantareira estão em regiões próximas, sujeitas ao mesmo regime de (falta de) chuvas.
É claro que ninguém pode prever se e quando haverá o esgotamento das reservas do tal “volume morto”, tanto por causa do regime de chuvas ( tão pequeno que qualquer precipitação pode mudar) quanto pelo fato de que o volume previsto para o bombeamento ser impreciso, por ser feito – no caso do reservatório Jaguari/Jacareí sobre uma lâmina d’água muito fina e, portanto, estar sujeito a redução por represamentos, assoreamentos não detectados e pela própria evaporação, com temperaturas mais elevadas. Já há uma draga trabalhando em Joanópolis para “abrir” trechos da represa que estão ficando isolados.
Uma coisa, porém, é previsíbilíssima: São Paulo está sendo levada a um suicídio hídrico onde só o que se ainda vai saber é a duração do suplício.
Porque está reduzida a algo como uma pessoa que vive no limite do cheque especial, torcendo para que o “dia do pagamento” chegue antes de estourar o limite do endividamento.
E que, se conseguir, claro, já começa o mês seguinte “falida”, porque tem de repor aquela quantia e viver com o pouco que sobrar, se sobrar.
O “dia do pagamento” para Geraldo Alckmin é o primeiro turno das eleições, ou o de um eventual segundo, ideia que faz ele, por essa e por outras, tremer.
Será que ele vai receber?
Porque São Paulo, com ele ou sem ele, em outubro, novembro, dezembro ou janeiro, se não ganhar na Loteria de São Pedro, vai ficar na seca.

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