quarta-feira, 5 de março de 2014

QUER FIRCAR BEM INFORMADO? NÃO LEIA OS JORNAIS DO BRASIL ELES APENAS MOSTRAM O QUE OS EUA QUEREM


Europa receia consequências de sanções à Rússia

Europa receia consequências de sanções à RússiaAlexei Druzhinin,Reuters, RIA Novosti, Kremlin

Quando os chefes de Estado ou de Governo europeus se reunirem em Bruxelas, quinta-feira, para debater a crise na Ucrânia, a aplicação de eventuais sanções à Rússia será pesada ao milímetro, contra os custos económicos de cada uma delas para a economia da UE. Ao contrário do que sucede com os Estados Unidos, as relações económicas entre a União Europeia e Moscovo são de interdependência e qualquer medida punitiva provocará danos colaterais nas economias dos 28. Razão de sobra para que os europeus se mostrem muito mais prudentes do que os americanos, na hora de afrontar os desígnios de Vladimir Putin.

No princípio da semana, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União renovaram o apelo a uma solução diplomática para o conflito e acenaram a Moscovo com sanções económicas, no caso de não haver uma inversão da escalada na Crimeia até à data do Conselho Europeu.

A União Europeia é o maior parceiro comercial dos russos e também é o maior investidor naquele país. A Comissão Europeia estima que 75 por cento do investimento direto estrangeiro na Rússia venha da Europa. Isto poderia, à partida, representar uma enorme alavanca para pressionar Moscovo, mas a verdade é que é uma situação de dependência mútua.

Publicamente, os líderes europeus dizem que a ocupação de território ucraniano por forças pró-russas na Crimeia não ficará sem resposta. No entanto, fazem as contas e afastam do caminho os cursos de ação demasiado dispendiosos.
"Custos significativos"
É o caso da Grã-Bretanha, cujo primeiro ministro David Cameron avisou a Rússia de que enfrentaria “custos significativos” , nomeadamente, “custos políticos económicos e outras pressões”, no caso de prosseguir o seu curso de ação em relação à Ucrânia.

No mesmo dia, uma indiscrição pareceu mostrar os limites do empenhamento britânico. Um documento fotografado nas mãos de um alto responsável, a caminho de uma reunião em Downing Street, dizia que “o Reino Unido não deve apoiar, por agora, sanções comerciais ou fechar o centro financeiro de Londres aos russos”.

O mesmo documento, em grande parte legível na fotografia, confirmava que os governantes britânicos estão a considerar restrições à emissão de vistos e às deslocações de personalidades russas de relevo. No entanto, nele se afirmava que os ministros deveriam “desencorajar quaisquer discussões (por ex. na NATO) sobre preparativos militares de contingência".

O documento também contemplava a possibilidade de apoiar “trabalho de contingência da UE” no que respeita a fornecer à Ucrânia uma fonte alternativa de gás e petróleo “se a Rússia vier a cortá-los”.
Alemanha e Rússia: Interdependência é uma realidade
Se no caso de Londres é a saúde da City e do setor financeiro que provoca o temor de repercussões, no caso de Berlim são as importações e as exportações que pesam em qualquer medida que venha a ser decidida contra Moscovo.

A economia alemã está muito mais interligada com a russa do que sucede com os outros países europeus. O volume de comércio entre os dois países foi de 76,5 mil milhões de euros em 2013, (40,5 mil milhões em exportações russas para a Alemanha e 36 mil milhões no sentido inverso).

Embora Berlim seja o terceiro parceiro comercial mais importante de Moscovo, o inverso não se verifica, já que a Rússia aparece em 11º lugar entre os parceiros da Alemanha, logo atrás da Polónia.

Os alemães exportam principalmente para a Rússia maquinaria (23 por cento do total), automóveis e peças, (22 por cento), e produtos químicos (14 por cento). Em sentido contrário recebem gás natural e petróleo.

Também aqui a interdependência não é pequena. Quase 40 por cento do gás natural e 35 por cento do petróleo que a Alemanha utiliza vêm da Rússia.
Energia: o dilema da dependência
Se por um lado a economia russa depende, quase exclusivamente, da exportação de petróleo e gás (e em certa medida de cereais), também é verdade que um corte de fornecimento por parte de Moscovo, em retaliação contra as sanções, obrigaria os alemães a procurarem fontes alternativas. Estas existem, mas são mais dispendiosas, pelo que as empresas e o todo da economia germânica se iriam ressentir fortemente.

Os laços entre a economia germânica e a russa não se ficam por aqui. Cerca de 6,000 companhias alemãs têm negócios na Rússia, o que representa mais do que todos os outros países da UE somados. Cálculos recentes indicam que cerca de 300.000 empregos alemães dependam dos negócios russos.

Outros países do centro da Europa estão também fortemente dependentes do gás e do petróleo vindos de Leste. Razão para que os líderes europeus estejam a fazer tudo para favorecer a via do diálogo entre ucranianos e russos e, caso esta falhe, pareçam privilegiar, de momento, medidas simbólicas, o que chamam de sanções dirigidas contra pessoas individuais da esfera de Moscovo, evitando medidas mais abrangentes que teriam impacto na economia em geral.

Outras ações que estão a ser ponderadas passam pelo apoio económico às novas autoridades ucranianas, que já começou a materializar-se com a decisão europeia de disponibilizar a Kiev 11 mil milhões de euros para evitar a bancarrota iminente e ajudar a recuperar a economia. Este tipo de assistência  poderá ampliar-se nos proximos meses com a parceria dos norte-americanos e do FMI.
EUA dizem que sanções não funcionam sem a Europa
Menos dependentes da Rússia, os Estados Unidos parecem prontos a colocar em pratica de imediato sanções mais decisivas, que implicam congelamento de bens de bancos, instituições e indivíduos, e outras medidas que, em teoria, colocariam forte pressão sobre Vladimir Putin.

Mas os congressistas americanos que atualmente discutem as medidas avisam que estas não terão qualquer efeito se os europeus não se associarem a elas e tudo indica que, pelo menos de momento, a Europa não está preparada para ir tão longe.
fonte: rtp ( PORTUGAL)

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