Alckmin admite racionamento em SP e recorrerá de decisão que suspende multa
Agora o governador afirma que na
prática a medida foi determinada pela ANA por meio da redução da vazão
da Cantareira; enquanto isso, Sabesp assume que está reduzindo a pressão
no fornecimento
por Redação RBA, com agências
publicado
14/01/2015 13:49,
última modificação
14/01/2015 14:28
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Bruno Santos/ A2 FOTOGRAFIA
Alckmin: "Já temos a restrição estabelecida pela ANA. Não tem de ter decreto. Isto está mais do que explicitado"
São Paulo – O governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu hoje (14) que o estado enfrenta
racionamento de água. Informou que, por isso, recorrerá da decisão
judicial que suspende a cobrança de multa para quem consumir mais água. “Racionamento
já existe. Quando a Agência Nacional de Águas (ANA) determina que tem
de reduzir a vazão do Cantareira de 33 metros cúbicos por segundo (m³/s)
para 17 m³/s, é óbvio que já está em restrição. Então a medida (de
sobretaxar a tarifa de água) tem legalidade”, declarou, após cerimônia
de transmissão do comando da Polícia Militar.
Ontem (13), a juíza Simone Viegas de Moraes Leme
deferiu parcialmente o pedido de liminar da Associação Brasileira de
Defesa do Consumidor (Proteste) contra multa implementada pela Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), em vigor desde a
última quinta-feira (8). A multa foi suspensa até que o governo do
estado cumpra o que está previsto no Artigo 46 da Lei Federal 11.445,
de 2007. A lei determinada que, antes de aplicar multa aos consumidores,
o governo tem de decretar oficialmente o racionamento de água.
Alckmin questiona a necessidade de um decreto oficial
para adoção da sobretaxa. “Já temos a restrição de água estabelecida
pela ANA. Não tem de ter decreto. Isto está mais do que explicitado”,
ressaltou. Segundo o governador, antes de ser implementada a
medida foi estudada pela Procuradoria-Geral do Estado e está amparada
legalmente. “É uma questão de justiça, porque visa ao bem comum e é
necessária, em razão da questão climática”, complementou.
Sobre o tempo que o estado está em racionamento, o
governador disse que a restrição da ANA ocorre desde a metade do ano
passado. Ele disse, ainda, que o termo racionamento se refere ao fato de
que há restrição hídrica, mas negou que haja falta de água nas
torneiras. “Não tem racionamento no sentido de fechar o sistema e
abrir amanhã. Não tem e nem deve ter. Agora, restrição hídrica claro que
tem”, concluiu.
Sabesp admite que reduz pressão
A Companhia de Saneamento Básico de São Paulo
(Sabesp) assumiu hoje que reduz a pressão da água enviada às residências
das cidades de toda Grande São Paulo por conta da crise hídrica. Em seu
site oficial, a companhia estadual publicou lista com todos os
municípios onde a redução é praticada. A listagem obedece à deliberação
da Agência Reguladora de Água e Energia (Arsesp) que obrigou o governo
Alckmin a divulgar a técnica que era mantida sob sigilo desde o início
da seca.
No ABC paulista, conforme a Sabesp, residências de 88
bairros de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra
passam pela redução de pressão. Contudo, a situação nessas cidades é
ainda pior uma vez que a administração de Alckmin não divulga
informações sobre municípios que possuem autarquias como Serviço de
Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa), Departamento de Água e
Esgoto de São Caetano (DAE) e Saneamento de Mauá (Sama). Essas cidades
recebem água da Sabesp, mas a distribuição é feita pelas autarquias.
Contudo, desde o início de 2014 a gestão Alckmin reduziu o envio de água
para esses municípios prejudicando o fornecimento.
Mauá foi a primeira cidade do ABC paulista a ser
empurrada para o racionamento efetivo. Parte dos bairros mais elevados
fica sem água por vários dias ou são atendidos por caminhões pipa. A
administração da cidade teve de intervir junto à Sabesp em dezembro
passado para evitar colapso no fornecimento nos fins de semana.
Em São Caetano, a prefeitura solicitou ao estado a
mudança do sistema de abastecimento. A água enviada pela Sabesp ao
município vem do Sistema Cantareira – atualmente com 6,3% do segundo
volume morto. A intenção da gestão municipal era ser atendida pelo Rio
Grande que, com as chuvas atuais chegou 69,8% da capacidade. O governo
do estado negou a alteração.
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